Supercomputador do Inpe pode ser desligado por falta de verba
por: Vitoria Carvalho
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) enfrenta uma crise com falta de verba. Para economizar recursos e energia elétrica, poderá ter que desligar o Tupã, um supercomputador utilizado para fazer previsão meteorológica e climática. Este seria o primeiro desligamento da história e traria diversos problemas para o Brasil.
Em 2021, o Inpe recebeu R$ 44,7 milhões, frente a um total previsto de R$ 76 milhões, junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Sem o supercomputador ficaremos com um ?buraco?
"Ficaremos com um ?buraco? nessas informações e isso, obviamente, vai deixar o governo desguarnecido a respeito do que vai acontecer, de quais são as possibilidades para o próximo semestre?, comenta o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
"É uma questão estratégica para o governo federal, governos estaduais e municípios. Sem o supercomputador, não teremos a modelagem sofisticada fornecida por ele para ver, com qualidade, o que vai acontecer em termos meteorológicos e climáticos.?
Pedro Luiz Côrtes
Consequências com o desligamento do Tupã
As possíveis consequências imediatas do desligamento, explica o professor, estariam relacionadas ao funcionamento do operador nacional do sistema elétrico que coordena o funcionamento das usinas hidrelétricas, termelétricas e das plantas eólicas e à atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica na distribuição da energia pelo Brasil.
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"Isso tem um impacto muito grande na inflação: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já vem crescendo também em função do aumento das tarifas elétricas?, adiciona.
O planejamento do governo em relação à agricultura e à avaliação da qualidade das safras em função dessas questões hídricas poderia afetar, por exemplo, a balança de pagamentos e as exportações.
Também haveria implicação na saúde pública, segundo o professor, porque há aumento de temperatura em locais onde chove muito, e favorece para crescimento de doenças como dengue, zika e chikungunya ? que poderiam ser contidas com políticas de prevenção amparadas em dados do monitoramento.
Supercomputador do Lacen foi desligado
Em 2016, o Santos Dumont, equipamento do Laboratório Nacional de Computação Científica (Lacen), foi desligado para economizar energia. Ao todo, ele gastava R$ 500 mil por mês, 80% dos recursos do laboratório. Foi religado em 2019 e teve sua capacidade ampliada em cinco vezes.
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O supercomputador é responsável por pesquisas sobre Genoma do Zika Vírus (Labinfo); Modelagem e simulação de reservatórios do Pré Sal; Diagnóstico por imagens do sistema cardiovascular (MACC); Inteligência Artificial e Machine Learning (Ciência de Dados); Design de fármacos (Dockthor); e Soluções em segurança cibernética. O supercomputador é utilizado em mais de 110 projetos científicos e tecnológicos.
Com informações do Jornal da USP
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