Discurso de Lula na COP27 traz o Brasil ao cenário da diplomacia internacional
por: Da Redação
Por Tiago Lima Carvalho ? Especialista em Direito Internacional e secretário de Formação Política da JSB Pernambuco
Convidado do governo egípcio para a COP 27, Lula falou sob os olhos atentos da imprensa mundial por cerca de 30 minutos. Em seu discurso, o petista esbanjou racionalidade e bom senso, valores há tempos em falta na delegação brasileira. O Brasil está mesmo de volta!
A presença de Lula na COP 27 é recheada de simbolismo. Se antes o Meio Ambiente era uma pasta de menor relevância no gabinete ministerial, o próprio Presidente da República foi taxativo: "o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo?.
A declaração de Lula deixa claro que o ministro do Meio Ambiente, o eventual ocupante do posto de Enviado Especial para o Clima (ou Autoridade Climática) e os órgãos de controle ambiental gozarão de prestígio político e orçamentário robustos, ao lado de áreas sempre prestigiadas.
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Ao longo de seu discurso, o petista retomou um viés que é uma marca de sua personalidade: a desigualdade social. Segundo o futuro chefe de Estado brasileiro: "a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza, e por um mundo menos desigual e mais justo?.
Além de dizer que o "Brasil está de volta [ao sistema internacional]? Lula aproveitou a COP para afirmar que está "aberto à cooperação internacional para preservar nossos biomas, seja em forma de investimento ou pesquisa científica? sem abrir mão da soberania do País na Amazônia.
Ainda no campo diplomático, ao propor uma aliança mundial em prol da segurança alimentar com responsabilidade climática, Lula fez acenos aos países sul-americanos a partir da realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica que envolve Ainda no campo diplomático, ao propor uma aliança mundial em prol da segurança alimentar com responsabilidade climática, Lula fez acenos aos países sul-americanos a partir da realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica que envolve Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
O objetivo da reunião será, segundo o próprio Presidente Eleito, abrir a possibilidade para que os países dela participantes "possam, pela primeira vez discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática?.
O segundo anúncio estratégico já era especulado: Lula disse que lutará para que o Brasil ? mais precisamente um estado da região amazônica ? possa sediar a COP 30, a ser realizada no ano de 2025. Jair Bolsonaro, lembro, declinou a oportunidade de o Brasil sediar a COP25, em 2019.
Ademais, num derradeiro, mas não menos importante recado, Lula colocou a questão ambiental no centro das discussões do G20, cuja reunião será realizada no Brasil em 2024, já sob a sua liderança, numa reafirmação de que a questão ambiental estará no cerne de seu próximo governo.
Ao afirmar que cobrará os compromissos assumidos pelos países ricos em conferências anteriores, sobretudo na instituição do fundo de ajuda aos países pobres no enfrentamento da mudança climática, Lula usa a carta de potência ambiental de que dispõe o Brasil e empareda Estados Unidos , União Europeia e a China.
Em um impecável discurso, Lula foi capaz de reposicionar o Brasil no debate internacional sobre os assuntos relacionados à mudança climática e a proteção do meio ambiente, além de focar na redução das desigualdades, citar multilateralismo e abraçar o continente latino-americano.
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