Instituto Pensar - Covid-19: Brasil só deve concluir vacinação de prioritários no 2º semestre

Covid-19: Brasil só deve concluir vacinação de prioritários no 2º semestre

por: Eduardo Pinheiro


Macas no corredor do Hospital Santa Clara ? Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

Com a escassez de doses causando lentidão na vacinação contra à Covid-19 no Brasil, especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram que os grupos prioritários (77,2 milhões de pessoas) não estarão imunizados antes de setembro. Qualquer previsão mais otimista depende que sejam vacinados pelo menos um milhão de indivíduos por dia, o que não está ocorrendo mesmo tendo capacidade no sistema público de saúde.

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Na última quinta-feira (1), pela primeira vez desde o início da campanha, o país conseguiu imunizar pouco mais de um milhão de pessoas. No outro dia, no entanto, o número voltou ao patamar de 300 mil. O principal problema é a escassez de doses distribuídas pelo Ministério da Saúde, que já cortou pela metade a entrega do mês de abril.

Como o governo federal não garantiu a compra em 2020, o Brasil agora tem dificuldades para a aquisição de imunizantes prontos e também de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) ? matéria-prima necessária à produção nacional de vacinas no Instituto Butantan, em São Paulo, e em Biomanguinhos/Fiocruz, no Rio.

Portanto, especialistas avaliam que esse fluxo contínuo de um milhão de vacinações por dia só deverá ser viável em setembro, quando Biomanguinhos começar a produzir o IFA da vacina de Oxford/AstraZeneca. Mas mesmo esse cronograma pode mudar, já que a assinatura do contrato de transferência de tecnologia entre AstraZeneca e Fiocruz está atrasado há quatro meses.

Coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt explica a matemática: "Para metade da população receber uma dose até o meio do ano, teríamos de vacinar, já a partir de agora, 970 mil por dia; para duas doses, seriam praticamente dois milhões por dia.?

Pelas redes sociais, o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), relembrou ainda que no ano passado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recusou a oferta de de 70 milhões de doses da vacina Pfizer.

Butantan entrega mais 1 milhão de doses

O Instituto Butatan entregou nesta segunda-feira (5) mais um milhão de doses da vacina contra a Covid-19 ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Com o lote desta manhã, o instituto forneceu um total de 37,2 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e duramente critica pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no início da pandemia.

Até o fim deste mês, o Butantan deve finalizar o primeiro contrato firmado com o Ministério da Saúde para fornecimento de 46 milhões de doses do imunizante. Até o fim de agosto devem ser fornecidas mais 54 milhões de doses ao PNI, totalizando 100 milhões de doses de CoronaVac.

Jovens tentam vacina no Uruguai

De acordo com reportagem da BBC News Brasil, com a demora da vacinação em meio ao pior momento da pandemia, brasileiros com mais de 18 anos e que possuem cidadania uruguaia então atravessando a fronteira para serem vacinados no Uruguai.

Entre eles, está Abdel Perez, com 18 anos recém-completados, que já tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Ele mora em Santana do Livramento, no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, e foi ao país vizinho só para se imunizar.

"Foi fascinante, uma surpresa muito boa. Não esperava ser vacinado tão rápido, porque estava aguardando no Brasil, onde demoraria muito, muito mesmo?, diz o jovem à BBC News Brasil.

Há também vários uruguaios que vivem no Brasil e foram ao país de origem para serem imunizados. Brasileiros que trabalham no Uruguai também estão sendo vacinados lá.

Sem a lentidão no sistema e na compra das vacinas, o país planeja vacinar cerca de 70% de seus quase 3,5 milhões de moradores até o fim do primeiro semestre deste ano.

Com informações do jornal Estadão e BBC News Brasil



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