IBGE que adiar Censo 2021 por falta recursos e de equipe imunizada
Além da falta de recursos, a pandemia da Covid-19 é outro empecilho para realizar o Censo Demográfico 2021. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) respondeu à Suprema Corte que as equipes que fazem a coleta de dados precisam estar imunizadas contra o coronavírus e propõe que a pesquisa seja adiada para 2022.
No dia 28 de abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello atendeu a um pedido do governo do Maranhão e determinou que fossem tomadas providências para realização do Censo ainda este ano.
Em resposta, o IBGE justifica que é necessário que as equipes de campo sejam vacinadas com antecedência de dois meses e meio a três meses antes da coleta de informações. O plenário virtual do STF começou a analisar a liminar na última sexta-feira (7).
Impactos da Covid-19
A pandemia da Covid-19 também pode impedir a realização das provas para recrutamento dos recenseadores, prevista para julho. O alerta está no ofício encaminhado ao STF e assinado pela coordenadora dos Censos do IBGE, Maria Vilma Salles Garcia.
"A mais plausível é a realização nos mesmos períodos do plano original ? com a coleta de dados nos meses de agosto a outubro, mantendo-se, assim, os mesmos prazos planejados para a operação de 2020, com ajustes na cadeia de treinamento.?
IBGE, em ofício enviado ao STF
Percalços no Censo 2021
O Orçamento da União para este ano havia destinado R$ 2 bilhões para a realização da pesquisa. No Congresso, os parlamentares reduziram o valor para R$ 71 milhões. Mas, ao sancionar o texto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fixou em R$ 53,2 milhões o valor para o Censo, o que inviabilizou a sua realização em 2021.
O IBGE argumenta ainda que caso o Censo poderia ter início em outubro deste ano. Com isso, as inscrições de candidatos para realizar o trabalho teriam que ser reabertas ainda em maio. A revisão dos dados somente ocorreria em janeiro e fevereiro.
Para o órgão, isso poderia aumentar os custos com a pesquisa e acarretar em prejuízos aos cofres públicos. Outra sugestão é realizar a partir de maio de 2022.
O argumento é que antes desse período a contratação e treinamento das equipes no início do ano por ser período de viagens e "as questões orçamentárias são prejudiciais à execução dessas atividades?, afirma o documento. O IBGE solicita que seja considerada a possibilidade de deixar todo o trabalho para 2022.
Leia também: IBGE suspende provas de concurso e inviabiliza o Censo 2021
Censo deveria ter sido feito em 2020
Essa edição do Censo já foi postergada em um ano ? deveria ter sido realizada em 2020, mas foi adiada por conta da pandemia. Sem a realização da pesquisa, especialistas afirmam que há perda de qualidade das políticas sociais, redução na distribuição de recursos para os municípios e descompasso nas pesquisas regulares de emprego e renda são algumas das consequências de um novo adiamento.
Entre os problemas causados pelo atraso está a distribuição de recursos públicos, já que o volume transferido nas cotas dos fundos de participação estaduais e municipais tem por base o número de habitantes de cada local.
O número de moradores ajuda a definir, por exemplo, os coeficientes de repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma das principais fontes de receita das prefeituras, usado sobretudo para custear a folha de pagamento. Sem a nova contagem da população, as estimativas ficam defasadas.
Realizado a cada dez anos, o Censo coleta dados da população e permite traçar um retrato abrangente do país. Além da contagem populacional, a pesquisa traz dados sobre condições de vida, emprego, renda, acesso a saneamento, saúde e escolaridade, entre outros.
Essas informações são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos públicos e privados.
Políticas afetadas pelo falta do Censo
- Calibragem da democracia representativa, através da contagem populacional (definição do número de deputados federais e estaduais e de vereadores)
- Determinação dos públicos-alvo de políticas públicas federais, estaduais e municipais
- Detalhamento da população em risco para campanhas de vacinação
- Ajustes nas políticas para superação e recuperação pós-pandemia
- Distribuição das transferências da União para estados e municípios, com impacto significativo nos orçamentos públicos (segundo o IBGE, em 2019, 65% do montante total transferido da União para estados e municípios consideraram dados de população)
- Transferências e recursos para a administração do Bolsa Família
- Identificação de áreas de investimento prioritário em saúde, educação, habitação, transportes, energia, programas de assistência a crianças, jovens e idosos
Com informações do portal IG, G1 e Reuters
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