Instituto Pensar - CPI da Pandemia: vacina será o tema central do depoimento de Barra Torres

CPI da Pandemia: vacina será o tema central do depoimento de Barra Torres

por: Mariane Del Rei


Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, será questionado sobre liberação de vacinas contra a Covid-19. Foto: Pedro França/Agência Senado

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado Federal nesta terça-feira (11). Um dos principais assuntos a serem discutidos com ele será o processo de liberação de vacinas contra a Covid-19. 

A CPI da Pandemia questiona o fato de a Anvisa ter negado autorização à vacina Sputnik V, produzida pelo laboratório russo Gamaleya. Barra Torres também precisará explicar por que houve "atraso e omissão? na compra de imunizantes.

Preparação para oitiva na CPI da Pandemia

Para se preparar para a audiência, informou a CNN Brasil, Barra Torres fez diversos encontros com diretores da Anvisa, que estarão presentes no Congresso. O presidente da agência deve basear suas respostas em documentos que pretende levar ao Senado. 

A ideia é que Barra Torres traga respostas "ultra-técnicas? para os senadores, sempre apresentando documentos para basear suas falas. O diretor-presidente da Anvisa deve chegar ao Senado com malas de documentos.

CPI da Pandemia quer detalhes sobre bula da cloroquina

Além de ser questionado sobre a situação da aprovação das vacinas no Brasil, Barra Torres terá que explicar o episódio sobre a tentativa de alteração da bula da cloroquina para indicar o medicamento para o tratamento de Covid-19.

Os membros da CPI querem que Barra Torres diga de maneira detalhada quem sugeriu a mudança, em quais circunstâncias e quais foram as testemunhas do episódio.

A afirmação de que houve um aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que a bula do medicamento fosse alterada foi feita à CPI pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Leia também: Ampliação do uso de cloroquina levou Nelson Teich a pedir demissão da Saúde 

Responsabilização pelo "morticínio? no país

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, disse ao jornal Folha de S.Paulo que o governo e senadores que apoiam Bolsonaro estão equivocados quando dizem que as investigações da comissão vão "dar em nada?.

"Os fatos falam por si?, afirmou Calheiros. "O Brasil virou o cemitério do mundo. O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI?.

A declaração foi motivada após o Uol noticiar que o governo Bolsonaro não acredita que a CPI trará maiores problemas e que a população estaria desinteressada do assunto.

A revelação reforça informação publicada pelo mesmo jornal no fim do mês de abril, de que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tem afirmado a empresários e banqueiros que a CPI não dará em nada.

"Se houver provas sobre os morticínios, haverá, sim, responsabilização?, disse Renan Calheiros. "A CPI não é uma briga de governo e oposição. Nem de grupos ideológicos. Ela quer mostrar a verdade. E vai mostrar o que aconteceu e o que fizeram para salvar, ou não salvar, vidas?.

Pazuello pode ser preso se não falar a verdade

O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reforçou nesta segunda-feira (10) que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, assim como qualquer outra testemunha ouvida pela comissão, pode até ser preso se descumprir o compromisso de falar a verdade ao depor. "É isso que diz a letra clara do Código de Processo Penal?, reiterou sobre a possibilidade de falso testemunho. Randolfe deu a declaração em entrevista à CNN

O senador foi taxativo ao dizer que a CPI não mudará a forma de convocação de Pazuello, que será ouvido na condição de testemunha, não de investigado. Apenas os depoentes formalmente investigados pela comissão têm o direito de permanecer em silêncio.

Pazuello toma café da manhã com Bolsonaro

Eduardo Pazuello, que não compareceu à CPI da Pandemia semana passada alegando ter tido contato com pessoas com Covid-19, foi ao Palácio da Alvorada neste domingo (9) a convite de Bolsonaro para um café da manhã, segundo a CNN Brasil.

O encontro ocorreu antes do passeio promovido por Bolsonaro com motociclistas em Brasília, que resultou em aglomeração. Pelo menos 20 pessoas participaram do café da manhã.

Esta é a segunda vez que Pazuello fura o suposto isolamento ao qual se submeteu por estar com suspeita de Covid-19. Na quinta-feira (6), o ex-ministro recebeu no Hotel de Trânsito de Oficiais, no Setor Militar Urbano, onde mora, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), principal articulador do governo federal na CPI.

Leia também: CPI da Pandemia: Pazuello recusa cargo no Planalto e quer mudar defesa

Vídeos de tratamento precoce sumiram do YouTube

Desde que a CPI da Pandemia foi anunciada, no início de abril, canais de apoiadores do bolsonarismo no YouTube têm promovido uma limpa de vídeos sobre tratamento precoce de sua base de vídeos. Levantamento da Novelo Data a pedido do site Congresso em Foco identificou que, entre o dia 14 de abril e e 6 de maio, 385 vídeos de 34 canais, tratando de tratamento precoce, sumiram do ar.

Alguns dos canais mais relevantes de apoio a Bolsonaro promoveram grandes operações para apagar conteúdo. O comentarista Alexandre Garcia, por exemplo, escondeu 109 vídeos neste período; a ex-apresentadora de TV Leda Nagle, que hoje comanda um canal com entrevistas, também retirou do ar 23 vídeos nas últimas semanas. Garcia, que também é colunista na CNN Brasil, tinha neste domingo 1,89 milhão de inscritos e chegou a sumir com 502 vídeos em uma semana, ou 43% da sua base de videos; Leda Nagle tinha 1,06 milhão.

Acompanhe a reunião ao vivo

Com informações do Uol, CNN Brasil, Congresso em Foco, Brasil 247 e Agência Senado




0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: