Renascimento criativo da indústria brasileira é um caminho possível
por: Ana Paula Siqueira
O Dia da Indústria é celebrado neste 25 de maio e o setor tem enfrentado dificuldades. A recessão vivida em 2020, intensificada pela pandemia da Covid-19, aumentou os problemas. A indústria começou o ano em ritmo lento. Para mudar esse cenário, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) no processo de Autorreforma aposta na economia criativa como o caminho para o ressurgimento da indústria nacional.
Os socialistas defendem a necessidade de um projeto que democratize a economia do lado da produção ? e não apenas do consumo. Para isso, é necessário sofisticar o aparato produtivo para responder às necessidades impostas pela economia do conhecimento.
Indústria 4.0 e a Autorreforma do PSB
Em 1990, o Brasil ocupava a 26ª posição no ranking de competitividade, entre 150 países e, em 2017, passou para a 35ª posição. Ainda em 2017, o país passou a ocupar a 87ª posição nas exportações de produtos manufaturados. Isso demonstra o processo do que é exportado do Brasil, na qual se destacam commodities como minérios e grãos.
No intuito de reverter esse processo para o sucesso do renascimento criativo da indústria e da competitividade, o PSB propõe a organização de esforços em torno de três grandes eixos estratégicos: alinhamento de inteligência, organização de esforços estatais em parcerias com a iniciativa privada e organização de esforços de inserção dos produtos na cadeia internacional de valor.
Competitividade
A Autorreforma defende que para fazer frente à alta competitividade a que está submetida a indústria nacional, é imprescindível considerar os fatores macroeconômicos relativos ao chamado Custo Brasil, que onera a produção da indústria de transformação brasileira quando comparado ao custo dos principais principais países concorrentes.
"O renascimento criativo da indústria não acontecerá sem pesados investimentos em ciência, tecnologia e inovação, com elevação do nível educacional e qualificação profissional dos trabalhadores.?
Autorreforma do PSB
O documento observa ainda a adoção de políticas de formação e qualificação contínua de mão de obra, aliadas ao estabelecimento de política industrial e de estímulo real à inovação são essenciais.
Independência tecnológica
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, defende a independência tecnológica como uma das saídas para o país. O que só é possível com pesados investimentos em ciência e tecnologia.
Alinhamento estratégico da indústria
Somado aos investimentos em ciência e tecnologia é necessário alinhar a atuação de inteligências já disponíveis no Estado. Justamente pela falta de um projeto nacional de desenvolvimento, trabalham de maneira desarticulada, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Serviço Nacional da Indústria (Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Nesse sentido, os socialistas defendem ainda a necessidade de criar uma empresa ou agência para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, que será fomentada no âmbito do Projeto Amazônia 4.0.
Parcerias produtivas
A Autorreforma também aposta em parcerias com a iniciativa privada com potencial de inovação, como o agronegócio, o setor energético, as cadeias produtivas da saúde, da defesa, da Indústria 4.0, da cadeia de petróleo e gás, e, ainda, toda a cadeia de produtos da Amazônia.
O desenvolvimento e fortalecimento de arranjos empresariais que alie as capacidades públicas e privadas de inovação e pesquisa. A participação e apoio estratégico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é muito importante nesse processo. Tudo isso de olho no desenvolvimento, geração de empregos e renda. Ao mesmo tempo que garanta o desenvolvimento sustentável.
"Organizar aliança entre esse novo, criativo, revolucionário e inovador complexo produtivo e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para viabilizar a inserção e ampliação das exportações de produtos de maior valor agregado, nas cadeias globais?, afirma o documento.
Crescimento tímido
A falta de um plano nacional de desenvolvimento pode ser visto no tímido crescimento econômico, com constantes recuos. Em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial no país cresceu 0,4% em relação a dezembro. Foi o nono mês de alta após o período da pandemia, em 2020. Porém, pela primeira vez, a maior parte das atividades teve queda em relação ao mês anterior.
"Observamos a manutenção do comportamento positivo do setor industrial, mas com desaceleração no seu ritmo no mês de janeiro?, destacou o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo.
O gerente da pesquisa destacou também que 14 dos 26 ramos pesquisados ficaram no campo negativo, "um comportamento que não foi observado nos meses anteriores dessa sequência de nove meses de crescimento?.
Metalurgia sofreu pior desempenho
A metalurgia sofreu com maior recuo com queda de 13%. Nos seis meses anteriores, o setor registrou crescimento de 59% no período. A influência positiva mais relevante veio da atividade de produtos alimentícios, que avançou 3,1%. O setor foi um dos únicos a não sofrer grandes perdas no início da pandemia e vinha recuando no fim de 2020, com queda acumulada de 11% no último trimestre.
Reflexos da pandemia
Aliada aos gargalos do setor, a letargia do governo federal na imunização da população traz mais prejuízos imediatos ao setor. "Enquanto toda a população não for vacinada, a economia terá problemas de crescer normalmente?, afirmou o presidente da CNI, Robson Andrade durante encontro com o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em abril.
A redução do auxílio emergencial no final de 2020 também contribuiu para a desaceleração da economia. O Produto Interno Bruto (PIB) fechou o ano em 4,1%, mas as projeções para 2021 pioraram com o avanço da epidemia e demora na vacinação da população.
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Homenagem ao patrono da indústria
A data foi escolhida em homenagem ao empresário e um dos fundadores da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e patrono da indústria nacional, Roberto Simonsen. Ele foi fundamental para a consolidação do parque industrial do país.
Entre 1938 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, incentivou o Brasil a fabricar produtos que precisavam ser importados dos Estados Unidos e Europa. Faleceu em 25 de maio de 1948. Em 1957, o então presidente Juscelino Kubistchek instituiu a celebração.
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Com informações da Folha de S. Paulo
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