?Nunca estivemos tão perto de um motim bolsonarista na PM?, diz especialista
A aparição de militares que replicam a ideologia bolsonarista e as recentes manifestações de policiais militares de alta patente, apoiando e convocando a população para as manifestações de 7 de setembro, em favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), preocupam Rafael Alcadipani, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor de gestão pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"Eu acredito que nunca estivemos tão próximos de um motim bolsonarista. Eu acredito que, infelizmente, existe uma grande adesão dentro das polícias, nas diferentes hierarquias, às ideias do Bolsonaro. Eu não sei até que ponto isso não pode gerar uma ruptura?, explica Alcadipani.
O jornal O Estado de São Paulo revelou, no último domingo (22), que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda, publicou mensagens de apoio a Bolsonaro em suas redes sociais, convocando para a manifestação. "Liberdade não se ganha, se conquista. Dia 7/9 eu vou?. Em outra, o militar afirma: "Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete?. "Nenhum liberal de talco no bumbum? consegue "derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil.?
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Também no domingo, Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante da Rondas Ostensiva Tobias Aguiar (Rota), publicou um vídeo convocando os "veteranos da Polícia Militar? para a manifestação. "Nós temos que dia 7 de setembro ajudar o nosso presidente Bolsonaro. A PM de SP participou dos principais movimentos do nosso país (?). Não podemos nesse momento em que o país passa por essa crise, com o comunismo querendo entrar (?). (?) Eu vejo que nós da PM de SP, a força pública, nós devemos nos unir. E no dia sete de setembro, todos os veteranos de SP, devemos estar presente na Avenida Paulista.?
Na publicação, Araújo informa que o ponto de concentração dos veteranos será o 1º Batalhão de Choque, a Rota. De lá, seguiriam para a manifestação. Hoje, o ex-comandante da Rota é diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais em São Paulo (Ceagesp), órgão ligado ao governo federal.
Alcadipani explica que "numa situação de caos social, com manifestações e coisas do gênero, eu não sei de que forma a Polícia Militar agiria, se não poderia entrar numa aventura, isso é extremamente perigoso.?
Por fim, o especialista em Segurança Pública afirma ser possível que haja movimentação de apoiadores de Bolsonaro em outros quartéis. "Eu não acho que isso seja restrito a São Paulo. São Paulo tem uma das PMs mais disciplinadas do Brasil. Se São Paulo está desse jeito, em outros estados está muito pior. É o momento de agir, os governadores precisam agir e identificar quem são essas figuras radicalizadas do bolsonarismo, principalmente comandante de tropa.?
Bolsonarista é afastado
João Doria (PSDB), governador de São Paulo, anunciou, na manhã desta segunda-feira (23), o afastamento do coronel bolsonarista Aleksander Toaldo Lacerda, que comanda 7 batalhões da PM na região de Sorocaba e cinco mil homens.
Em nota, o governo paulista se manifestou. "A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do país nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos.?
Outro militar convoca ato
O coronel da reserva da PM de São Paulo Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo também convocou milhares de policiais para a mobilização bolsonarista. Ele é o atual diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), um dos maiores pontos de distribuição de alimentos do País. A PM informou que o conteúdo publicado será analisado por sua corregedoria.
Vestido com a camisa preta das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a unidade de elite da PM paulista que o próprio Mello Araújo comandou, o coronel instou "veteranos? da PM a se engajarem nos atos agendados para o feriado da Independência. Ele sugeriu que os policiais se concentrem em frente à sede do 1º Batalhão de Polícia de Choque, no centro da capital paulista, o mais tradicional de todos.
Mello Araújo clamou aos policiais militares por "ajuda? ao presidente Bolsonaro e apelou ao "comunismo? para tentar convencer os colegas de farda a participarem do protesto. O ato organizado por militantes e parlamentares de direita tem viés antidemocrático e pede destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal, a adoção do voto impresso, já derrotado no Congresso, além de uma intervenção militar das Forças Armadas.
No vídeo com a convocação, publicado no sábado (21), o coronel citou o nome da Força Pública, antiga denominação de policiais usada até 1970, e pediu que os veteranos levem consigo símbolos e bandeiras de todas as unidades da PM, além de faixas em apoio ao presidente. Ele afirmou que a manifestação será "democrática?. Segundo Mello Araujo, a ideia é mostrar a força da PM de São Paulo e que estão com o presidente.
"A Polícia Militar do Estado de São Paulo participou dos principais movimentos do nosso País. Já lutamos em Canudos, as revoluções, 1932 e 1964, sempre estivemos presentes. Não podemos nesse momento em que o País passa por essa crise, em que percebemos o comunismo querendo entrar, de forma lenta, trabalha ao longo dos anos, no nosso País?, disse em vídeo publicado neste sábado, dia 21. "Nós, a Polícia Militar, a Força Pública, nós devemos nos unir e, no dia 7 de setembro, todos os veteranos estar presentes na Avenida Paulista?.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Brasil de Fatovvvvvvvvvv
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