Bolsonaro diz que Enem ?começa a ter cara do governo?
por: Mariane Del Rei e Revista_Fórum
Com Julinho Bittencourt
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta segunda-feira (15), que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "começa agora a ter a cara do governo?.
Bolsonaro respondia sobre uma crise institucional no Inep, órgão que cuida da gestão do exame. Nas últimas semanas, dezenas de profissionais do Inep pediram demissão com a alegação de que havia ingerência no órgão, que é responsável pela realização do exame.
O presidente afirmou ter conversado "muito rapidamente? com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e que ele teria garantido a realização das provas "na mais absoluta tranquilidade?. O Enem está marcado para acontecer entre os dias 21 e 28 de novembro.
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"O que levou àquelas demissões, não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo que se gastava com poucas pessoas lá. Inadmissível?, disse Bolsonaro.
"O que eu considero muito é que começa a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões do passado, que caía tema de redação que não tinha nada a ver com nada, realmente é algo voltado para o aprendizado?, completou.
Bolsonaro foi questionado sobre o tema em uma entrevista concedida a jornalistas em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde ele cumpre agenda na Expo Dubai 2020.
Demissões em massa
Nas últimas semanas, trinta e sete coordenadores do Inep pediram demissão coletiva em resposta ao que classificam de "má gestão? do instituto, órgão ligado ao Ministério da Educação e responsável pela aplicação de todos os exames públicos de avaliação de ensino no Brasil. A maior parte dos que se demitiram atuava na área de gestão e tecnologia do Inep, e cuidava diretamente do Enem.
Em ofício encaminhado à diretoria do Inep, os servidores públicos afirmam que "considerando a situação sistêmica do órgão e a fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep?, solicitam a dispensa do cargo em comissão ou função comissionada que estavam.
Em nota, o ministro Milton Ribeiro afirmou que "as provas do exame já se encontram com a empresa aplicadora e o Inep está monitorando a situação para garantir a normalidade de sua execução?.
Convocação de Milton Ribeiro
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, será convocado para depor na comissão de Educação da Câmara dos Deputados para dar explicações sobre a debandada de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (Inep), responsável por cuidar das provas do Enem e do Enade.
O requerimento, que deve ser votado nesta terça-feira (16) na comissão, havia sido pedido por mais de três parlamentares na semana passada, mas ganhou força com as denúncias trazidas à tona pelo Fantástico, programa da TV Globo, e pela declaração dada nesta segunda-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. Em Dubai, ele disse que as questões do Enem agora "começam a ter a cara do governo".
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que "quando Bolsonaro interfere politicamente em uma prova como o Enem, coloca em risco a qualidade do exame e o futuro de nosso país. Nós, da oposição, vamos propor a convocação dele?.
Vistoriar as provas
O ministro foi convidado a ir à Câmara em junho para explicar a fala de que ele pretendia ter acesso prévio à prova do ENEM para vistoriar se havia questões consideradas de cunho ideológico. Ribeiro afirmou na audiência que "abriu mão? da ideia por entender que havia uma "governança estabelecida pelo próprio Inep? que garantia uma "prova técnica? e que de maneira alguma teria acesso.
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