Peru: crise política agrava e afeta crescimento do país
por: Igor Tarcízio
O clima de instabilidade política no Peru vem se agravando no governo do presidente Pedro Castillo (Perú Posible) e afetando diretamente no crescimento do país. De acordo com a CNN, desde que tomou posse, em julho do ano passado, o mandatário vem sofrendo acusações de todos os lados: opositores afirmam que Castillo praticou corrupção e tráfico de influência; caminhoneiros fecharam estradas devido ao reajuste no valor de combustíveis e diversas classes ? como professores, operários e indígenas ?, vão às ruas para expressar a insatisfação com o aumento do custo de vida no país sul-americano.
Com o clima de tensionamento no Peru e a pressão multidirecional no governo, Castillo é tido como "pivô? da crise. Em apenas oito meses de mandato, o líder peruano já sofreu duas tentativas de impeachment.
No meio da briga com a oposição, o presidente apresentou propostas para melhorar a gestão, mas o resultado ainda não é sentido pela população.
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"Pedro Castillo tem menos de 20% do controle do Parlamento. A crise está anunciada: pouco apoio popular e grande resistência parlamentar às suas propostas de ampliação do poder do estado no Peru?, explica Leandro Trevisan, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Histórico peruano
Este é mais um capítulo de uma situação que os peruanos já viram outras vezes. Um dos episódios mais marcantes aconteceu em abril de 1992, quando o então presidente Alberto Fujimori ? que havia sido eleito dois anos antes ?, dissolveu o Congresso Nacional, suspendeu a Constituição e fechou a Suprema Corte de Justiça.
O chamado autogolpe de Fujimori o manteve no poder por mais oito anos, em um período marcado pelo assassinato de opositores e corrupção.
Fujimori foi julgado por crimes contra a humanidade, improbidade administrativa e corrupção, e pegou pena máxima do país: 30 anos. O fim do regime de Alberto Fujimori, no ano 2000, não significou a volta de uma democracia saudável no Peru.
Desde então, o país teve nove presidentes: três deles estão presos por causa de atos de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht e outro ex-presidente, Alan Garcia, também acusado de corrupção, cometeu suicídio.
Principal problema: crise econômica
Hoje, a crise econômica é o que mais preocupa o país. Agora em 2022, a inflação no Peru sobe a um ritmo acelerado, que ultrapassa 1% ao mês. Algo que não se via desde 1997.
Para a economista peruana Ana Reategui, Castillo enfrenta um dos piores cenários políticos e econômicos do país, desvalorizando a moeda local e elevando preços de produtos básicos. "Altas taxas de inflação, estimativas de crescimento de produto caindo e, sobretudo, muitas incertezas em relação para este ano e também para 2023, que todos pensamos que seria um ano muito mais calmo e hoje não temos tanta certeza?, avaliou a economista.
Os problemas econômicos que o Peru enfrenta hoje são muito parecidos com os de outros vizinhos sul-americanos. Um deles é a dependência excessiva da exportação de matéria-prima.
O país tem uma importante produção de zinco e cobre, fundamentais para a indústria. A mineração representa pouco mais de 14% da economia. O problema é que o faturamento com a venda de commodities oscila conforme a cotação no mercado internacional.
A esperança é que a produção industrial continue no caminho para voltar aos padrões pré-pandemia. Tanto o zinco quanto o cobre têm batido recordes de valor na cotação internacional por causa do reaquecimento da demanda.
Para a economista Anapaula Davila, a retomada da economia passa pela estabilização política do país.
"É uma divisão da população, é uma divisão das lideranças que leva a uma fragmentação que faz com que o país fique atrasando as decisões. Então, o país não tem tranquilidade. Não tem a menor dúvida que tanta instabilidade afasta o capital?, explicou.
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