Inflação tem maior alta para setembro desde o início do Plano Real e atinge 10,25% em 12 meses
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,16% em setembro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8). É a maior taxa para o mês em 27 anos.
Em setembro daquele ano, o índice ficou em 1,53%. Na época, os preços ainda refletiam o final do período de hiperinflação, uma vez que o Plano Real havia entrado em vigor apenas dois meses antes, em julho.
A escalada dos preços já faz o brasileiro conviver com uma inflação de dois dígitos ? algo que não ocorria desde fevereiro de 2016, quando o indicador chegou a 10,36%. Agora, a alta acumulada em 12 meses é de 10,25%.
Analistas consultados pela Reuters projetavam aumento de 1,25% no mês e avanço de 10,33% em 12 meses.
Energia elétrica sobe 6,47%
Dos nove grupos pesquisados, oito subiram em setembro. O destaque foi o grupo Habitação (2,56%), puxado pelo aumento de 6,47% na conta de energia elétrica, por conta da crise hídrica.
O item teve o maior impacto individual no índice no mês e acumula alta de 28,82% em 12 meses. A entrada da bandeira Escassez hídrica, que passou a vigorar no dia 1º do mês, adicionou uma sobretaxa de R$ 14,20 a cada 100 kWh.
Com perspectiva de ficar em vigor até abril de 2021, a conta de luz tem pesado no orçamento das famílias. Além disso, houve reajustes tarifários no mês em Belém, Vitória e São Luís.
Outro item que pesou no indicador foi o gás de botijão. Os preços do GLP subiram 3,91% em setembro.
"A gente tem observado uma sequência de aumentos do GLP (gás liquefeito de petróleo) nas refinarias pela Petrobras. Há ainda os reajustes aplicados pelas distribuidoras. Com isso, o preço para o consumidor final tem aumentado a cada mês. Já foram 16 altas consecutivas. Em 12 meses, o gás acumula aumentos de 34,67%?, detalha o gerente da pesquisa do IPCA, Pedro Kislanov.
Gasolina tem alta de 39,60% em 12 meses
O segundo maior destaque foi o grupo Transportes, que subiu 1,82%, e acelerou, mais uma vez, por conta dos combustíveis. A gasolina teve o preço elevado em 2,32% e os demais também apresentaram alta: etanol (3,79%), gás veicular (0,68%) e óleo diesel (0,67%).
Em 12 meses, a gasolina já aumentou 39,60% e o etanol, 64,77%. O preço do etanol acaba pesando no da gasolina, pois esta é vendida no Brasil com um percentual de mistura vindo do combustível da cana-de-açúcar.
A alta dos combustíveis provoca um efeito cascata. Os preços das passagens aéreas, por exemplo, subiram 28,19% em setembro e tiveram a maior alta entre os itens não alimentícios no mês. O preço dos bilhetes havia recuado em agosto.
Os aviões usam o querosene de aviação como combustível, cujo preço está atrelado à cotação internacional do petróleo, e esta vem subindo nas últimas semanas. A alta da commodity e do dólar são também os principais fatores que explicam os reajustes da gasolina.
Os preços dos transportes por aplicativo também avançaram: a alta foi de 9,18% em setembro, após 3,06% no mês anterior.
Os dados mostram que a inflação em 12 meses continua acelerando e permanece bem acima do teto da meta estabelecida para o ano pelo Banco Central, de 5,25%.
Boletim Focus, do Banco Central, que reúne as projeções do mercado, indica que as expectativas para a inflação deste ano sobem pela 26ª semana seguida. Há um mês, estava em 7,7%. Agora já se espera que a inflação encerre o ano em 8,7%.
A piora do cenário inflacionário também contamina as expectativas para 2022. É a 11ª semana seguida em que o mercado revisa para sua projeção, chegando a 4,14%.
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