Instituto Pensar - ?Falta transparência nas Forças Armadas?, afirma Elias Vaz

?Falta transparência nas Forças Armadas?, afirma Elias Vaz


Deputado Elias Vaz. Foto: PSB na Câmara

Com o escândalo envolvendo as Forças Armadas, o mote do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o Brasil "está há 3 anos sem corrupção? ganhou, recentemente, novas roupagens. Passou para "não há denúncias consistentes de corrupção? e "se aparecer corrupção, que pode acontecer, ajudaremos a esclarecer os fatos, mas corrupção orgânica nunca mais?.

O ajuste no discurso presidencial se dá por conta de denúncias de compras injustificadas e superfaturadas, além de casos de desvio de dinheiro. Em abril, por exemplo, veio à tona o gasto de R$ 56 milhões na compra de filé, picanha e salmão para integrantes do Exército e da Marinha. Também foi publicizada a aquisição de 11 milhões de unidades de Viagra e 60 próteses penianas destinadas a militares.

As irregularidades foram levantadas pelo gabinete do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO). Na avaliação do parlamentar, há uma clara tentativa ? especialmente por parte da caserna ? de camuflar dados. "Tenho respeito pelas Forças Armadas, mas meu papel constitucional é fiscalizar os atos do Executivo. E as Forças Armadas não estão fora disso. Infelizmente, nós estamos detectando muitos processos de corrupção?, destacou.

Em entrevista ao Correio Braziliense, Vaz falou dos questionamentos que recebeu por conta do trabalho e como enxerga as consequências da postura de negação do presidente Jair Bolsonaro diante das denúncias.

"Para mim, quem está, na verdade, comprometendo a imagem das Forças Armadas é o presidente Bolsonaro. Inclusive, com efeitos colaterais, com o empoderamento de pessoas que não têm compromisso com as Forças Armadas, com desvios éticos. A corrupção é muito mais reflexo de um empoderamento que acha que essas instituições estão acima das leis de uma forma geral, acima de tudo e pode tudo a qualquer custo. O que a gente pega aqui são dados concretos. E podemos enumerar várias situações que comprovam irregularidades nas Forças Armadas. Todos os dados que nós levantamos são de portais oficiais do governo, ou Portal da Transparência, ou portal de preços do Ministério da Economia.? Elias Vaz

O parlamentar afirma que há uma tentativa de camuflar os dados, que são concretos, já que as Forças Armadas não deixam claro o que está acontecendo.

"Dizem que estão desenvolvendo um processo de fabricação do Viagra. E aí a gente faz um questionamento: que critério é esse? Por que eles estão fazendo esse produto? Há uma falta de transparência concreta. A gente fez um convite para o ministro, e ele marcou só para agora, em junho, vir responder a uma situação que aconteceu no fim de abril. Certamente, para preparar argumentos, porque ele vai ter de preparar muita coisa. Realmente, acho difícil ele explicar toda essa situação que estamos denunciando?, frisou Elias Vaz.

Quando perguntado sobre a possiblidade de uma CPI ser instaurada para investigar as irregularidades denunciadas por seu gabinete, Elias Vaz foi categórico ao afirmar que por conta do chamado orçamento secreto, o Congresso Nacional estaria se curvando diante da relação da política do "toma lá, dá cá? com o governo federal.

"A gente tem um Congresso, no seu conjunto, omisso. Não na sua totalidade, porque há uma parcela que é atuante, atenta a esse tipo de situação, mas que, infelizmente, não é um número suficiente para fazer as investigações que deveriam ser feitas.?

O deputado finalizou ressaltando que o caso do "orçamento secreto? deveria ser investigada por uma Comissão Parlamentar (CPI). "Esse orçamento secreto é um escândalo. Por si só, sangra o Congresso na sua essência de existência, que é ter independência, fiscalizar os atos do Executivo. E a tudo isso você vai renunciando na política do ?toma lá, dá cá?.?

Com informações do Correio Braziliense




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