Cotada para Saúde, Ludhmila Hajjar rejeita convite de Bolsonaro
por: Nathalia Bignon
Na manhã desta segunda-feira (15), a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, uma das cotadas a substituir o general da ativa Eduardo Pazuello no comando do ministério da Saúde, comunicou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)que não aceita assumir o Ministério da Saúde. A informação foi divulgada em primeira mão pela jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha de São Paulo.
À CNN, a médica afirmou que recusou o cargo porque sempre teve sua vida pautada pela ciência, sem criticar diretamente o negacionismo do governo. "Queria agradecer pela lembrança do meu nome. Ser lembrado, na carreira de médico, para assumir o cargo mais importante da sua carreira, é realmente algo que merece todo o agradecimento e honraria. E eu fiquei muito honrada pelo convite do presidente Bolsonaro. Mas acho que não é o momento para assumir a pasta do Ministério da Saúde, por alguns motivos, principalmente técnicos?, disse.
Ela afirmou que suas expectativas com relação à pandemia está acima de qualquer ideologia ou expectativa que não seja pautada na ciência. "Eu sou uma pessoa que pautou minha vida nos estudos e na ciência. Vou continuar assim e vou estar sempre à disposição do Brasil. Vou estar muito honrada porque entendi que não foi um convite apenas do presidente Bolsonaro, mas de brasileiros que são líderes, como ministros e o presidente da Câmara. Isso me honra muito e mostra que o Brasil está procurando um rumo para salvar a vida das pessoas?, afirmou.
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Com a desistência, os outros nomes cotados para o cargo agora passam a ser os do cardiologista Marcelo Queiroga e o do deputado federal Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), o "Dr. Luizinho?, que preside a comissão especial do Congresso que acompanha a Covid-19.
Discordâncias com Bolsonaro
Ludhmila se reuniu no domingo (14) por quase três horas com o presidente e o atual ministro. Depois que a coluna divulgou que os dois conversavam, Ludhmila passou a ser alvo de ataques ferozes de bolsonaristas no próprio domingo. Eles não concordam com o apoio dela a medidas de isolamento social, à vacinação em massa de brasileiros e à constatação de que até hoje nenhum estudo confirmou a eficácia de medicamentos como a cloroquina no tratamento da doença.
Foram divulgadas também declarações críticas dela à condução da epidemia no país e um vídeo de uma live que fez com a ex-presidente Dilma Rousseff, além de um suposto áudio em que a médica teria se referido a Bolsonaro como "psicopata?. Ela nega a veracidade do áudio.
A volta do ?Capitão Cloroquina?
Bolsonaro, por sua vez, resiste a aderir a um discurso a favor do isolamento. E segue insistindo que o tratamento precoce, especialmente com a cloroquina, funciona. E passou a se sentir desconfortável depois que percebeu que a médica não se enquadraria na política que ele pretende seguir implementando para a área.
Ministros, auxiliares do presidente e políticos que defendiam a cardiologista no Ministério da Saúde tentaram reverter a situação nesta manhã, mas foi em vão.
Havia uma crença de que ela acabaria aceitando o convite, por ter se entusiasmado, num primeiro momento, com a possibilidade de ir para o governo quando foi convidada para conversar com Bolsonaro.
Ela teria projetos e clareza do que acredita ser necessário fazer para frear a epidemia e evitar um colapso geral no Brasil. Os ministros acreditam que o sonho de ser ministra pode acabar pesando mais do que as divergências abissais que ela tem com o presidente em relação ao combate à Covid-19.
Com informações da CNN, Correio Braziliense e Folha de S.Paulo
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