Governo Bolsonaro versus Amazônia 4.0

Por Domingos Leonelli*

Os estímulos do governo de Jair Bolsonaro ao desmatamento da Floresta Amazônica são mais um crime de lesa-pátria. O governo e seu desastrado e intelectualmente desonesto Ministro do Meio do Ambiente, Ricardo Salles, estão destruindo um trabalho de décadas conduzido por cientistas, pesquisadores e defensores da floresta. Nada justifica a devastação de quase 10 mil km2 da Floresta Amazônica em menos de um ano. Nada.

Não se trata apenas de uma argumentação ambiental ou ecológica. Nem de preservar o verde de nossa Bandeira Nacional – que neste 19 de novembro de 2019 celebra 130 anos de criação – que esse bando neofascista usa e abusa em manifestações.

São questões, acima de tudo, econômicas, que vão desde as ameaças às nossas exportações até o mais grave crime de depredação de um dos nossos mais importantes ativos competitivos: a BIODIVERSIDADE.

Realmente, nas novas cadeias globais de valor da economia do conhecimento os ativos biológicos têm valor crescente. As indústrias agroflorestais de ponta, tecnologicamente avançadas, podem se constituir numa oportunidade única de avançarmos numa área em que possuímos um verdadeiro diferencial competitivo.

A floresta rende mais em pé do que derrubada. Gera mais valor agregado pela exploração da biodiversidade do que transformada em pasto ou em plantações de soja. Tomemos apenas um exemplo: o açaí gera cerca de 1.500 dólares por tonelada para produtores, enquanto a soja rende, no máximo 200 dólares por tonelada. E o açaí poderia gerar muito mais caso os mais de 50 produtos dele derivados e que estão sendo criados no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), fossem criados e processados industrialmente aqui.

É desta Amazônia 4.0 que nos fala o professor Carlos Nobre, citado no documento que servirá de subsídio para a Autorreforma do PSB, assunto que será debatido durante a Conferência Nacional da Autorreforma do PSB, de 28 e 30 de novembro de 2019, no Rio de Janeiro (RJ).

* Integrante da Executiva Nacional do PSB, presidente do Instituto Pensar e coordenador do site Socialismo Criativo