Instituto Pensar - Shein, startup de moda da China, é uma das mais valiosas do mundo

Shein, startup de moda da China, é uma das mais valiosas do mundo

por: Vitoria Carvalho 


Foto: Reprodução

Um dos impactos da pandemia da covid no setor da moda foi a explosão do e-commerce (comércio virtual) voltado para o fast fashion (moda rápida). O fenômeno do momento desse modelo é a plataforma chinesa Shein, uma das startups de tecnologia mais valiosas do planeta.

A marca chinesa tem desordenado os concorrentes mundo afora e desafiado os modelos de negócios dos rivais ocidentais. A companhia, que opera quase exclusivamente com exportações e afirma despachar produtos para mais de 220 países e regiões, no momento tem o app mais baixado na App Store da Apple e na loja Google Play, deixando para trás o maior grupo de varejo do planeta, a Amazon.

O plano parece estar funcionando. A despeito de sua relativa obscuridade, a Shein passou por uma rodada de capitalização que avalia seu valor de mercado em US$ 15 bilhões (R$ 76,3 bilhões).

Shein gera elogios e críticas

A ascensão da Shein gerou elogios e críticas. Os admiradores da companhia dizem que ela está redefinindo a fast fashion mundial para uma nova geração, que é muito ligada à tecnologia móvel e tem menos probabilidade de visitar lojas físicas.

Por outro lado, há críticos que afirmam que a falta de transparência sobre as operações da empresa e de que forma atua numa indústria que é, globalmente, tanto por empresas ocidentais quanto chinesas, marcada por ligações com uma série de abusos ambientais e trabalhistas.

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Além disso, mais de uma década depois da fundação da Shein, as informações opacas sobre a propriedade significam que pouca gente sabe quem está no comando ?e a afirmação se aplica até às pessoas que trabalham na empresa.

Falta transparência na moda

A mesma crítica de opacidade nas informações da Shein é estendida a marcas fora da China. Transparência é um instrumento importante para jogar luz nas etapas da cadeia de valor da indústria da moda, desde a extração da matéria-prima até o descarte.

Há muito a caminhar em direção a uma moda mais transparente. Mas apenas ao trazer à tona os desafios e problemas sociais e ambientais presentes nos bastidores deste segmento será possível agir de forma eficaz em prol dos direitos humanos e da natureza.

Aqui no Brasil, o Instituto Fashion Revolution acompanha o grau de transparência da indústria de moda nacional. Em dezembro de 2020 foi lançada a terceira edição do Índice de Transparência da Moda Brasil (ITMB) com a análise da divulgação pública de dados sobre políticas, práticas e impactos sociais e ambientais de 40 das maiores marcas e varejistas presentes no mercado brasileiro.

Shein é mais rápida dos que as concorrentes

O sucesso da Shein tem por base responder mais rápido do que suas rivais a tendências de moda emergentes, com a oferta de uma maior variedade de linhas novas e de produtos a preços muito baixos ?o que na prática significa turbinar os modelos de negócios existentes do setor de fast fashion.

A empresa tem como público alvo as mulheres jovens e adolescentes, e vende por meio de seu site e app, oferecendo uma linha de moda mais ampla do que as de seus concorrentes, e por uma fração do preço.

Enquanto o Inditex, o maior grupo de moda do planeta, controlador da Zara, diz levar modelos novos da prancheta às prateleiras de suas lojas em três semanas, a Shein é capaz de oferecer produtos novos em prazo de cinco a sete dias de sua criação, disseram alguns fornecedores.

E enquanto o conglomerado espanhol afirma criar 50 mil modelos novos de roupa a cada ano, seu concorrente chinês criou 30 mil deles só na semana passada, de acordo com um cálculo da Caixin baseado em números fornecidos pelo app da Shein.

A chave para selecionar o que produzir é acumular um grande volume de dados em tempo real, manter elos estreitos com os fabricantes, e adquirir novos usuários de maneira agressiva, segundo entrevistas da Caixin com especialistas e com pessoas informadas sobre a companhia.

De vestido de noiva no atacado a startup

Além de sua sede na cidade de Nanquim, no leste da China, a Shein também tem um escritório importante em Cantão, metrópole no sul do país conhecida como polo mundial de fabricação de roupas.

A marca surgiu com a venda de vestidos de noiva no atacado. Atualmente, mantém relacionamentos de longo prazo com fabricantes de roupas, dos quais exige que empreguem um sistema de gestão de cadeia de suprimento altamente automatizado e alimentado por dados em tempo real sobre tendências, para solicitar novos designs e monitorar os pedidos, disseram fornecedores locais à Caixin.

Para manter a qualidade, a Shein rompe seus contratos com os 10% de fornecedores que apresentem o pior desempenho a cada trimestre, disse o funcionário de uma empresa que produz roupas femininas de ginástica, e conhece o modelo de negócios da plataforma.

E-commerce de moda no Brasil

No Brasil, o setor da moda foi impulsionado pela onda de compras online durante a pandemia do coronavírus, com vendas que chegaram a R$ 38,8 bilhões entre janeiro e junho de 2020. Foram 90,8 milhões de compras apenas no primeiro semestre, de acordo com a pesquisa elaborada pela Ebit/Nielsen. O crescimento foi de 47% em relação ao mesmo período de 2019.



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