Instituto Pensar - Eleições 2022: mulheres representam 33% das candidaturas no Brasil

Eleições 2022: mulheres representam 33% das candidaturas no Brasil

por: Ana Paula Siqueira 


Candidaturas femininas seguem como minoria. Imagem: Pixabay

Três por cento a mais que o mínimo. Esse foi o alcance de candidaturas femininas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2022, que chegou a 33% com apenas 9.406 candidaturas de mulheres em um universo de 28.274 candidaturas, apesar de ser a maioria da população, com 53% do eleitorado. Logo, será mais uma eleição em que, independente de quantas forem eleitas, a sub-representação será a vencedora novamente. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), contudo, quer mudar essa realidade.

Para isso, o partido tem trabalhado para consolidar quadros de representatividade, com nomes que podem ser a voz feminina nas esferas de poder, o que vai na contramão do atual cenário político que tem preferido as mesmas candidaturas masculinas.

Na Câmara, por exemplo, a filiação da deputada Tabata Amaral (SP) ao PSB, em 2021, representa o fortalecimento desse posicionamento. Várias ações se somam para aumentar a nossa representatividade.

Em julho, a Executiva Nacional do PSB aprovou resolução sobre a distribuição de recursos para as candidaturas socialistas. Ficou definido que 80% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha será distribuído para as campanhas proporcionais aos cargos de deputado Federal, que terão prioridade estratégica e, na medida do possível, aos cargos de deputado estadual e deputado distrital.

Os demais 20% dos recursos serão destinados para as campanhas majoritárias aos cargos de vice-presidente da República, governador, vice-governador e senador, já incluídos os valores destinados ao segundo turno das eleições majoritárias.

Além disso, o valor total do FEFC será distribuído proporcionalmente ao número total de candidaturas de cada sexo em âmbito nacional, independentemente do cargo em disputa, reservando-se, no mínimo, 30% dos recursos ao sexo com menor percentual de candidatos.

Das 1.271 candidaturas lançadas pelo PSB nestas eleições, 421 são de mulheres.

Preparação para as eleições

A Fundação João Mangabeira (FJM), por exemplo, oferece o curso virtual "Jornada Plena do Voto? para mulheres candidatas do PSB, de 8 de agosto a 2 de setembro, pelo aplicativo Zoom Meetings.

Com duração de uma hora, as reuniões têm o objetivo de estimular a organização interior e geração de energia para o enfrentamento de um período importante às mulheres socialistas que disputarão cargos eletivos em 2022.

Candidatas x eleitoras

De acordo com o TSE, das 12 candidaturas à presidência, apenas 4 são de mulheres. Dos 223 candidatos a governador, 38 são mulheres. Para o Senado, foram registradas 235 candidaturas e apenas 53 de mulheres.

Para deputado federal, foram 10.271 candidaturas e apenas 3.543 de mulheres; deputado estadual, 16.233 e 5.530 de mulheres; e deputado distrital 591 candidaturas e somente 205 de mulheres. Quando se compara os números de candidaturas de mulheres com o de eleitoras, dá para ter uma noção melhor da discrepância.

Os dados do TSE também mostram que dos 156.454.011 de indivíduos que poderão votar em outubro, 82.373.164 são do gênero feminino e 74.044.065 do masculino. O número de eleitoras representa 53% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47%.

Quando se compara os números de candidaturas de mulheres com o de eleitoras, dá para ter uma noção melhor da discrepância.

Para se ter uma ideia, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados que concentram quase metade do eleitorado brasileiro (42,64%). São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, com 34.667.793 de votantes, 22,16% do total do país. Desse total, 18.395.545 são mulheres e 16.255.921 homens.

Realidade que se repete em Minas Gerais, que reúne 16.290.870 pessoas aptas a votar, sendo 8.505.582 mulheres e 7.778.969 homens. O mesmo ocorre no Rio, com 12.827.296 eleitores sendo 6.916.729 são do gênero feminino e 5.900.224 do masculino. Minas Gerais e Rio de Janeiro detêm, respectivamente, 10,41% e 8,2% do eleitorado nacional. Situação que se repete em todo o país.

O número de eleitoras também é maioria no exterior. Das 697.078 pessoas que moram fora do país e se habilitaram para votar para o cargo de presidente da República, 408.055 (59%) são mulheres e 289.023 (41%) são homens.

Vitória da sub-representação

Nas eleições gerais de 2018, apenas 6 das 81 cadeiras do Senado foram ocupadas por mulheres. O mesmo aconteceu na Câmara dos Deputados, com apenas 77 das 513 vagas sendo ocupadas por mulheres. E, apenas uma governadora eleita em todo o país: Maria de Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte.

Como destaca a Organização das Nações Unidas (ONU), nós mulheres representamos "apenas 15% de parlamentares, 11% de ministros, e só ocuparam o cargo de chefe de Estado uma vez no país.?

Está enganado quem acredita que apenas as mulheres são beneficiadas com a representação feminina nos espaços de poder.

"A equidade de gênero na política é importante não apenas para as mulheres, pois tem também amplas implicações econômicas e sociais. Uma maior representação feminina está ligada a maior estabilidade e inclusão econômicas, melhores resultados democráticos e níveis mais elevados de paz e prosperidade. No Brasil, o aumento da participação política de mulheres em nível local também demonstrou reduzir a violência de gênero?, afirmou à ONU News a especialista-sênior em gênero do Banco Mundial, Paula Tavares.



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