EUA instigam protestos em Cuba e calam sobre embargo
por: Ana Paula Siqueira
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi ao Twitter para atacar o governo de Cuba, sob a presidência de Miguel Díaz-Canel. Acusado pelo presidente cubano de instigar os protestos no país, no domingo (11), Biden nada disse. Em sua publicação, atribuiu ainda a culpa do embargo econômico a Cuba ao próprio país caribenho. Os protestos levaram a população às ruas para pedir comida e remédios.
Biden disse que está "ao lado do povo cubano e de seu clamor por liberdade e alívio das trágicas garras da pandemia e das décadas de repressão e sofrimento econômico a que foi submetido pelo regime autoritário de Cuba?.
"O povo cubano defende com bravura os direitos fundamentais e universais. Esses direitos, incluindo o direito de protesto pacífico e o direito de determinar livremente seu próprio futuro, devem ser respeitados. Os Estados Unidos conclamam o regime cubano a ouvir seu povo e a servir suas necessidades neste momento vital, em vez de enriquecer?, afirmou.
China, na contramão dos EUA, defende fim do bloqueio
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, pediu o fim do embargo dos EUA contra Cuba, onde ocorreram no último final de semana como uma tentativa de desestabilização do governo Miguel Díaz-Canel. O bloqueio econômico ocorre desde 1962.
"Nós apelamos aos Estados Unidos Americanos para levantar o bloqueio econômico e financeiro e o embargo comercial contra Cuba respondendo à resolução aprovada pela ONU por 29 anos consecutivos, com votos afirmativos de 184 Estados-Membros na Assembleia Geral da ONU deste ano?, escreveu.
O professor Elias Jabbour, especialista em China, comentou sobre as relações do gigante asiático com a ilha caribenha.
Falta autoridade moral
Para o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, o governo dos Estados Unidos não tem "autoridade moral? para ?palpitar? sobre o que acontece no país da América Central enquanto defenderem o embargo que prejudica gravemente a situação econômica do país. "Os Estados Unidos, com o embargo, não têm autoridade moral para dizer nada. Se eles suspenderem o embargo, aí podem até dar algum palpite?, disse à TV 247.
Em junho, a Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, pela 29ª vez, o embargo dos americanos contra Cuba, imposto desde 1962. Foram 184 votos contra dois. Apenas Israel e EUA votaram contra. Brasil, contrariando o histórico de apoio a Cuba na ONU, Ucrânia e Colômbia se abstiveram.
México, Bolívia e Rússia defendem Cuba
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba. Ele defendeu que o povo cubano busque o diálogo e uma solução pacífica para seus problemas internos.
"Quero expressar minha solidariedade ao povo cubano, acredito que se deve buscar uma saída por meio do diálogo, sem uso da força, sem confronto, sem violência. A primeira coisa que se deve fazer é suspender o bloqueio a Cuba, como estão pedindo a maioria dos países do mundo?, enfatizou Obrador ao se referir à resolução contra o embargo aprovada anualmente pela grande maioria dos países-membros da ONU.
O presidente do Peru, Luiz Arce Catacora, expressou apoio ao povo cubano contra as ações desestabilizadoras apoiadas pelos EUA.
O governo russo também se manifestou contra a interferência externa em Cuba. Disse estar convencido "de que as autoridades cubanas estão tomando todas as medidas necessárias para restaurar a ordem pública no interesse dos cidadãos do país?.
"Consideramos inaceitável qualquer ingerência externa nos assuntos internos de um Estado soberano e qualquer ação destrutiva que favoreça a desestabilização da situação na ilha?, afirmou Maria Zajárova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Contrarrevolucionários em Cuba
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermudez fez na noite desse domingo um pronunciamento na TV contra o que ele classificou como "contrarrevolucionários? que estariam organizando os protestos.
"Se queres fazer um gesto com Cuba, se queres realmente preocupar-te com o povo, se queres resolver os problemas de Cuba: acabem com o bloqueio e vejamos como jogamos. Por que não o faz? Por que não têm coragem de abrir o bloqueio? Que fundamento legal e moral sustenta que um governo estrangeiro possa aplicar essa política a um país pequeno e em meio a situações tão adversas? Isso não é genocídio??, disse.
Protestos
Os protestos de domingo ocorreram em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19 na ilha e à escassez de alimentos, remédios e eletricidade. Em resposta, o presidente Miguel Díaz-Canel declarou que os Estados Unidos são os responsáveis pelos distúrbios, por manterem o bloqueio econômico à ilha e apoiarem movimentos opositores.
A situação econômica de Cuba também se agravou com a pandemia, que interrompeu o turismo na ilha e levou a uma queda de 11% do PIB em 2020. A economia já vinha se deteriorando durante o governo Trump, que suspendeu a aproximação iniciada por Barack Obama e reforçou o embargo econômico com mais de 240 novas sanções, que não foram suspensas por Biden.
Com informações do Brasil 247
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