PSDB: após pausa nas prévias, candidatos decidem retorno nesta segunda
Depois de toda a confusão causada pela pane no aplicativo e adiamento da votação nas prévias do PSDB, instrumento definido para a escolha do candidato tucano para a Presidência da República em 2022, os candidatos decidiram definir a data de retorno do pleito nesta segunda-feira (22/11), após reunião com os responsáveis pelo software.
Os três nomes em disputa são o governador de São Paulo, João Dória, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio. A decisão foi divulgada por Doria após uma reunião dos candidatos com a direção nacional do partido, capitaneada pelo deputado federal Bruno Araújo (PE).
"Ficou claro, estabelecido com a concordância dos três candidatos, que o limite é o dia 28?, disse o paulista. Segundo ele, haverá uma reunião com técnicos em torno do aplicativo de votação para que a data da conclusão do processo só se dê quando houver segurança total, porém, respeitando o prazo limite do domingo.
"Outro ponto que ficou claro entre os três candidatos: o resultado final das prévias do PSDB, seja na terça, na quarta, na quinta, na sexta, no sábado ou, no limite, no domingo, ao encerramento o resultado será o definitivo e será o que apontará o candidato do PSDB à Presidência da República?, ressaltou Doria.
Leia também: Prévias do PSDB: Doria e Virgílio tentam manter votação após falhas no aplicativo
A decisão soou como uma bandeira branca emtre os adversários: de um lado, Doria e Virgílio; do outro, Leite e alguns caciques tucanos, como os ex-presidentes nacionais do PSDB Tasso Jereissati, José Aníbal, Pimenta da Veiga e Teotônio Vilela Filho.
O paulista e o amazonense defendiam prolongar a votação até o domingo. Por sua vez, o gaúcho só aceitava esticar a corda até a próxima terça. O consenso apenas foi alcançado após a reunião com Araújo.
No entanto, a julgar pelas declarações de Bruno Araújo, o impasse não tem data para acabar. De acordo com ele, o prazo limite para a definição da votação é o técnico. "Não podemos nos antecipar a algo que ja nos causou problema?, justificou.
"Temos algo objetivo nesse caminho No início da tarde [de segunda-feira] haverá um parecer técnico para os candidatos sobre o real status do aplicativo, o tempo de resolução. Ele sendo disponibilizado, a ideia é disponibilizar quase que imediatamente para o filiado?, explicou Araújo.
Arthur Virgílio diz que Leite é ?mimado?
Ex-prefeito de Manaus e candidato nas prévias do PSDB, Arthur Virgílio diz ao Painel que Eduardo Leite é mimado e está tentando melar o processo de escolha do candidato presidencial do partido. Aliados dos candidatos têm apresentado diferentes alternativas de continuidade do processo. João Doria e Virgílio querem que fique para semana que vem. Entre aliados de Leite, surgiram as possibilidades de retomar o funcionamento do aplicativo nesta segunda-feira (22) ou deixar para 2022. A segunda hipótese revoltou as equipes do governador de SP e do ex-senador.
"Eles pediram para não falar. [Partido] pediu. Pela ideia do Bruno [Araújo, presidente do PSDB], falaríamos os três. Mas não tem cabimento. Com esse rapaz não dá?, afirma. "Não dá, porque sempre tem subterfúgio, ele é escorregadio, está mal aconselhado?, completa. "Fico impressionado?.
Virgílio diz que se aproximou de Doria nessa reta final porque "ele quer fazer as prévias, [enquanto] os outros querem melar. Visivelmente?.
"[Leite] Vem com história, bota dificuldade. Ele se transformou em uma pessoa mimada?, completa.
A ideia de deixar a disputa para 2022, diz Virgílio, faz parte de uma estratégia de implodir as prévias e deixar a decisão para a direção partidária.
"2022 significa não fazer, né? Quer levar para uma convenção para fazer uma maioria fácil. Quer excluir o povo do processo decisório?, diz. "Botar para fevereiro é querer misturar prévia com convenção partidária. Aí a direção diz que é melhor não fazer, faz uma convenção. Frustra as prévias, desmoraliza o partido. Ele acha que ganha assim?, acrescenta.
