Instituto Pensar - FMI recomenda apoio a saúde, famílias e empresas para retomar economia

FMI recomenda apoio a saúde, famílias e empresas para retomar economia

por: Igor Tarcízio 


As afirmações do FMI são parte de relatório que destaca a necessidade de um programa de imunização amplo e de medidas para reduzir as desigualdades sociais (Imagem: Reprodução/Agência Brasil)

Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para o risco da retirada antecipada dos auxílios emergenciais e de medidas de apoio fiscal durante a pandemia da Covid-19. O fim prematuro desses mecanismos pode retardar a recuperação da economia global. A instituição defendeu a continuidade do apoio aos sistemas de saúde, às famílias, às empresas e à recuperação econômica até que a crise sanitária seja controlada globalmente.

O alerta vem no momento em que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) reduz o valor do auxílio emergencial, a fome atinge mais de 19 milhões de brasileiros e a "Lei Fura Fila da Vacina? avança no Congresso. No caso do Brasil, as micro e pequenas empresas continuam com dificuldades ou sem acesso às créditos para sobreviverem.

FMI defende vacinação ampla

No relatório "Monitor Fiscal ? Uma Dose Justa", divulgado nesta quarta-feira (7), o FMI destaca a necessidade de um programa de imunização amplo e de medidas para reduzir as desigualdades sociais.

"As prioridades da política fiscal incluem apoio contínuo conforme necessário, enquanto a vacinação prossegue e a recuperação se fortalece?, diz o Fundo no relatório. "Em geral, quanto mais tempo durar a pandemia, maior é o desafio para as finanças públicas.?

Elias Vaz comenta relatório do FMI

No Twitter, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) afirmou que "os auxílios impactam não só a população de baixa renda, mas a economia como um todo?.

Vacinar pode reduzir despesas

No texto, o FMI afirma que a vacinação global pode ser o projeto público com o maior retorno já identificado, ao promover ganhos de crescimento econômico e redução nas despesas com programas de auxílio a famílias e empresas.

Segundo o Fundo, o custo da vacinação global se pagaria com um mercado de trabalho e uma atividade econômica mais fortes, que levariam ao aumento da arrecadação de impostos e à redução considerável das medidas de apoio fiscal.

Em um ano de pandemia, o gasto mundial com apoio fiscal alcançou US$ 16 trilhões, aproximadamente o valor do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2019. O diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, Vitor Gaspar, comenta que a "vacinação global pode muito bem ser o projeto público com o maior retorno já identificado.?

"A corrida para a vacinação está acelerando, mas o progresso é muito desigual em todos os países e regiões do mundo. Se o progresso na vacinação for acelerado para atingir a todos, os benefícios de saúde, econômicos e sociais seriam enormes.?
Vitor Gaspar

Gaspar afirma também que um ciclo vicioso de desigualdade pode se transformar em uma rachadura sísmica política e social. Ele defende ser necessário garantir acesso a serviços públicos básicos (saúde, educação e segurança social) e fortalecer políticas redistributivas. "Essas fortes demandas no setor público exigem um bom governo.?

Acesso justo à vacina

Segundo o Fundo, é "crucial garantir o acesso justo a vacinas seguras e eficazes para todos?, começando com os trabalhadores da linha de frente e aqueles em grupos de alto risco, independentemente das fronteiras nacionais. "Cooperação global, incluindo suporte financeiro para o Covax [consórcio global de vacinas dirigido pela Organização Mundial da Saúde], é necessário para fornecer suprimentos para países com atrasos nos esforços de vacinação.?

Nesta terça (6), o ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou ao FMI pedido de cooperação internacional para diminuir a desigualdade de financiamento e distribuição de vacinas contra a Covid-19 entre os países.

Em um momento em que muitas economias reduzem as medidas de apoio fiscal, como o Brasil, o Fundo avalia que os governantes precisam equilibrar as desvantagens de ter uma grande e crescente dívida pública e privada com os riscos da retirada prematura do apoio fiscal, que pode retardar a recuperação.

Taxação de grandes fortunas

No relatório o Fundo voltou a propor a taxação global de altas rendas e riquezas para financiar, temporariamente, a recuperação da economia no pós-pandemia.

"Para ajudar a atender às necessidades de financiamento relacionadas à pandemia, os formuladores de políticas podem considerar uma contribuição temporária para recuperação da Covid-19, cobrada sobre altos rendimentos ou riquezas?, diz o FMI.

Segundo a instituição, reformas tributárias domésticas e internacionais nesse sentido são necessárias, especialmente quando a recuperação ganha impulso, para acumular recursos necessários para melhorar o acesso a serviços básicos, redes de proteção social e revigorar os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).



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