Instituto Pensar - Preço do gás natural vai subir e parte da conta é do consumidor

Preço do gás natural vai subir e parte da conta é do consumidor

por: Igor Tarcízio 


O reajuste será repassado ao consumidor final, embora não na mesma proporção, segundo a associação que reúne as distribuidoras (Imagem: Reprodução)

Em maio, o preço do gás natural irá pesar ainda mais no bolso dos brasileiros. Após passarem por apuros com os alimentos, os planos de saúde, os combustíveis e, mais recentemente, com a inflação dos medicamentos, aqueles que precisam comprar gás natural terão de fazer as contas e realinhar o orçamento nas próximas semanas.

Nesta segunda (5), a Petrobras anunciou que o preço do produto para as distribuidoras vai subir 39% em reais por metros cúbicos (R$/m³), enquanto o aumento na cotação em dólar será de 32%, na comparação com o trimestre encerrado em dezembro.

O reajuste será repassado ao consumidor final, embora não na mesma proporção, segundo a associação que reúne as distribuidoras. O aumento não afeta o gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, que subiu 5% no sábado e já acumula alta de 22,7% em 2021, mas impacta o GNV e o gás encanado que chega às casas e às indústrias.

O reajuste é percentualmente expressivo porque ocorre trimestralmente, ou seja, apenas de três em três meses. A alta reflete a subida de preços já observada em outros combustíveis, como a gasolina e o diesel.

"Querem matar de fome os taxistas e asfixiar a indústria?, afirmou o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) nas redes sociais.

Em clara demonstração de indignação, o socialista ainda cita a isenção de impostos, promovidas pelo governo federal, na compra de armas, agrotóxicos e do perdão de dívidas à igrejas e templos. "Se sobrevive ao COVID ? difundido por Bolsovírus, morre sem ter como comprar alimento, pela inflação (sic) ", escreveu.

Combustíveis

Neste ano, a Petrobras já reajustou a gasolina em 46,2%, o diesel em 41,6% e o GLP em 17%. Com mais esse aumento, o impacto sobre a inflação será em efeito dominó. Insumo importante para indústrias e termoelétricas, o gás canalizado também é utilizado como matéria-prima de alguns produtos. Elevação de custos para indústrias resultam em repasse para os preços ao consumidor.

Os preços do etanol (8,06%) do gás veicular (0,69%) também subiram. Com isso, os combustíveis acumulam alta de 28,44% nos últimos nove meses.

Reajuste de medicamentos

Na última semana, o governo de Jair Bolsonaro anunciou reajuste de 10,08% nos preços de medicamentos. Segundo a indústria farmacêutica, essa mudança nos valores era esperada, pois as matérias-primas para produção subiram muito no exterior, devido à alta demanda causada pela pandemia da Covid-19.

O aumento virou alvo do deputado federal Denis Bezerra (PSB-CE), que apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL), que busca suspender o aumento dos fármacos. O socialista argumentou que o PDL é para que "a população brasileira ainda consiga comprar medicações sem precisar pagar mais?.

Segundo o parlamentar, com um auxílio emergencial correspondente a 1/3 do entregue no ano passado, fica ainda mais difícil aceitar esse aumento. "No ano passado, Congresso aprovou um auxílio emergencial de R$ 600. Neste ano, o auxílio, que ainda nem começou a ser pago, foi fixado em parcelas que vão de R$ 175,00 até R$ 375,00. Não será suficiente!?, declarou.

Alta no preço dos alimentos

Se ir à farmácia ou abastecer o carro ficou mais caro, fazer as compras do mês se tornou uma verdadeiro desafio. Com a alta no preço até de alimentos básicos, famílias viram seu poder de compra reduzirem cada vez mais.

O quilo do arroz subiu quase 70%; o feijão preto, 51%; a batata, 47%; a carne, quase 30%; leite, 20%; e no óleo de soja alta de 87%.

Em 12 meses desde o início da pandemia do coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% no país, quase três vezes a taxa oficial de inflação do período, que ficou em 5,20%, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os vilões desse aumento são os combustíveis, que continuam pressionando a inflação. Para se ter uma ideia, os dois últimos índices divulgados, o Índice de Preços ao Consumidor ? Semanal (IPC-S) e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulam alta de 5,76% e 5,20%, respectivamente, nos últimos 12 meses. É uma matemática mais ou menos assim: o combustível sobe, com isso o preço do frete para entregar os alimentos nos pontos de venda, também aumenta. E quem paga a conta? Os consumidores, inclusive quem não tem veículo.

Projeções nada otimistas

Para os próximos meses, a expectativa é de pressões ainda maiores dos preços da gasolina, item com maior peso na composição do IPCA, que já foi reajustada nas refinarias seis vezes desde janeiro. De acordo com a Folha, sem refresco do dólar, itens como como combustíveis devem continuar em alta.

Em 2020 governo chegou a anunciar medidas para tentar conter a escalada, como a isenção de impostos para a importação de arroz, mas os impactos foram pequenos. A alta do custo de vida já se tornou tema de campanhas contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais.

Com a inflação em alta, a expectativa do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central eleve a taxa básica de juros na semana que vem, que está inalterada em 2% ao ano desde agosto de 2020.



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