?Sincericídio? de Mourão de que ?governo falhou? foi considerado tardio pelos socialistas
por: Hylda Cavalcanti
O gesto de sincericídio do vice-presidente da República Hamilton Mourão (PRTB), ao afirmar, na noite da segunda-feira (15), que o governo falhou e deveria ter adotado desde o início da pandemia uma campanha de conscientização da população pelo uso de máscaras e contra aglomerações repercutiu entre políticos do PSB. A fala de Mourão foi considerada tardia, mas verdadeira por muitos.
A declaração também remeteu a vários alertas por parte de parlamentares socialistas para a necessidade de mudança de postura do governo e, em especial, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deixando de lado práticas negacionistas e de sabotagem de regras sanitárias. Na entrevista, concedida ao canal MyNews e reproduzida depois pelo jornal Folha de São Paulo, Mourão considerou um erro o governo não ter feito "uma campanha séria de de conscientização da população?.
"Não é uma questão de lockdown ou não lockdown, mas uma questão das pessoas entenderem que elas têm que se resguardar o máximo possível, evitando, vamos dizer, aglomerações com gente que desconhecem?, declarou o vice. "Uma coisa é você estar em reunião em família que todo mundo você sabe de onde veio, se teve doença, se não teve doença, se teve contato, se não teve contato. Outra coisa é você ir para ambiente onde não há nenhum tipo de controle. E isso a gente deveria ter falado o tempo todo. Assim como as próprias questões mais elementares, do uso de máscara, de lavar as mãos, do uso de álcool. Foi uma falha nossa, poderíamos ter trabalhado melhor?, admitiu, ainda, o militar.
?Reconhecimento tardio e inútil?
"Precisou passar um ano inteiro de pandemia para Mourão dizer que o Governo falhou ao não fazer campanha pelo uso de máscaras e contra aglomeração? Além de tardio, esse reconhecimento será inútil se Bolsonaro continuar com o negacionismo e a sabotagem às medidas sanitárias?, destacou em suas redes sociais o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).
De acordo com ele, mesmo com esse reconhecimento do vice-presidente, as perspectivas sobre os cuidados do Executivo Federal com a pandemia não são bons, já que o futuro ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou que "a política de saúde não é do ministro, é do governo Bolsonaro?. "Tomara que Queiroga não esteja falando sério. Se estiver, a catástrofe que estamos vivendo vai se agravar?, avaliou o parlamentar.
Também o deputado Elias Vaz (PSB-PE) demonstrou preocupação com a situação do país, diante da declaração de Mourão. "O próprio vice-presidente da República reconhece que o governo está errado. O governo falhou e continua falhando ao boicotar a ciência e não ter competência para vacinar o nosso povo?, destacou ele.
Vaz afirmou que sente, ao mesmo tempo, muita tristeza e indignação com a pandemia. "Estamos pagando caro por ter um presidente negacionista e incompetente. Lamento cada vida perdida, por todas as famílias em luto. E continuamos lutando pela vacina para todos?, frisou.
Pela instalação da CPI
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) ressaltou que "se todo mundo no governo fosse como Mourão, ou seja, soubesse reconhecer os erros, tudo estaria melhor?. Kajuru disse considerar "chocante? que o Brasil esteja quebrando recordes macabros de mortes durante a pandemia.
Também do Senado, a senadora Leila Barros (PSB-DF) passou a engrossar o coro de parlamentares que atuam, nos últimos dias, por pedidos pela instalação de uma CPI para apurar erros e omissões do Executivo Federal no combate à pandemia da Covid-19.
"Temos de agir. O Senado não pode continuar letárgico. Devemos assumir nossa responsabilidade e instalar essa comissão independentemente de quem possa ser atingido. É nossa obrigação dar uma resposta à sociedade?, afirmou ela.
Já o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) lembrou, com as declarações, que estão relacionadas à forma errada de combate à pandemia como um todo. O deputado destacou em suas redes sociais reportagens em que a médica que recusou o convite de Bolsonaro para o ministério da Saúde. Ludhmila Hajjar, afirma ter uma posição "distinta do governo.
"Com essa declaração, a médica sinalizou que o presidente estava procurando um negacionista para manter a política que já causou quase 280 mil mortes pela Covid. Está tudo relacionado?, enfatizou.
Por parte dos governadores, Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, atacou, durante uma coletiva de imprensa esta tarde, a postura do Governo Federal de não ser o coordenador do combate a pandemia a nível nacional. Casagrande, que está envidando esforços para amenizar a pandemia no seu estado por meio de ações diversas, criticou a demora da vacinação e o negacionismo propagado por Bolsonaro e seus ministros.
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