Instituto Pensar - Dados pessoais? Esqueça a privacidade, o negócio é comercializar

Dados pessoais? Esqueça a privacidade, o negócio é comercializar

por: Da Redação 


Não existe mais privacidade os nossos dados pessoais. Imagem: Tecnobank

Scott Mc-Nealy, fundador da Sun Microsystems (fabricante de computadores, semicondutores e software no Vale do Silício, entre os anos 80 e 90) é um dos arautos dessa teoria, que repete a exaustão, e para a qual vale dar toda atenção.

A teoria de Mac-Nealy, simplificando, é que não existe mais a possibilidade de manter em privacidade os nossos dados pessoais. Queiramos ou não eles estão disponíveis, de uma forma ou de outra, nos mais variados sítios. Esqueçamos por um momento os bancos, os governos e as organizações privadas de "pouca monta?, como as fornecedores de energia elétrica, de gás, de internet e afins,. e nos concentremos nas big techs (Apple, Microsoft, Google, Amazon e Facebook). Essa turma não só têm os dados básicos sobre cada um de nós, como são capazes (os tais de algoritmos) de obterem detalhes das nossas vidas jamais imaginados até recentemente.

"VOCÊ NÃO TEM PRIVACIDADE. SUPERE?, é a frase repetida a exaustão por Mac-Nealy. A concentração de poder, e de informação, nas mãos dessas big techs, sem que os governos tomem medidas para dissolver esse poder é o grande problema, deixando milhões e milhões de pessoas a deriva, com os seus dados pessoais sendo comercializados de acordo com os interesses dessas corporações.

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O que fazer? Na verdade os governos estão mais interessados em se apossarem, também, desses dados e muito pouco, ou nada interessados, em restringir o poder que essas informações dão a as grandes corporações. Mac-Nealy, como bom capitalista e "natural? do Vale do Silício, acredita em dar ao consumidor poder para negociar ? no mercado ? os seus dados. Assim você poderia vender suas informações pessoais para quem mais lhe interessasse, pelo melhor preço.

Já existem startups trabalhando com essa possibilidade. A ideia é criar uma espécie de "carteira digital? para que as pessoas possam negociar suas informações com empresas privadas. Nesse meio ainda tem os governos, mas deixemos isso para outro momento.

Hoje a grande questão é: as big techs lucram ? e muito ? com a manipulação dos nossos dados. É a base dos seus faturamentos, com o agravante que são monopolistas. A possibilidade de cada um, que cada pessoa, tenha controle para monetizar suas próprias informações, podem ser atraente, mas como forçar as grandes corporações a entrarem no jogo, abrindo mão, de certa forma, dos seus estratosféricos lucros?

A expectativa é que com a chegada de uma tal Web 3.0, a próxima geração da internet descentralizada, menos dependente dos grandes da tecnologia, haveria uma brecha. A questão esbarra ainda na legislação. No caso da brasileira os dados pessoais não são recursos alienáveis, não podem, em tese, serem comercializados (um tal de "direito da personalidade?). A LGPD também restringe essa "exploração? comercial.

Enquanto isso o que fazer? Proteger desesperadamente os nossos dados pessoais. Deixar de dar tantas informações pessoais nas redes sociais, restringir ao máximo possível os dados que passamos para empresas de todo tipo e qualidade, ficar alerta para a captação feita pelos governos. O mais efetivo, por enquanto, é pressionar candidatos a todo tipo de cargo a se posicionarem sobre o assunto. Quem sabe surge alguma luz no fim do túnel.

Por José Carlos Menezes, publicitário e jornalista.




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