Instituto Pensar - QUATRO TENDÊNCIAS PARA A COMUNICAÇÃO DIGITAL EM 2019.

QUATRO TENDÊNCIAS PARA A COMUNICAÇÃO DIGITAL EM 2019.

Por Ricardo Maruo em 05/12/2018.

Ontem estive em Brasília (DF), a convite da Assessoria de Comunicação do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), para falar um pouco sobre as tendências na comunicação digital para 2019. Confesso que este tema sempre será bem delicado para mim, não pelo assunto em si, mas pelo estigma que leva. Quando falamos em "tendências” o senso comum é logo pensar em prever o futuro, só que esse pensamento não tem nada a ver. Tendência está mais ligado a uma predisposição dos eventos do que a uma previsão dos mesmos. Por isso não é correto dizer que tudo irá se concretizar em 2019, afinal não temos controle sobre os eventos. As tendências podem se tornar realidades mais rapidamente ou não.

Bom, mas independente das definições tenho quatro pontos que podem interessar aos leitores. Principalmente àqueles que trabalham com Comunicação Pública. Vamos lá.

1º – Whatsapp e Podcast

Não preciso dizer o quanto o Whatsapp foi a plataforma que mais brilhou na última eleição presidencial. O ponto é que, de todas as informações que circularam na rede os vídeos e áudios dominaram o formato da comunicação. Não à toa. Estes formatos são mais dinâmicos e muito mais adaptáveis ao consumidor final. E tendem a crescer mais nos próximos anos.

Entendendo estes pontos, vamos ao podcast. Quem não sabe o que é deixo aqui um LINK do site Mundo Podcast que explica direitinho. Por muito tempo, produtores de conteúdo em áudio se empenharam em popularizar a mídia, mas sempre acabavam morrendo na praia. Até que, em setembro deste ano, o Spotify deu uma mega ajuda acoplando os programas à plataforma (confira neste link e neste também). Essa iniciativa tende a popularizar a mídia e ampliar o consumo de áudio digital. Até o Ministério da Saúde aderiu à mídia (LINK).

Uma das tendências para os próximos anos é a utilização de estratégias de áudio para Whatsapp, que vão desde um simples drops de 30 segundos a programas mais complexos.

2º – Big Data e Small Data

Nos últimos anos ouvimos muito falar sobre Big Data. O termo chegou ao Brasil e ficou muito associado a uma ferramenta que descobre os hábitos dos consumidores e revolve problemas de vendas, ou mesmo ganha as eleições. A verdade é que o Big Data não é uma ferramenta, ele está mais para uma série de metodologias do que para algo palpável. Além disso, devido a muita especulação, ele está cada vez mais se transformando em um grande elefante branco. Muitas pessoas falam sobre o assunto, todos os dias aparecem um milhão de cursos sobre o tema e muitas empresas que vendem soluções de Big Data a preços estratosféricos. Os resultados? Eles nem sempre batem as expectativas.

Agora, se muito é dito sobre Big Data, pouco se fala sobre o Small Data. Deixo aqui um LINK do site Big Data Business sobre a diferença entre as duas metodologias. Resumindo, o Small Data trabalha com uma pequena quantidade de dados. E isso é bom? Depende do seu objetivo.

Como o tema aqui é falar sobre tendências, um movimento interessante que começa a ocorrer é a utilização de Small Datas em grupos de nicho para entender comportamentos escondidos. Por exemplo, entender como seria o comportamento das funcionárias se vissem uma outra colega de trabalho sendo assediada. Este exemplo permite separar as respostas em setores, em idade, em tempo de empresa e grau de instrução, entre muitas outras características. E também permite fazer um comparativo se a mesma pergunta for lançada aos homens. Tudo isso pode ser implementado na própria intranet da empresa. Com a metodologia correta os resultados permitem antecipar comportamentos e atuar de forma colaborativa. Na área de comunicação o Small Data é importantíssimo para gerar insights de conteúdos de nicho.

3º – Soluções Open Source Colaborativas

Como nosso último tópico foi sobre o Big Data e Small Data, deixo na sequência uma tendência que eu, particularmente, acho uma das mais importante. Mesmo que não tenha uma relação direta com a Comunicação.

Soluções de código aberto (open source) existem desde os anos 90. Porém, com o crescente aumento dos dados estruturados algumas iniciativas começam a surgir e dão um novo panorama aos serviços colaborativos. Não há como negar que empresas como Amazon, Google, Facebook, Netflix, Nike e tantas outras se beneficiam com os gigantescos bancos de dados que possuem e aproveitam para aperfeiçoar seus produtos e serviços, ganhando cada vez mais espaço no mercado. Google e Facebook já liberam alguns APIs para que desenvolvedores do mundo todo criem novos produtos a partir das interfaces de programação. Foi mais ou menos o que aconteceu com o Waze e a API do Google Maps.

Bem, voltando às tendências, em setembro deste ano foi anunciada que a Ford, em parceria com a Uber e a Lyft, criaram uma plataforma de dados público-privados projetada para ajudar a reduzir os problemas de transporte urbano no mundo. Ela se chama SharedStreets. Os dados oferecidos pelas três empresas darão às cidades a possibilidade de criar novas ferramentas para gerir congestionamentos, diminuir emissão de gases de efeito estufa e reduzir crises no trânsito. Entenda melhor como o SharedStreets vai funcionar no site da FORD.

4º – Robôs Sociais e cidadania

Assim como o Big Data outro termo que teve muita evidência nos últimos anos foi o bot, ou robô. Na última eleição o termo social bots foi muito associado a fake news. Mas eles são mais do que isso.

Os social bots existem desde de 2010 e seu crescimento tem sido bem exponencial. No Brasil, tirando a questão dos perfis falsos para gerar fake news, o uso mais frequente dos bots tem sido algo semelhante a um call center, principalmente nas páginas do Facebook. Os robôs são programados para perguntar e responder questões específicas com um script preparado, ajudando a filtrar o atendimento digital. Você já deve ter encontrado um por aí.

O que trago como tendência é a aplicação desses robôs para questões de cidadania. Um bom exemplo disso é a Betânia. Um robô feminista que foi criada para receber denúncias de violência contra as mulheres por meio de chat no Facebook. Além disso a Betânia também fornece informações sobre as lutas feministas que estejam sendo debatidas no Congresso. Outro exemplo interessante é o robô do coletivo Operação Serenata de Amor, que audita em tempo real a prestação de contas de deputados federais e senadores ao Tribunal de Contas e avisa em seu perfil, no Twitter.

Para terminar, deixo aqui o que eu disse lá no início do texto. Não é correto dizer que todas essas tendências vão se concretizar em 2019, pois não temos controle sobre os eventos. Mas vale ficar de olho e aproveitar o início desta onda.

RICARDO MARUODiretor de planejamento estratégico digital da Área Comunicação. Atua a mais de 20 anos no mercado digitais, principalmente nas áreas de inovação, data science e novos negócios. Palestrante profissional, professor na PUC-SP, especialista em psicologia comportamental e criador do projeto Mulheres Digitais.



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