Instituto Pensar - Jair Bolsonaro na lista de ?predadores da liberdade de imprensa?

Jair Bolsonaro na lista de ?predadores da liberdade de imprensa?

por: Mariane Del Rei 


 Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) integra pela primeira vez o relatório "predadores da liberdade de imprensa? do Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado na segunda-feira (5). A edição 2021 é composta por 37 chefes de Estado ou de governo que "impõem uma repressão em massa da liberdade de imprensa no mundo?.

Além de "tiranos veteranos?, como Kim Jong-un, Bashar al-Assad e Vladimir Putin, a edição 2021 tem a particularidade de também citar pela primeira vez duas mulheres e um europeu. O último relatório da ONG internacional foi publicado em 2016.

Todos os 37 chefes de Estado ou de governo citados restringem a liberdade do exercício do jornalismo com a "criação de estruturas de censura, a detenção arbitrária de profissionais da mídia e a incitação à violência contra os jornalistas?, afirma a ONG internacional.

Há inclusive "predadores? que estão diretamente ligados a assassinatos de profissionais da mídia, como o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, envolvido na morte atroz do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

Entre os citados, 16 representam países que integram a pior posição do relatório anual da RSF sobre a liberdade de imprensa e 19 vêm de países que figuram na lista vermelha, onde o exercício do jornalismo é considerado difícil (caso do Brasil).

A média de idade dos chefes de governo é de 66 anos, e quase a metade dos citados (17 dos 37) entrou para a lista pela primeira vez. Mais de um terço deles (13) são da região Ásia-Pacífico.

"Cada um desses predadores tem um método particular. Alguns impõem o terror com ordens irracionais e paranoicas, outros criam estratégias baseadas em leis restritivas?, afirmou o secretário-geral da organização, Christophe Deloire.

"Temos de impedir que suas formas de impor a repressão se tornem o ?novo normal\'?.
Christophe Deloire

Bolsonaro e o Brasil

Para cada predador, a RSF publica um perfil, revelando seus métodos de repressão e censura. Sobre Jair Bolsonaro, a organização diz que o presidente brasileiro alimenta um clima de ódio e desconfiança.

"Ameaças, agressões, assassinatos? O Brasil continua sendo um país particularmente violento para a imprensa, onde muitos jornalistas são mortos em conexão com seu trabalho?, diz o relatório.

"O trabalho da imprensa brasileira se tornou especialmente complexo desde que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, em 2018. Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente brasileiro?.
Repórteres Sem Fronteiras

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A crise provocada pela Covid-19 piorou ainda mais a situação. "A pandemia de coronavírus expôs sérias dificuldades de acesso à informação no país e deu origem a novos ataques do presidente contra a imprensa, que ele rotula como responsável pela crise e que tenta transformar em verdadeiro bode expiatório?.

O relatório também diz que "a mídia brasileira ainda é bastante concentrada, principalmente nas mãos de grandes famílias, com frequência próximas da classe política. O sigilo das fontes é regularmente prejudicado e muitos jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos?.

Novos e velhos tiranos

Além de Bolsonaro e Mohammed bin Salman, também entraram para a galeria dos tiranos da liberdade de imprensa o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, defensor autoproclamado da democracia "iliberal?.

As duas mulheres que entraram para a lista são: Carrie Lam, que dirige Hong Kong e reprime, a mando da China, o movimento pró-democracia do território semiautônomo chinês; e a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, que comanda o país desde 2009.

Entre os "predadores históricos?, que figuram na lista da RSF há mais de 20 anos, estão o presidente da Síria, Bashar al-Assad; o líder supremo do Irã, Ali Khamenei: e os presidentes russo, Vladimir Putin, e bielorusso, Alexandre Lukashenko.

Também integram o seleto grupo os africanos Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, da Guiné Equatorial; Paul Kagamé, de Ruanda; e Issaias Afwerki, da Eritreia.

Com informações do G1



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