Rejeição a Bolsonaro na pandemia bate recorde e chega a 54%, diz Datafolha
por: Eduardo Pinheiro
Com o Brasil se aproximando do patamar de 3 mil mortes diárias pela Covid-19 e com o quarto ministro assumindo o Ministério da Saúde, mais da metade dos brasileiros rejeitam a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia. É a primeira vez que o Datafolha registra 54% de rejeição ao governo.
A avaliação negativa sobre a postura do governo no enfrentamento à Covid-19 deu um salto de seis pontos percentuais em dois meses ? o índice era de 48% em janeiro. Hoje, apenas 22% do entrevistados acreditam que a atuação é ótima ou boa, enquanto 24% afirmam que é regular ? em janeiro, eram de 26% e 25%, respectivamente. Não opinou 1%.
A rejeição encontra seu ponto mais alto entre aqueles com ensino superior: 55%. Já o pico de aprovação, também 55%, é identificado entre empresários, grupo que o presidente busca agradar combatendo medidas de fechamento do comércio.
A aprovação também é maior do que a média entre moradores do Sul (39%) e evangélicos (37%). A reprovação, por sua vez, tem seus maiores índices entre pretos (55%), aqueles com renda mensal acima de dez salários mínimos (54%) e entre moradores do Nordeste (49%).
No olhar geral sobre a administração do governo Bolsonaro, a reprovação chega a 44%, mesmo patamar de junho do ano passado. Após esse índice, a taxa veio em uma sequência de queda com o auxílio emergencial. Depois de chegar a 32% em dezembro, o índice voltou a subir até repetir o maior valor desde o início do governo. O governo é tido como ótimo ou bom por 30% ? eram 31% em janeiro ? e como regular por 24% ? eram 26% há dois meses.
O instituto ouviu por telefone 2.023 pessoas nos dias 15 e 16 de março. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Bolsonaro culpado
Ainda de acordo com a pesquisa, 43% dos brasileiros consideram Bolsonaro o principal culpado pela gravidade da pandemia, que já matou mais de 282 mil pessoas no país e causou o colapso nacional no sistema de saúde. Desde o início da crise, o presidente vem minimizando a doença, defendendo remédios sem eficácia comprovada e criticando medidas de isolamento social.
O desempenho do Ministério da Saúde, que terá o quarto ministro desde o início da crise sanitária, é considerado ruim ou péssimo por 39% dos brasileiros, um crescimento de nove pontos percentuais em relação a janeiro. Há ainda 32% que consideram a gestão regular, enquanto 28% dizem ser ótima ou boa.
Já os governadores de estado, que em grande parte têm defendido medidas de isolamento e saíram a frente do governo federal na busca da vacina, são vistos como culpados apenas por 17%. Prefeitos ficam com 9% das menções.
Recorde histórico
Bolsonaro se aproxima agora da má avaliação até aqui recordista para um presidente eleito em primeiro mandato desde 1989. O recorde até hoje pertence a Fernando Collor, que no mesmo ponto do mandato, em 1992, era rejeitado por 68% e tinha 21% de avaliação regular. Seu apoio, no entanto, era de apenas 9%.
Todos os outros nomes nesse estágio, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até Dilma Roussef (PT), se saem muito melhor que o atual mandatário.
Com informações da Folha de S. Paulo e O Globo
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