Ucrânia: As várias faces da guerra
Apenas um dia após o presidente Vladimir Putin ordenar uma invasão militar em larga escala da Ucrânia, tropas russas alcançaram Kiev, a capital do país vizinho. Já são, ao menos, 137 mortos e 316 feridos.
As comparações com os períodos que antecederam as Guerras Mundiais e o temor que causam são inevitáveis. Mas pesquisadores acreditam que o drama humano são o maior ponto de convergência entre os conflitos.
Somado a isso, a diferença no poderio bélico entre Rússia e Ucrânia ? mais as distorções históricas e mentiras propagadas, especialmente, pelo presidente russo Vladimir Putin -, que também proíbe manifestações contra a invasão ao país vizinho. Já são mais de 1,8 pessoas detidas por irem às ruas se opor à guerra.
Na Ucrânia, todos os homens entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar o país e podem ser convocados para o combate a qualquer momento.
O ministro da Defesa, Alexei Yurievich Reznikov, também convocou maiores de 60 anos "que estejam mental e fisicamente prontos a resistir e vencer o inimigo?.
E pediu que os "moradores pacíficos? da região tenham cuidado e não saiam de casa.
A determinação veio após o início dos ataques, com a decretação da Lei Marcial, que substitui leis e autoridades civis por militares.
Destruição e despedidas de maridos e pais que deixam suas famílias são algumas das cenas mais vistas após a invasão do país.
É o caso de Vlad, de 28 anos, fotografado pela agência Associated Press no momento em que ele se despede de seu filho, Danya, de 2 anos, nos braços da mãe, Tatiana, de 26 anos, que como tantos outros, tentam deixar o país.
Para quem está impedido de deixar o país, um canal de TV deu instruções de como preparar coquetéis molotov.
"Pedimos aos cidadãos que nos informem sobre os movimentos de tropas, façam coquetéis molotov e neutralizem o inimigo?, diz um texto publicado pelo Exército.
Em meio a tudo isso, imagens de bebês recém-nascidos levados para um abrigo antibomba no subsolo de um hospital circulam pelas redes.
Arsenal da Rússia contra Ucrânia
O Ministério da Defesa ucraniano afirmou que militares russos se posicionaram no distrito residencial de Obolon, em Kiev, que fica apenas 9 km do Parlamento ucraniano, no centro da cidade. Relatos de bombas e sons de explosão pipocam nas áreas invadidas.
De acordo com a CNN, há uma enorme disparidade entre os exércitos dos dois países, conforme listado pela agência abaixo:
Orçamento militar de 2021
Ucrânia: U$ 4,1 bilhões
Rússia: US$ 45,3 bilhões
Tropas ativas
Ucrânia: 219 mil soldados
Rússia: 840 mil soldados
Aeronaves de combate
Ucrânia: 170
Rússia: 1.212
Helicópteros de ataque
Ucrânia: 170
Rússia: 997
Tanques de guerra
Ucrânia: 1.302
Rússia: 3.601
Armamento antiaéreo
Ucrânia: 2.555
Rússia: 5.613
País isolado
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o Ocidente e a Otan deixaram a Ucrânia isolada e que as sanções impostas à Rússia não são suficientes para barrar a invasão.
"Nos deixaram sozinhos para defender nosso Estado. Quem está disposto a lutar conosco? Não vejo ninguém. Quem está disposto a dar à Ucrânia uma garantia de adesão à Otan? Todos estão com medo?, afirmou Zelensky em pronunciamento transmitido pela TV.
De outro lado, a China resolveu se manifestar.
Leia também: Como termina a crise na Ucrânia
O gigante asiático se posiciona contra todas as sanções "unilaterais e ilegais? à Rússia, disse o Ministério de Relações Exteriores do país, nesta sexta-feira (25).
Embora a China reconheça a soberania da Ucrânia, não classificou o ataque russo como invasão.
Após críticas de Estados Unidos e Austrália, a China reafirmou que vai manter a cooperação e o comércio com a Rússia "baseados no mútuo respeito e benefício?.
Putin tenta desqualificar Ucrânia
Para justificar os ataques, Putin fez um pronunciamento longo transmitido pela TV russa. Além do reconhecimento das autoproclamadas "repúblicas populares? de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, Putin distorceu a história.
"A Ucrânia moderna foi criada inteiramente pela Rússia, mais precisamente pelos bolcheviques, a Rússia comunista?, disse Putin.
O que rebatido por historiadores consultados pela DW.
"Diante do longo movimento nacional ucraniano, é um absurdo dizer que a Ucrânia é um produto dos bolcheviques, ou seja, da era soviética?, diz historiador Joachim von Puttkamer, que leciona História do Leste Europeu na Universidade de Jena, Alemanha.
Lenin reagiu a um movimento pela independência ucraniana e à formação de um Estado próprio, e não o criou, completa o professor.
Sem explicar o que seriam "tradições de um Estado estável?, Putin também acusou a Ucrânia de optar "por uma imitação imprudente de modelos estrangeiros que nada têm a ver com a história ou com as realidades ucranianas.?
Putin ignorou completamente as tentativas ucranianas de se tornar uma nação independente ? mesmo antes da formação da União Soviética ? e foi impedida também pelo antigo bloco.
Com informações do g1, O Globo, DW, Onu News
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