SOS Cinemateca realiza atos contra abandono da cultura neste sábado
por: Ana Paula Siqueira
Neste sábado (7), completa um ano que o governo federal tomou as chaves da Cinemateca Brasileira. Para chamar a atenção para a gravidade do atual cenário sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a campanha SOS Cinemateca vai realizar atos presenciais em São Paulo, em frente à instituição, e no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna (MAM), entre 14h e 17h.
A campanha também será virtual e pretende movimentar o Instagram e o Twitter com a participação de todas as pessoas que também não se conformam com o desprezo do governo Bolsonaro com a cultura brasileira.
Os atos também têm como objetivo chamar a atenção para o incêndio e para os riscos de uma tragédia ainda maior, solicitar a à União a contratação imediata de técnicos em preservação em caráter emergencial e exigir rapidez e melhorias no chamamento público para a seleção de nova gestora da cinemateca.
Compõem a Frente Ampla em defesa da Cinemateca Brasileira a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), Associação Paulista de Cineastas (APACI), Associação Brasileira de Cineastas (ABRACI), Coletivo Cinemateca Acesa, Associação dos Moradores da Vila Mariana e os trabalhadores da Cinemateca Brasileira.
Quem for participar dos atos online pode conferir as dicas da SOS Cinemateca para tags e filtros para o Instagram e o Twitter.
O que restou do acervo começou a ser retirado
Apenas nesta quinta-feira (5) a Secretaria Especial de Cultura resolveu retirar do local o acervo que não pegou fogo durante o incêndio da semana passada.
A transferência foi decidida pelo governo federal, embora o Ministério Público Federal (MPF) venha alertando há mais de um ano que falta segurança tanto no galpão, quanto na sede.
A Polícia Federal, que continua a perícia no galpão, inclusive com equipes que atuaram na investigação do incêndio do Museu Nacional, liberou na noite de quarta-feira (4) a entrada de uma força-tarefa para a triagem e transferência do material.
Na equipe estavam servidores do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) e coordenadores da Cinemateca Brasileira.
Uma servidora informou ao G1 que um caminhão-baú foi contratado para o transporte dos materiais que demandam mais urgência na transferência, pois podem ter sido afetados pela água no momento em que os bombeiros apagavam as chamas.
Para o transporte de todo o material serão necessárias dezenas de veículos ou viagens da Vila Leopoldina até a Vila Mariana.
De acordo com esta mesma funcionária, os documentos e rolos de filmes selecionados precisarão passar por uma avaliação minuciosa antes de serem armazenados na sede para não infectarem o material que já esta lá.
Retrato do abandono da Cinemateca
Neste último ano, o abandono do acervo de mais de 100 anos de história do cinema brasileiro se intensificou e que culminou no incêndio que destruiu um galpão da instituição no último dia 29.
Mais de quatro toneladas de documentos históricos, câmeras cinematográficas de valor museológico inestimável, matrizes e cópias de filmes e cinejornais foram destruídos pelo fogo.
"Nossa memória foi, assim, destruída pelas chamas?, lamentam os integrantes da campanha no chamamento para os atos.
A Cinemateca abriga 40 mil obras, como filmes da Atlântida e da Vera Cruz, as partidas de futebol do Canal 100 e os programas da TV Tupi. Além do abandono do acervo, um valioso parque tecnológico de restauração de filmes foi negligenciado.
"A Cinemateca Brasileira, uma das principais instituições de memória da América Latina, a maior cinemateca da América do Sul, guardiã do audiovisual nacional, agoniza ante a negligência, omissão e desfaçatez do Governo Federal, que até hoje não contratou os técnicos em preservação audiovisual para zelar pelo acervo e patrimônio públicos, indisponibilizando o serviço de depósito legal às novas obras desde 2019?, criticam os integrantes da campanha.
Também é desde 2019 que não há contrato de gestão.
Tomada de chaves da Cinemateca com escolta policial
Em julho do ano passado, funcionários da ex-mantenedora, a Associação Roquette Pinto, impediram o acesso às dependências da Cinemateca de representantes do Ministério do Turismo, que incorporou a Secretaria da Cultura.
A pior crise da instituição desde 1946, data em que foi criada, culminou na falta extrema de recursos para serviços básicos, como pagamento de água e luz, além de atrasos nos salários dos funcionários e fim de contratos com brigada de incêndio e equipe de segurança.
Um boletim de ocorrência foi registrado. Quando o atual secretário de Cultura do governo federal, Mário Frias, assumiu o cargo, solicitou as chaves da instituição. A entrega foi realizada com escolta da Polícia Federal.
Foram muitos protestos em 2020 para chamar a atenção ao desmonte de tão do acervo.
Com informações do G1
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