Enquanto conversava com a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, Virgílio ouvia programa na televisão que dizia que a assessoria de imprensa de Leite afirmava que ele não compactuava com a ideia de jogar a disputa para o ano que vem e preferia dar continuidade da votação ainda nesta segunda (22).
"Ele é mentiroso, ele disse que queria em fevereiro, e agora já diz que quer deixar votando. Esse cara é completamente analfabeto político. Completamente?, afirma.
Virgílio também critica Leite pela aproximação com Aécio Neves (MG) e diz que sua aproximação a Doria também tem como objetivo fazer contraposição ao deputado.
"É uma clara resposta à aproximação dele ao Aécio Neves, que não bota cara, não vai a lugar algum, e ao mesmo tempo fica dando ordens para os acólitos dele. Aécio não vai a qualquer lugar com aglomeração. Como seria recebido? Com vaia. Foi vaiado na convenção do PSDB de 2018?, finaliza.
Bate-boca e expulsão
A reunião da cúpula do PSDB para decidir o futuro das prévias foi tensa e teve um auxiliar de Eduardo Leite expulso da sala pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
O ex-deputado João Almeida, um dos coordenadores da campanha de Leite, discutiu com Virgílio e foi colocado para fora da reunião. Almeida estaria rindo das propostas apresentadas pela campanha de Doria e teria sido ríspido com a esposa de Virgílio.
Virgílio confirmou que colocou Almeida para fora da sala e disse que "Eduardo Leite quer ter o controle sobre a apuração da votação? das prévias.
Deputada bolsonarista fala em compra de votos
Também foi registrada uma confusão envolvendo a deputada Mara Rocha (PSDB-AC) e auxiliares da campanha de João Doria. De saída para o PL, ela alega que foi impedida de votar pelos assessores do governador de São Paulo e que teve seu registro no aplicativo desabilitado.
Mara Rocha bateu boca com o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que trabalha na articulação da campanha de Doria. Em vídeo que circula na internet, a deputada grita que ofereceram dinheiro para que ela votasse no governador de São Paulo. À coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, ela disse que conseguiu votar em Leite e declarou ser "bolsonarista convicta?, mas não apresentou provas sobre a denúncia.
O deputado Alexandre Frota acusou Eduardo Leite de pagar por apoio nas prévias, o que o governador negou.
Falhas
O PSDB anunciou na noite deste domingo que encerrou a votação em urna eletrônica e adiou o processo por meio do aplicativo após a plataforma apresentar falhas durante todo o dia.
"Os votos recebidos tanto pelo aplicativo quanto por meio das urnas eletrônicas ao longo deste domingo serão totalizados ao final do processo de votação. A integridade e a segurança do sistema estão totalmente preservadas?, garantiu o partido, por meio de nota publicada em conta oficial no Twitter.
Desenvolvido ao custo de R$ 1,25 milhão, o aplicativo para votação apresenta instabilidade desde o início da votação. O sistema caiu com o acesso dos filiados e até agora não houve uma solução para corrigir o problema.
Empresas contratadas para acompanhar a votação investigam a denúncia de que teria acontecido um ataque hacker ao app, mas integrantes da direção nacional e da campanha de Eduardo Leite dizem que essa hipótese é remota.
O principal problema está na falta de licenças para suportar o reconhecimento facial dos filiados. A desenvolvedora do aplicativo está tentando adquirir mais licenças junto à Microsoft para permitir o acesso dos tucanos ao app.
O evento organizado em Brasília para que tucanos votassem em urnas eletrônicas acabou esvaziado com a decisão da direção nacional de liberar a votação por aplicativo para os filiados com cargos eletivos. O PSDB havia feito mais de 600 reservas de passagens para a capital federal, mas muitos tucanos não viajaram por conta da decisão.
Com informações do Metrópoles
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