Instituto Pensar - ?A rua é dos revolucionários?, responde governo de Cuba a protestos

?A rua é dos revolucionários?, responde governo de Cuba a protestos

por: Mariane Del Rei


Foto: Reprodução Twitter

O governo cubano respondeu no domingo (11) a uma tentativa de desestabilização no país, afirmando que as ruas "pertencem aos revolucionários cubanos?. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, disse que, diante das campanhas de difamação, os cubanos deveriam se mobilizar em defesa do país "para mostrar que a rua é dos revolucionários?, percorrendo diversas cidades cubanas.

"De forma sutil, covarde e oportunista, aqueles que sempre apoiaram o bloqueio [estadunidense] e se valeram de mercenários e lacaios do império, aparecem com doutrinas humanitárias para fortalecer o critério de que o governo cubano não é capaz de sair desta situação, se eles querem preocupar-se com o povo cubano, abra o bloqueio (?) sabemos que não o fazem porque não têm valores?.

Miguel Díaz-Canel

O aviso foi feito por Díaz-Canel em rede nacional de televisão, enquanto manifestantes protestavam contra o governo nas ruas de Havana e em outras cidades da ilha.

"Estamos convocando todos os revolucionários do país, a todos os comunistas, que saiam às ruas de qualquer lugar onde vão produzir essas provocações. Hoje, a partir de agora, enfrentem-nos com decisão, com firmeza, com valentia. (?) Não permitiremos que ninguém manipule nossa manifestação. Nós não entregaremos a soberania, a independência, a liberdade desta nação. Aqui, ratifico: temos muitos revolucionários neste país que estão dispostos a dar a vida, por convicção. Terão que passar por cima de nossos cadáveres se querem enfrentar a nossa Revolução?. Miguel Díaz-Canel

Na tarde do domingo, em San Antonio de los Baños, na província de Artemisa, um grupo saiu às ruas da cidade movido por campanhas difamatórias que são geradas nas redes sociais para provocar desestabilização no território de Cuba. Durante suas declarações, o Chefe de Estado denunciou a participação do governo dos Estados Unidos em tais episódios que estão ocorrendo contra Cuba e que se intensificaram, especialmente, durante a pandemia da covid-19.

Protestos contra o governo de Cuba

Os primeiros protestos sem precedentes começaram em San Antonio de Los Baños, a 33km de Havana, e se espalharam por outras cidades. Aos gritos de "Não temos medo? e "Abaixo a ditadura?, os manifestantes foram reprimidos pelas forças de segurança. A ilha socialista enfrenta a pior crise econômica em três décadas, agravada pela pandemia da covid-19. No domingo, Cuba registrou recorde de infecções pelo Sars-CoV-2, com 6.923 casos, além de 47 óbitos. Até o fechamento desta edição, o país contabilizava 238.491 infecções e 1.537 óbitos.

No Twitter, cubanos utilizavam as hashtags #SOSCuba e #SalvemosCuba para reportar marchas contrárias ao governo. Em vídeo divulgado na rede social, era possível ver uma multidão caminhando pelo Malecón ? calçadão à beira-mar de Havana ?, aos gritos de "Liberdade!?.

Mobilização popular tem suporte estadunidense

Segundo Díaz-Canel, a mobilização contrarrevolucionária recebe suporte de agências estadunidenses para realizarem movimentos dentro do país. Pelo Twitter, o jornal Cubadebate apontou que alguns dos manifestantes contrários ao governo carregavam bandeiras dos Estados Unidos. "Um clássico dos protestos ?espontâneos? contra governos que não respondem aos interesses imperiais?, disse o periódico.

O mandatário denunciou que os episódios de sanções e bloqueios econômicos contra a ilha geraram uma situação de escassez no país, especialmente de alimentos, medicamentos, matérias-primas e insumos para poder desenvolver processos econômicos e produtivos.

"Sabemos que há massas revolucionárias confrontando grupos contrarrevolucionários. Não vamos admitir que nenhum mercenário e vendidos do império estadunidense vão causar desestabilização em nosso povo?.

Miguel Díaz-Canel

Blecautes e bloqueio a Cuba

Díaz-Canel em visita à San Antonio de Los Baños, reconheceu o clima de tensão e culpou os blecautes diários, que têm deixado a população sem acesso à eletricidade por várias horas. "Parece que a situação energética foi a que levantou alguns ânimos aqui?, disse.

O chefe de Estado também responsabilizou o bloqueio imposto pelos EUA, há 59 anos atrás.

"Se quer que o povo fique melhor, levante o bloqueio. A máfia cubano-americana, pagando muito bem nas redes sociais, tomou como pretexto a situação de Cuba e convocou manifestações em todas as regiões ?.

Miguel Díaz-Canel

Sob condição de anomimato, um morador de Camaguey, a cerca de 500km de Havana, confirmou que o domingo foi de vários protestos na cidade, com "muitas pessoas exigindo liberdade?. "Agora, as coisas estão calmas, mas os policiais estão de prontidão, na esquina de minha casa, para golpear manifestantes?, relatou.

Governo cubano acusa EUA de manipulação

Díaz-Canel destacou que as provocações dos pequenos grupos pretendem criar um cenário para uma possível intervenção ao país.

"Quando decorreu o segundo semestre de 2019, explicamos que íamos para um momento difícil, com base nos indícios de que os EUA estavam dando contra Cuba?.

Miguel Díaz-Canel

Para ele, há uma "perseguição financeira, econômica, comercial e energética? estadunidense para "provocar um surto social interno em Cuba? e, assim, "convocar missões humanitárias que se traduzem em invasões e interferências militares?.

Dando continuidade às perseguições estadunidenses à nação, o presidente lembrou que o país foi incluído na lista de patrocinadores do terrorismo. "Uma lista unilateral?, acrescentou.

Combatendo a pandemia

O presidente lembrou que, apesar das sanções ilegais e das campanhas de difamação, Cuba se destaca no mundo por seu processo científico de combate ao novo coronavírus.

"Foram criadas cinco vacinas candidatas, já temos uma reconhecida e que é a primeira vacina na América Latina. Temos uma das maiores taxas de vacinação do mundo?.

Miguel Díaz-Canel

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A respeito do impacto das sanções para o combate à pandemia, Díaz-Canel destacou que o governo continuará com a campanha para erradicar o vírus.

Com informações de Opera Mundi e Correio Braziliense



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