Instituto Pensar - CPI investiga suspeita de propinas de até R$ 296 mil mensais na Saúde

CPI investiga suspeita de propinas de até R$ 296 mil mensais na Saúde

por: Tainã Gomes de Matos 


Líder do governo deputado Ricardo Barros. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Uma nova linha de investigação foi aberta na CPI da Pandemia no Senado. A denúncia de pagamentos mensais de até R$ 296 mil a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde será o foco de uma apuração da comissão. A suspeita gira em torno do pagamento de propina via VTCLog, empresa privada responsável pelo armazenamento e distribuição de vacina. 

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), aparece como suposto beneficiário do esquema. As informações são do Uol.

O líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), se posicionou a respeito do tema no Twitter e destacou que o líder de Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, foi citado no escândalo.

O suposto esquema mensal de propina, que teria começado em 2018, com previsão de durar cinco anos. A denúncia foi feita por uma ex-servidora da pasta. O caso foi discutido em uma reunião de senadores independentes e da oposição feita em 6 de julho, uma terça-feira, na casa de Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. 

Segundo as investigações, entre os beneficiados estaria o deputado federal Ricardo Barros, que além de líder do governo Bolsonaro é ex-ministro da Saúde. Ele nega as acusações.

Entre os recebedores da propina também está o ex-diretor de logística da Saúde Roberto Ferreira Dias, preso por mentir em depoimento à CPI. Dias teria recebido 99 mil reais mensais enquanto esteve trabalhando na pasta.

Propina na gestão de Barros 

O suposto esquema de repasses de valores começou em 2018, durante a gestão de Barros no Ministério da Saúde, segundo o UOL e senadores da comissão. 

A distribuição de vacinas e de outros insumos pelo governo federal, até aquele ano, era feita pelo próprio Ministério da Saúde por meio da Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), órgão que existiu por cerca de 20 anos. 

No entanto, durante a gestão de Barros, a Cenadi foi extinta e, em seu lugar, entrou a empresa VTC Operadora Logística Ltda, conhecida como VTCLog. 

Leia também: Seis meses de vacina no Brasil: lentidão, escândalos e descaso

CPI identifica o esquema 

A VTCLog, contratada pelo ministério da Saúde, passou a assumir a responsabilidade pelo armazenamento, controle e distribuição de todas as vacinas, medicamentos, soros e demais insumos entregues pela União a estados e municípios do país. 

Com a chegada da empresa privada, o esquema teria começado a funcionar prevendo distribuição de propina mensal pelos cinco anos seguintes. Ao todo, as suspeitas apontam que os desvios poderiam chegar a R$ 59,2 milhões, cerca de 10% do contrato assinado com a empresa. 

Outro nome ligado a Ricardo Barros também é citado nas denúncias como operador do esquema: Adeílson Loureiro Cavalcante, secretário-executivo da Saúde na gestão Barros. Ao todo o esquema renderia 990 mil reais por mês aos envolvidos.

TCU também investiga VTCLog

A VTCLog também é citada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em um processo por supostas irregularidades na assinatura de um aditivo que rendeu mais de 18,9 milhões à empresa. O aditivo deveria ser de apenas 1 milhão, segundo apontaram técnicos ao TCU. O documento foi assinado por Alex Lial Marinho, coordenador de logística da Saúde, outro alvo da comissão.

Ao UOL, Barros e VTCLog negaram as acusações. Dias e Loureiro não se posicionaram. Os envolvidos já foram convocados pela CPI para prestarem depoimentos. Até o momento, apenas Dias foi ouvido.

A CPI da Pandemia foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores, investiga ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Seu relatório final será enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.

Com informações do UOL e Carta Capital




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