Na ONU, jovens pedem fim dos combustíveis fósseis
Um dia depois que milhares de pessoas marcharam pelo mundo de Nova Iorque a Nova Deli, de Santiago a São Francisco pedindo ações urgentes pelo clima, mais de 600 jovens participaram da Cúpula da Juventude para o Clima, no sábado (21), em Nova Iorque.
Para eles, é necessário que os líderes políticos façam mudanças radicais no uso de combustíveis fósseis e rumo a energia limpa, proteção dos oceanos e promoção do consumo sustentável.
É o primeiro encontro da ONU reunindo jovens que se dedicam à ação pelo clima, que tem por objetivo dar voz às demandas da juventude por ações rápidas para que não se revertam os ganhos de desenvolvimento das décadas recentes, que melhoraram a vida de milhões de pessoas.
Organizada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Cúpula da Juventude pelo clima reuniu jovens de mais de 140 países e territórios para compartilhamento de soluções num palco global e para dar um recado claro aos líderes mundiais: precisamos agir agora para as mudanças climáticas.
Os resultados do encontro serão encaminhados para a Cúpula da Ação do Clima, que reunirá chefes de estado e de governo, dirigentes de empresa e líderes da sociedade civil a partir desta segunda-feira (23).
Guterres classificou esta geração de jovens como essencial para combater a crise global e disse que ainda estamos perdendo a corrida para as mudanças climáticas. "Mas estamos num impulso de mudança, graças à iniciativa de Greta Thunberg e a coragem com que ela começou este movimento, afirmou o secretário-geral para a jovem ativista sueca de 16 anos.
"Milhões de pessoas ao redor do mundo estão dizendo claramente que querem mudanças, que os tomadores de decisão precisam mudar e que eles devem ser responsabilizados, afirmou Guterres.
Jayathma Wickramanayake, enviada do secretário-geral para a Juventude, lembrou que a mudança climática é o assunto determinantes do nosso tempo. "Milhões de jovens em todo o mundo já estão sendo afetados. Se não agirmos agora, o impacto será severo, alertou.
A Cúpula teve um formato diferente, com discussões e sessões de perguntas e respostas lideradas por moderadores e jovens. Entre os participantes estavam os 100 vencedores do bilhete verde, incluindo o brasileiro João Henrique Alves Cerqueira.
Jovens vozes "Milhões de pessoas em todo o mundo saíram as ruas e pediram real ação pelo clima, afirmou Greta Thunberg. "Mostramos que estamos unidos. E que somos jovens e invencíveis, encorajou a jovem aos demais participantes.
A representante das Ilhas Fijij Komal Kumar foi incisiva no seu recado aos líderes mundiais: "Somos seres humanos, somos comunidades. Demandamos ação. Chega de perder tempo. Vocês serão responsabilizados. E se vocês não lembrarem, nos mobilizaremos para retirá-los pelo voto, alertou.
Wanjuhi Njoroge, ativista do Quênia, destacou os progressos de recuperação florestal em seu país e avaliou que as iniciativas lideradas pelos jovens "causarão uma revolução: "Precisamos que nos permitam influenciar nas decisões climáticas. Os Estados-membros precisam respeitar nossa liberdade de expressão, inclusive online.
O ativista argentino Bruno Rodriguez declarou que as mudanças climáticas "são a crise política e cultural de nosso tempo. "Não queremos mais combustíveis fósseis, disse. Ele agradeceu a oportunidade dada pela ONU em incluir as vozes de sua geração no processo para "construir caminhos para um planeta mais habitável.
Rodrigues afirmou que a ciência é clara e os líderes mundiais têm obrigação de fazer uma mudança radical. "Vamos parar de pedir que os líderes mundiais apenas ouçam a ciência e demandar que eles atuem com base na ciência, disse.
Guterres concordou que um problema dos líderes mundiais é que eles "falam muito e ouvem pouco. "É ouvindo que aprendemos, lembrou o secretário-geral.
"Encorajo vocês a continuarem. Continuem se mobilizando e cada vez mais responsabilizando minha geração, que falhou enormemente até agora em preservar a justiça no mundo e em preservar o planeta. Tenho netas. Quero que elas vivam num planeta habitável. É a sua geração que deve nos fazer responsáveis para garantir que nós não traiamos o futuro da humanidade, afirmou a liderança da ONU.
Jayathma Wickramanayake enfatizou que a ação climática precisa ser justa. "Precisamos garantir que ninguém, especialmente os jovens, seja deixado para traz, afirmou, lembrando que a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são o modelo para que o mundo alcance o desenvolvimento sustentável até 2030 e que a ação pelo clima (ODS 13) é crucial para isto.
A Cúpula da Juventude pelo Clima teve uma programação de dia inteiro no sábado (21), reunindo jovens ativistas, inovadores, empreendedores e agentes da modificação comprometidos em combater as mudanças climáticas numa velocidade e escala necessárias para o desafio climático.
Aquecimento global As emissões globais estão aumentando, as temperaturas estão subindo e os impactos das mudanças climáticas são crescentes. As mudanças climáticas já estão afetando a vida de todas as pessoas mas para 1,8 bilhão de jovens com idades entre 10 e 24 anos, o tema é mais urgente, já que irá afetar suas vidas de modo nunca antes visto. Para a geração mais jovem está mais claro do que nunca a necessidade urgente de uma ação climática.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial o mundo está enfrentando o período de cinco anos mais quentes já registrando. A temperatura média global entre 2015 e 2019 é a mais quente de todas e está 1,1º C acima do período pré-industrial. Ondas de calor duradouras e generalizadas, incêndios recordes e outros eventos devastadores, como ciclones tropicais, enchentes e estiagens têm impactado o desenvolvimento sócio econômico e o meio ambiente.
As geleiras marítimas continuam a diminuir, o nível do mar está aumentando e a água marinha está se tornando mais ácida. Insegurança alimentar e impactos na saúde são crescentes mas o mundo continua a investir em combustíveis fósseis.
O programa culminou com a divulgação da Plataforma de Estado da Juventude e a Plataforma ActNow, que encorajam pessoas a tomar atitudes pela mudança climática. Ao encerrar o encontro, a vice-secretária-geral Amina Mohammed participou de um debate com os participantes e representantes de alto nível de governos e da sociedade civil.
Fonte: ONU Brasil
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