Instituto Pensar - Em defesa do PSB e da Federação

Em defesa do PSB e da Federação

por: Domingos Leonelli 


Domingos Leonelli. Foto: PSB

O PSB vem sendo atacado sistemáticamente por colunistas, editores, jornalistas e dirigentes ligados ao PT com acusações tipo: "o PT está perdendo a paciência com o PSB? na questão da Federação que seria composta pelo próprio PT, PCdoB, PV e PSB. Temas como o apoio a Aécio Neves e ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff, são maldosamente levantados como parte de uma narrativa histórica distorcida que liga a ascensão de Bolsonaro exclusivamente ao impeachment.

Como se 11 milhões de desempregados não tivessem acontecido no governo petista que tinha o banqueiro Joaquim Levi como Ministro da Fazenda. Desconhecem a história dos seus próprios erros, cometidos em grande parte com o conjunto da esquerda, inclusive o PSB, e apontam exclusivamente os graves erros cometidos pelo PSB em passado recente.

Nós, do PSB, reconhecemos esses erros e fazemos nossa parte na autocrítica, inclusive dos 12 anos que estivemos com o PT nos governos que não realizaram uma única reforma estrutural (política, tributária, agrária, nas comunicações, no sistema financeiro) ainda que tivessem realizado programas de grande alcance social. Mas que enquanto programas foram desmontados pelos governos de traição nacional de Temer e Bolsonaro.

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Além disso, realizamos um grande esforço para corrigir os desvios dispensando 12 deputados e punindo severamente mais 13 por terem votado com o governo na Reforma da Previdência. Estamos num processo de Autorreforma, cujas Teses para um novo Programa do PSB pretendem nos colocar num lugar de destaque na esquerda brasileira e latino-americana retomando inclusive o tema da Revolução Brasileira.

Quanto a questão da Federação não estamos pedindo paciência ao PT. Estamos apresentando sugestões e condições para realizar uma operação politica de grande envergadura como é a Federação. Diferentemente do PCdoB e do PV, que além da perspectiva politica, precisam da Federação para suas próprias sobrevivências eleitorais, o PSB examina a formação da Federação pelo seu papel estratégico eleitoral para a esquerda e, principalmente, na eventualidade da eleição do ex-presidente Lula . Uma esquerda unida nos ajudará a não cometer os erros do passado e avançar num projeto de desenvolvimento nacional. Nesse sentido junto com nossas sugestões para o Estatuto da Federação passamos as mãos dos partidos parceiros nossas sugestões para um Programa da Federação.

Não pretendemos ser como partido, nesse instante, maiores que o PT até porque não o somos. E é exatamente por levarmos em conta o fato da candidatura de Lula e a dimensão do PT, que consideramos natural a hegemonia que o PT exercerá na Federação. Mas hegemonia não é comando, nem chefia. É poder de influência que precisa ser exercido através de mecanismos que possibilitem aos demais condições mínimas de convivência democrática.

Se quisermos realmente implantar uma estrutura tão avançada de união de grande parte da esquerda, precisamos adotar a logica do consenso e não da imposição majoritária. Buscar a unidade na cúpula decisória da Federação para motivar e dar confiança ao nossos militantes na base da sociedade. Entender por fim que que não se trata de uma simples coligação.

Por isso propusemos que o numero de membros do PT na Assembleia Geral da Federação (27 em 50 membros ) fosse muito ligeiramente reduzida ao incluir, além da proporção do numero de deputados federais, o numero de prefeitos eleitos por cada partido. Que na formação das chapas para eleição de deputados federais, seja considerado o numero de votos válidos em em cada Estado.

Que a composição da Assembleia dirigente da Federação seja mantida por quatro anos. Que os prefeitos eleitos em 2020 que vão disputar a eleição em 2024 sejam consideradas candidaturas natas, que nos casos de decisões não alcançadas pelo consenso, seja exercido o direito de veto por 15% da Assembleia ou que se forme a maioria qualificada de 4 quintos ou ainda de 85% da Assembleia .

E, finalmente , que o rodizio na presidência da Federação tenha os seus presidentes indicados pela Direção de cada partido membro.

Como se pode verificar não são exigências absurdas apresentadas para negociação no varejo. São sugestões obvias para viabilizar a Federação e motivar o entusiasmo das militâncias petistas, socialistas, comunistas e verdes.

Por Domingos Leonelli, ex-deputado federal e coordenador do site Socialismo Criativo



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