Instituto Pensar - Medo de tsunami: busca pelo termo no Google dispara no Brasil

Medo de tsunami: busca pelo termo no Google dispara no Brasil

Ilustração GettyImages

A palavra tsunami teve um pico de busca no Google após a notícia de que o vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, na comunidade autônoma espanhola das Ilhas Canárias, entrou em erupção e que com isso, poderia provocar um tsunami no Brasil. Com o assunto em alta, muitas pessoas recorreram aos buscadores para descobrir.

Nos últimos sete dias, o termo "vulcão em erupção? foi um dos cinco termos que mais cresceram no Google no Brasil, segundo dados do Google Trends. Sendo assim, as consultas dispararam +3.500% e foram impulsionadas pelas notícias sobre o evento geológico nas Ilhas Canárias.

As buscas por tsunami saltaram +3.100% no mesmo período depois da notícia da possibilidade, por mais que remota, da erupção provocar um tsunami no nosso país. As palavras "vulcão? e "tsunami? liderarem a lista dos termos de maior crescimento no período e também ficaram entre os dez termos mais buscados no Google Notícias recentemente.

Além disso, o assunto aqueceu as buscas no Google Imagens, em que as consultas por imagens de tsunami subiram +1.050%, levando o termo a engajar entre os 10 de maior crescimento na plataforma no período, segundo com dados da empresa.

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Brasileiros estão preocupados com possível tsunami

Por mais que haja um risco quase zero de ocorrer um tsunami aqui, as cidades brasileiras foram as que mais buscaram por sistema de alerta nos últimos sete dias. Quatorze das 15 cidades que mais buscaram pelo assunto são brasileiras.

O interesse em acompanhar alertas de tsunami fez a busca bater recorde de interesse no Brasil neste mês de setembro. Enquanto a procura na internet saltou 4.900% na comparação com agosto.

Os cinco estados que mais pesquisaram: a Paraíba, o Rio Grande do Norte, Sergipe, Pernambuco e Ceará. Os brasileiros não pararam de pensar no assunto, pensaram tanto que "O que fazer em caso de tsunami?? e "como sobreviver a um tsunami?? ficaram entre as cinco perguntas mais pesquisadas nos últimos sete dias sobre o tema.

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Risco é baixíssimo

As chances de um tsunami atingir o Brasil, minimizadas por autoridades diante da repercussão nas redes sociais, seguem remotas após a erupção do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, na comunidade autônoma espanhola das Ilhas Canárias, neste domingo. Com registros apontando terremotos de baixa escala, uma possibilidade de isso acontecer seria o colpaso e a queda de uma parte do vulcão no mar. Em razão da distância e da intensidade, no entanto, seria mais provável uma forte ressaca no litoral do país, sobretudo no Nordeste, segundo especialistas.

A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) reforçou após o início da atividade vulcânica que não foi emitido qualquer alerta de deslizamento nem de tsunami até o momento, cujo risco é classificado como "muito baixo?. A Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) já havia publicado em nota que, apesar de real, a chance de o fenômeno ocorrer era "muito pouco provável?.

De acordo com o geólogo André Avelar, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ainda não existem indícios dos elementos que caracterizam um tsunami. Embora a lava expelida esteja avançando cerca de 700 metros por hora, o impacto tende a ser apenas local. Até agora, mais de 100 casas foram afetadas e até 10 mil pessoas devem ser retiradas de seu lares. A situação, no entanto, costuma ser comum em áreas conflagradas pela atividade vulcânica.

"Em termos de terremoto, não tem condição de gerar tsunami. Outra possibilidade seria o vulcão colapsar na lateral, e essa massa de rocha entrar na água, o que geraria uma onda. A expectativa é saber se esse deslizamento vai acontecer. Ainda está muito cedo para saber, não tem nenhuma indicação. Tem que aguardar como vai ser a evolução da erupção.?
André Avelar

Ainda assim, a possibilidade de um tsunami gerado lá perto da África chegar forte no Brasil é pequena, porque nesse trajeto até o litoral brasileiro, a onda vai atenuando.

Ressaca à vista?

Segundo o geólogo Fábio Braz, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da SBG, se algum fenômeno se concretizasse, o risco maior é de haver fortes ressacas no litoral brasileiro. Ele explica que essa probabilidade está associada à capacidade de a lava provocar uma explosão.

"Uma explosão pequena poderia causar uma ressaca marinha. Mas, ao que parece, é uma lava muito fluida e muito quente. Esse aspecto é típico de lava que normalmente não causa explosões. Não é como a lava do Etna ou de Santa Helena. Esse tipo de lava tem uns 3% de gerar material explosivo com o aspecto atual.?
Fábio Braz

Os principais estudos sobre o assunto publicados em revistas internacionais já aventaram a chance de tsunami no Brasil, motivo pelo qual os especialistas não o descartam. Segundo Braz, uma erupção do Cumbre Vieja em 1945 originou uma falha geológica na ilha que aumentou o risco de o fenômeno ocorrer.

Mesmo assim, pontua o professor, as publicações estimam que seria necessário um volume de rochas equivalente a 50 mil estádios do Maracanã caindo a oeste da ilha para desencadear esse tsnunami. "O Cumbre Vieja não tem esse potencial, teria que praticamente destruir a ilha toda?, afirma Braz.

Com informações do Olhar Digital e Extra



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