Bolsonaro e Michelle envolvidos em negociação da propina de vacina
por: Mariane Del Rei
Novas mensagens reveladas na segunda-feira (12) que estão no celular do policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou à CPI da Pandemia como representante da Davati Medical Supply, sugerem que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, teriam envolvimento direto na negociação com pedido de propina para a compra da vacina indiana Covaxin.
O celular de Dominghetti, que denunciou ter recebido pedido de propina de 1 dólar por dose das vacinas Astrazeneca que teria oferecido ao governo, foi apreendido pela CPI e seu sigilo foi quebrado.
A mensagem é de 8 de março e foi encaminhada por Dominghetti a um contato identificado como "Rafael Compra Deskartpak?. "Manda o SGS [certificado que garante que a vacina passou por todas as etapas exigidas por órgãos reguladores]. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora?, escreveu o policial, segundo apurado pelo site O Antagonista.
Michelle Bolsonaro "no circuito?
A novas mensagens do celular de Dominghetti mencionam ainda o suporto envolvimento da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na negociação para compra superfaturada de vacinas contra a covid-19.
Em conversa realizada no dia 3 de março, Dominghetti se dirige a um homem identificado como Rafael Compra Deskartpak. Eles falam sobre a operação de compra dos imunizantes para que o grupo chegasse até Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Como a própria CPI já descobriu, o reverendo Amilton de Paula atuou para aproximar os supostos vendedores de vacina do círculo presidencial. De Paula entrou na negociação por ser próximo da família do presidente.
Na conversa, Dominghetti se mostra assustado ao comentar a respeito dos avanços do reverendo. "Michele (sic) está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia?, escreveu ele.
Surpreso, o interlocutor pergunta: "Quem é? Michele Bolsonaro??. Dominghetti responde: "Esposa sim?.
O interlocutor, então, sugere que o cabo entre em contato com o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, que era quem articulava a operação: "Pouts. (sic) Avisa o Cris?.
Socialista comenta envolvimento de Michelle no caso
O líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), comentou no Twitter o envolvimento de Michelle Bolsonaro no esquema da compra de vacina superfaturada.
CPI não quer entrar no "joguinho? de Bolsonaro
O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta segunda-feira (12) que a comissão não vai convocar a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, citada em mensagens no celular do PM Luiz Paulo Dominghetti na negociação para compra superfaturada de vacinas contra a Covid-19.
"Não, não vamos convocar. Tem muita gente que tira proveito para mostrar intimidade com poder. Tem que ter muito cuidado com isso?.
Omar Aziz
O senador afirmou que, ao convocar Michelle, a CPI entraria no "joguinho? de Bolsonaro."Até porque, se não, a gente entra no joguinho do Bolsonaro: ?Estão mexendo com minha família, minha esposa é uma santa?. A gente se antecipa logo para não misturar as coisas e ser diferente dele?, disse Aziz.
Reverendo
Segundo integrantes da CPI da Pandemia, o "Rafael Compra Deskartpak? seria, na verdade, o reverendo Amilton Gomes de Paula, que entrou na mira da comissão por ter sido apontado como o elo entre Dominghetti e o governo Bolsonaro.
"O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá?, diz outra mensagem de Dominghetti, que prossegue: "O presidente tá apertando o reverendo. Ele ta ganhando tempo. Tem um pessoal da presidência lá para buscar o reverendo?, afirma o cabo da polícia.
Janssen também tem propina
A Davati Medical Supply enviou ao Ministério da Saúde uma proposta de venda de 200 milhões de doses da vacina da Janssen, produzida pela Johnson & Johnson, ao custo de US$ 10 por dose. A oferta foi apresentada em 15 de março depois de representantes da empresa no Brasil terem participado de uma reunião com o então secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, em 12 de março.
A negociação foi iniciada enquanto a Davati ainda tentava vender ao governo 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, cujas tratativas começaram em fevereiro, mas não se sabe se houve resposta à proposta sobre as doses da Janssen.
Dominghetti atuou como vendedor da Davati nas negociações de vacinas com a pasta. Ele acusou em 29 de junho o ex-diretor de logística da Saúde Roberto Dias, de ter pedido propina de US$ 1 por dose de imunizante da AstraZeneca. Dias nega.
Procurada, a Janssen afirmou não ter "qualquer relação? com a Davati e que "nenhuma pessoa física ou empresa está autorizada a negociar a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa".
Miranda diz que prova conversa com Bolsonaro
O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou, durante entrevista ao programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura nesta segunda-feira (12), que tem como provar que Bolsonaro sabia da existência de irregularidades no contrato da vacina indiana Covaxin. O parlamentar voltou a insinuar que seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, teria gravado a conversa sobre o assunto que teria sido com o ex-capitão.
"O presidente viu tudo, o processo inteiro (da compra da Covaxin). De fato, ele não se atenta aos detalhes da documentação técnica, mas entende que era grave?.
Luis Miranda
Segundo o parlamentar, somente ele e o irmão participaram do encontro e que ele "jamais gravaria o presidente. O deputado ressaltou, ainda, que mesmo se o áudio não existisse ele poderia comprovar a denúncia por meio de documentos encaminhados através do Whatsapp.
Miranda afirmou que, ainda que não existisse o áudio, ele poderia comprovar que informou Bolsonaro pois encaminhou documentos por meio do aplicativo de áudio WhatsApp para o capitão-de-corveta da Marinha Jonathas Diniz Vieira Coelho, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com informações do Brasil 247, Revista Veja, Poder 360, Revista Fórum e O Antagonista
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