Butantan paralisa produção da CoronaVac por falta de insumos
Nessa quarta-feira (7), o Instituto Butantan suspendeu o envase de doses da vacina CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O motivo da paralisação é o atraso no envio insumo farmacêutico ativo (IFA).
À GloboNews, o diretor do instituto, Dimas Covas, afirmou que o processo de envase foi suspenso há dez dias. Ele negou anormalidade no trâmite de entrega da CoronaVac e afirmou que houve um atraso no despacho de um lote de insumos da vacina produzida na China.
A entrega do insumo estava prevista para esta sexta-feira (9), mas chegará somente no dia 15. O atraso se dá pelo fato da empresa ter intensificado a produção de matéria-prima de vacina para uso local.
"A matéria-prima está pronta para o embarque na China, houve um problema burocrático. Não há anormalidade. Não há retenção de vacina da China. Não há nenhum ruído de comunicação entre o Brasil e a China, nem entre o Butantan e a Sinovac.?
Dimas Covas
Em nota, o instituto informou que "todas as doses provenientes do IFA recebido da China já foram envasadas?.
"Neste momento, cerca de 2,5 milhões de vacinas encontram-se em processo de inspeção de controle de qualidade ? parte integrante do processo produtivo ? para serem entregues na semana que vem ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Desde janeiro o Butantan já entregou 38,2 milhões de doses da vacina ao país.?
O Butantan também garantiu que continuará distribuindo as vacinas na próxima semana, já que possui mais 3,4 milhões prontas para a entrega. Além disso, o instituto afirma que o contrato fechado com o Ministério da Saúde, que prevê a entrega de 46 milhões de doses até o final de abril, não será alterado.
A CoronaVac, que foi duramente criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por sua origem, corresponde a mais de 80% das imunizações contra a Covid-19 aplicadas no Brasil.
Desabastecimento
Apesar do Butantan garantir normalidade, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Eduardo Lula, assegura que o Brasil corre o risco de sofrer um apagão de vacinas nas próximas semanas por decisões erradas no passado.
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"A gente apostou mal, a gente rejeitou vacinas e, agora, não tem vacina suficiente para o Brasil. A gente tinha condição de ter começado a vacinar em novembro do ano passado?, afirmou à rádio CBN.
Os riscos se potencializam com as dificuldades encontradas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em dar tração à sua produção. Isso porque, para esta semana, em que era prevista a disponibilização de 3,2 milhões de doses, o laboratório só entregará 2 milhões. O motivo seriam falhas técnicas ocorridas em março e que demandaram importação de novas peças, atrasaram a produção, o que ainda reflete na entrega atual.
Fabricantes não vão negociar com setor privado
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, as farmacêuticas Pfizer, Janssen, AstraZeneca, Fiocruz e o Instituto Butantan, afirmaram que não planejam negociar a venda de vacinas contra a Covid-19 com setor privado. Os fabricantes destacaram que têm contratos com o governo federal e priorizam o fornecimento de imunizantes para o setor público.
Em nota, a Pfizer e a sua parceira BioNTech afirmaram entender que o imunizante contra a Covid-19 deve ser fornecido à população em geral e, por isso, está comprometida a "trabalhar em colaboração com os governos em todo o mundo para que a vacina seja uma opção na luta contra a pandemia, como parte dos programas nacionais de imunização?.
A farmacêutica britânica AstraZeneca afirma, também em nota, que tem trabalhado "incansavelmente? para cumprir o "compromisso de acesso amplo e equitativo no fornecimento da vacina para o maior número possível de países?. Por esse motivo, alegam que não será disponibilizado vacinas para o mercado privado ou para governos municipais e estaduais no Brasil. As demais farmacêuticas reforçaram o compromisso com o Ministério da Saúde e o Programa Nacional de Imunização (PNI).
Na terça-feira (6), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que permite a compra dos imunizantes pela iniciativa privada. A proposta, que encontra resistência da esquerda e da própria Agência Nacional de Saúde (Anvisa), ainda precisa passar pelo Senado e pela sanção presidencial.
Com informações do G1 e do Estadão
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