Instituto Pensar - Bolsonaro: alta da energia é resultado da crise ?ideológica? nos reservatórios

Bolsonaro: alta da energia é resultado da crise ?ideológica? nos reservatórios

Foto: Isac Nóbrega/PR

Por Dri Delorenzo e  Plinio Teodoro

Após Paulo Guedes minimizar o impacto do aumento da energia na economia, Jair Bolsonaro (Sem partido) cometeu uma gafe em entrevista na manhã desta quinta-feira (26) ao atribuir a alta dos preços à crise "ideológica? nos reservatórios das usinas hidrelétricas.

Ao explicar a inflação galopante, que em quatro capitais já ultrapassa os dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses, Bolsonaro disse que a alta de preços é "global? devido ao "fecha tudo, lockdown?.

"A questão quando fala em alimentos, né? O ?fique em casa? começou-se a produzir menos no Brasil. E o consumo, acredite, aumentou. Consequência: inflação. Estamos vivendo a maior crise ideológica da história do Brasil. Nos últimos 91 anos nunca se viu uma seca tão grande. Afeta diretamente o quê? Geração de energia e a energia move a economia?, disse Bolsonaro no ato falho, ao trocar a palavra hidrológica por ideológica.

Bolsonaro fala em ganhar guerra e Pacheco prega a paz

Jair Bolsonaro teve uma derrota na segunda-feira (25) com a rejeição pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco não precisaria ter dado uma resposta rápida ao pedido apresentado pelo presidente, mas decidiu fazê-lo a menos de uma semana da entrega do documento.

O presidente do Senado, assim, colocou um balde de água fria em uma bandeira que deverá ser levada às ruas no ato golpista do dia 7 de Setembro, que está sendo convocado pelo presidente e seus apoiadores. Bolsonaro, aliás prometeu comparecer nos protestos de São Paulo e de Brasília.

Pacheco ainda decidiu fazer um pronunciamento para criticar a peça jurídica que pedia o impeachment, mas também para dar uma dura no presidente. "O Estado democrático de direito exige que só se instaure processo dessa natureza quando exista justa causa. Não é o caso. Cumpro a Constituição e a lei. Um pedido de impeachment sem adequação deve ser rejeitado?, afirmou.

E ainda completou: "Há também o lado político de uma oportunidade dada para que possamos restabelecer as boas relações entre os Poderes. Quero crer que esta decisão possa constituir um marco de pacificação e união nacional, que tanto pedimos, e é fundamental para o bem-estar da população e para a possibilidade de progresso e ordem no nosso país.?

Mas o presidente terminou o dia postando em suas redes sociais um vídeo de um trecho de uma transmissão online feita em 15 de abril. E olha o que ele diz: "Eu sei o que tem que fazer, dentro das 4 linhas da Constituição. Se o povo, cada vez mais, se inteirar, se informar, cutucar seu vizinho, começar a mostrar para ele qual o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra. Eu sei onde está o câncer do Brasil, nós temos como ganhar essa guerra. Se esse câncer for curado, o corpo volta a sua normalidade.?

E não foi só Pacheco que pregou a paz entre os poderes. No Dia do Soldado até o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que os militares devem ser "inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso, que o nosso povo tanto almeja e merece?. Se depender de Bolsonaro, não teremos paz.

Em tempo: Não foi só um dia de derrota para o presidente na segunda (25). O "amor de Bolsonaro?, o ministro João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), voltou a suspender na terça-feira (24) a denúncia sobre o esquema de corrupção das "rachadinhas?, que funcionava no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"Lamento, mas continuaremos no limite?

Em entrevista à rádio Jornal, de Pernambuco, na manhã desta quinta-feira (26), Jair Bolsonaro (Sem partido) lamentou a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que rejeitou o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proposto pelo Planalto.

"Lamento a posição do senhor Rodrigo Pacheco no dia de ontem, mas nós continuaremos aqui no limmite, né? Dentro das quatro linhas buscar a garantia e a liberdade do nosso povo?, disse.

No intuito de causar confusão entre eleitores ? ou por ignorância -, Bolsonaro atacou a decisão de Pacheco comparando à determinação judicial de Luís Roberto Barroso para abertura da CPI do Genocídio.

"O presidente do Senado, o senhor Pacheco, entendeu e acolheu uma decisão da sua advocacia, advocacia lá do Senado. Agora, quando chegou uma ordem do ministro Barroso para abrir a CPI da Covid, ele mandou abrir e ponto final. Ele agiu de forma diferente de como agiu no passado?, disse Bolsonaro, destacando que "nessa briga, eu estou praticamente sozinho nela?.

Bolsonaro ainda citou as prisões de Roberto Jefferson, presidente do PTB, do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e do blogueiro Oswaldo Eustáquio, que cumpre prisão domiciliar, para voltar a atacar Moraes, dizendo que o ministro "ignora o artigo 5º da Constituição, o direito de ir e vir, e outro artigo a liberdade de expressão?.

"Ele abriu um inquérito fake news que nem está classificada no Código Penal. No Código Penal não existe fake news. E simplesmente começa a investigar qualquer um. E ele prende, tira a liberdade, como está sem liberdade o Roberto Jefferson, o jornalista Eustáquio, em prisão domiciliar, como também o deputado Daniel, lá do Rio de Janeiro. Baseado em matérias que esses caras botavam nas redes sociais ou pronunciamento?, disse.

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