Nordeste, O Sonho Da Igualdade
Sábado 22 de março de 2014, Eduardo Campos e Marina Silva estiveram em Salvador para discutir os temas da Aliança Programática do PSB/Rede. Um dos painéis foi o desenvolvimento do Nordeste.
Aconteceu aqui durante os últimos 10 anos algo historicamente inédito para o nordeste: mais de 35 bilhões de reais foram transferidos diretamente para o bolso de famílias pobres e miseráveis, através do Programa Bolsa Família. Os Programas Luz para Todos, Água para Todos, Agricultura Familiar e um Salário Mínimo de mais de 300 dólares completaram a maior operação de transferência de renda para as classes populares jamais vista em nossa história. E como assinalou a professora Tânia Bacelar esse fato não importa apenas para o Nordeste mas tem um significado nacional. Insere no mercado nacional segmentos até então inativos da economia.
Qualquer brasileiro minimamente sensível não pode deixar de reconhecer este mérito do primeiro presidente operário, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, continuado nos 2 primeiros anos da Presidente Dilma. Há, no entanto, o risco desse grande feito político, social e econômico encerrar-se em seu próprio efeito. Faz-se necessário uma análise crítica da performance econômica do Nordeste, indispensável à justa ambição nordestina de igualar-se ao Centro Sul.Não podemos deixar que o efeito positivo da redução da pobreza interdite o nosso sonho da igualdade.
Se é verdade que o crescimento do bolo da economia não significa desenvolvimento se não for acompanhado de distribuição, é verdade, também, que a distribuição sem crescimento não se sustenta. E num país de abissais diferenças regionais este crescimento para funcionar como fator de igualdade, precisa se dar a taxas maiores nas regiões de menor desenvolvimento. Ou seja, o Brasil só será mais igual se o Nordeste se desenvolver continuamente a taxas bem superiores às do conjunto da Nação, aumentando sua participação no PIB nacional. Para
chegar mais perto do Centro Sul a taxa de crescimento do Nordeste não pode manter nossa participação no mesmo percentual, ou crescer muito pouco, em relação ao PIB nacional. E, infelizmente, foi isso que aconteceu.
A participação no PIB dos estados do Nordeste durante 15 anos continuou praticamente igual, vindo a variar de 12,1% para 13,5% em 2013, maior crescimento da série histórica que se iniciou em 1995. Isso quer dizer que o Nordeste, na melhor das hipóteses, cresceu apenas
igual ao Brasil, exceção para o ano de 2013 que o Nordeste cresceu 3,12% e o Brasil 2,2%. Ou seja, o Nordeste só cresceu mais porque o Brasil praticamente não cresceu.
Domingos Leonelli
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