Covid-19: apenas três estados estão com taxa de ocupação de UTI abaixo de 80%

A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já ultrapassa 80% em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF), ao mesmo tempo em que 12 unidades federativas lidam com o colapso nos sistemas de internação por atingirem mais de 90% de ocupação ? taxa que inviabiliza a rotatividade de leitos entre pacientes.

De acordo com as secretarias de Saúde, apenas Amazonas (79,7%), Roraima (72%) e Rio de Janeiro (76,5%) ainda conseguem operar com níveis sustentáveis de internados. Nos estados da região Norte, a tendência é de queda e estagnação. Na última atualização dos dados, Amazonas registrava 83,3% de ocupação e Roraima manteve o percentual, já o Rio de Janeiro tinha 75,5% até a última sexta-feira (12).

Situação dos leitos de UTI nos estados

Em contrapartida, o Sul o país voltou a registrar os piores índices de internação do país. Os três estados que compõem a região estão com taxas de ocupação acima dos 95%. O Rio Grande do Sul (99,7%), que já atingiu 119% de ocupação e conseguiu reverter a situação, além de se aproximar do colapso no Sistema Único de Saúde (SUS), convive com a crise da superlotação na rede privada (110%). Paraná (97%) e Santa Catarina (98,9%) também avançam rapidamente rumo ao agravamento dos indicadores.

A região Centro-Oeste conseguiu controlar a situação na última semana, mas ainda assim com níveis muito altos de internação. O Mato Grosso do Sul (86%) é o estado que mais se destaca, pois partiu de 105% de ocupação dos leitos públicos de UTI adulto para 86%. Goiás (97,7%) conseguiu controlar os seus indicadores, mas o Mato Grosso (99,07%) e, especialmente, o Distrito Federal (99,66%) registram pioras acentuadas em um curto espaço de tempo.

Na região Norte do país a situação também é grave: Acre (94,3%), Tocantins (92%), Rondônia (100%), Amapá (86,9%) e Pará (82,1%) estão em crise, em especial por não registrarem tendência de queda, mas sim estagnação e agravamento em muitos estados já comprometidos. Por outro lado, Roraima e Amazonas conseguiram frear o contágio em seus territórios.

No Nordeste, o colapso atinge quatro estados: Pernambuco (95%), Ceará (91,3%), Rio Grande do Norte (93,3%) e Piauí (90,4%). Os três últimos, com crise ainda mais aguda por contabilizarem os dados com a somatória da ocupação nas redes privada, pública e contratualizada. Os demais estados da região estão acima de 80%, mas sem grandes oscilações. São eles: Paraíba (85%), Maranhão (82%), Bahia (88%) e Sergipe (84,1%), Alagoas (81%).

Por fim, a região Sudeste apresenta índices de piora gradual na disponibilidade de leitos de UTI. Mesmo com o Rio de Janeiro abaixo da taxa de 80%, todos os quatro estados que compõem a região registraram piora ou estagnação dos indicadores desde a última atualização. São Paulo (87,6%) ? que apresenta a situação mais grave ?, estagnou, Minas Gerais (83,7%) piorou 2% em 24 horas, Espírito Santo (84,67%) também estagnou e o Rio de Janeiro (76,5%) piorou em 1% a taxa no último período.

Projeções pessimistas

Para a CNN Brasil, o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, disse que não há prognóstico de melhora da situação imediatamente. "Eu não consigo ver uma perspectiva a médio ou curto prazo em que a gente possa respirar de maneira mais tranquila. Eu gostaria dizer exatamente o contrário, mas tudo leva a crer que a gente ainda vai patinar nisso?, afirmou.

"Essa variante (de Manaus) tem uma capacidade muito mais intensa de transmissibilidade e, obviamente, o número de pessoas acometidas é escandalosamente alto e esta demanda vai para as estruturas hospitalares que não vão dar conta. Não adianta eu abrir 10 leitos hoje, porque amanhã eu precisarei de 20. É uma roda viva que não se encerra?, disse Jamal.

Segundo o infectologista, a situação alarmante já era prevista e a única solução são as medidas de isolamento adotada pelos estados.

"Nós temos chamado a atenção há alguns meses sobre a possibilidade concreta para evoluirmos para a situação que estamos vivenciando agora. Nesse momento de intensa crise, outra solução que não sejam estas medidas que estão sendo tomadas, de bloqueio das cidades e da circulação das pessoas, a gente não tem?, falou

Covid-19 no Brasil

De acordo com informações do consórcio de veículos, o país contabiliza mais 11,5 milhões de casos e 279,6 mil óbitos pela Covid-19 desde o início da pandemia.

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A média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias chegou a 1.855, novamente um recorde. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +46%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença

Com informações da CNN Brasil, G1 e Secretarias de Saúde