Instituto Pensar - Bolsonaro se diz preocupado com ?problemas sociais? nas Eleições 2022

Bolsonaro se diz preocupado com ?problemas sociais? nas Eleições 2022

por: Igor Tarcízio 


O presidente Jair Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

Nesta quarta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse estar preocupado com "problemas sociais gravíssimos? durante as Eleições de 2022. O chefe do Executivo afirmou ter cobrado informações sobre efetivo das Forças Armadas para conter uma suposta crise durante o pleito do ano que vem.

Bolsonaro também comentou que tem discutido o uso das forças militares para o caso do Brasil ter "distúrbios sociais? em um cenário de agravamento da crise causada pela pandemia da Covid-19O presidente voltou a dizer que teme problemas "gravíssimos? causados pelas restrições de circulação.

Leia também: Entre lealdade a Bolsonaro ou a Constituição, militares escolheram a última opção, diz FT

"Eu tenho dito publicamente: eu temo por problemas sociais gravíssimos no Brasil. Converso com as nossas Forças Armadas, se eclodir isso pelo Brasil, o que nós vamos fazer? Temos efetivo para conter? A quantidade de problemas que podemos ter pela frente? E outra: é uma explosão por maldade ou necessidade? O que podemos fazer para evitar isso daí, como nos preparar?, disse.

De acordo com o portal Metrópoles, o mandatário tem insistido na ideia de que pode haver saques e revoltas causadas pela falta de emprego e renda da população.

Em Chapecó, onde foi conhecer medidas tomadas pelo prefeito João Rodrigues, que supostamente teriam reduzido a necessidade de interação de pacientes ? na verdade, de acordo com boletim da própria prefeitura, as UTIs estão com mais de 93% de ocupação ?, Bolsonaro voltou a dizer que o Exército não será usado para obrigar as pessoas a ficarem em casa.

Dessa vez, no entanto, o presidente não usou a expressão "meu Exército?, que foi muito criticada nas últimas semanas, mas "nosso Exército?.

"Não vai ter lockdown nacional?

Em seguida, voltou a dizer que não decretará ?lockdown? ou medidas de restrição como já foi pedido por governadores, prefeitos e até empresários. "Seria muito mais fácil ficar quieto, se acomodar, não tocar nesse assunto. Ou atender como alguns querem de mim, para ter um lockdown nacional. Não vai ter lockdown nacional?, disse.

O presidente lembrou que nunca foi favorável a medidas de restrição de circulação e reclamou de "apanhar? por ser contrário a elas.

"Eu acho que sou o único líder mundial que apanha isoladamente. O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria, se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente de mim. O nosso inimigo é o vírus, não o presidente, a governadora ou o prefeito?, afirmou.

Contra a ciência

Especialistas têm repetido inúmeras vezes que medidas de restrição de circulação são necessários para conter a disseminação do coronavírus entre a população, como têm feito vários países ao longo da pandemia.

Leia também: Governo Bolsonaro pagou influenciadores para defender uso do ?kit Covid?

Por outro lado, Bolsonaro seguiu defendendo nesta quarta o chamado "tratamento precoce", que prega desde o início da pandemia, com uso de medicamentos que não têm eficiência no tratamento da Covid-19, elogiando o prefeito de Chapecó, que disse, em um vídeo compartilhado por Bolsonaro, ter dado liberdade aos médicos da cidade para fazer o "tratamento precoce?.

"Por que essa campanha mundial contra métodos, médicos e quem fala pelo tratamento imediato? Vamos buscar alternativas, não vamos aceitar a política do fique em casa, feche tudo lockdown. O vírus não vai embora. Esse vírus como outros vieram para ficar e vão ficar a vida toda, é praticamente impossível erradicar. Vamos ver nosso país empobrecer??, disse.

Leia também: ?Kit Covid? leva pacientes à fila do transplante de fígado

O presidente elogiou a ação do prefeito como um exemplo de controle da epidemia sem ter apelado a medidas de restrição. Rodrigues, no entanto, impôs sim medidas que proibiram eventos, fechou bares e restaurantes, reduziu horários do comércio, a partir da metade de fevereiro.

Segundo a Reuters, os números de contaminados pela Covid-19 em Chapecó dispararam em janeiro, depois das festas de final de ano. Desde a adoção das medidas de restrição, a contaminação na cidade caiu, de acordo com dados da prefeitura.

Contradição

No vídeo compartilhado por Bolsonaro, Rodrigues aparece comemorando que não havia mais internados no chamado Centro Avançado de Atendimento da cidade. Na verdade, os doentes do local foram distribuídos para outros hospitais, em Chapecó e em outras cidades do oeste catarinense. Nesta quarta-feira, de acordo com dados do site da prefeitura, o município ainda tem 100% de lotação das UTIs privadas e 93% de lotação nas UTIs públicas, uma média acima do considerado seguro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Chapecó já teve, ainda segundo a prefeitura e dados compilados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 541 mortes por Covid-19, 409 delas acontecendo desde janeiro. Com uma população de 224 mil pessoas, isso significa que a taxa de mortes por Covid-19 no município, de 241 mortes por 100 mil habitantes, está bem acima da média nacional, de 160 por 100 mil habitantes.



0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: