Bolsonaro colaborou com aumento de mortes, diz diretor da Associação Médica Mundial
por: Eduardo Pinheiro
À frente da Associação Médica Mundial (WMA), entidade que produz orientações relacionadas ao trabalho dos médicos, o psiquiatra e professor da Unifesp, Miguel Roberto Jorge, atribui parte do avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil à postura de descaso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Jorge afirma que se o presidente tivesse uma conduta "sensata e alinhada com o que os experts em saúde e profissionais de Medicina? o número de pessoas que iriam se expor ao vírus seria reduzido e, portanto, ocasionaria menos mortes.
Ele assumiu o cargo como diretor da WMA, que reúne entidades médicas de cerca de 115 países e que representa mais de 10 milhões de profissionais da área, em 2018, pouco antes do mundo assistir à descoberta do vírus.
"O líder maior, o presidente da República, no meu modo de ver, contribuiu bastante, com suas falas inadequadas e comportamentos, para o aumento de infecções e mortes pela Covid. Se tivesse tido conduta sensata e alinhada com o que os experts em saúde e profissionais de Medicina, teríamos menos mortes?, afirmou.
Na noite da quarta-feira (3), autoridades de saúde registraram a morte de 1.910 pessoas por complicações da Covid-19. No total, o número de óbitos chegou a 259.271 desde o início da pandemia. Ainda há 2.867 falecimentos em investigação.
Ainda segundo o diretor da entidade, o governo Bolsonaro esteve mais preocupado em minimizar a pandemia do que com os riscos da Covid-19 para a população.
"Infelizmente, o governo federal esteve, durante toda a pandemia, muito mais preocupado em alardear que a situação não era séria para que, de alguma forma, as pessoas continuassem trabalhando e tocando a economia do país. Mais preocupado em como isso poderia afetar a economia do país do que propriamente voltando os olhos de maneira responsável para cuidar da ameaça que existia e existe sobre a saúde das pessoas.?
O falso "tratamento precoce? de Bolsonaro
O diretor da entidade também descarta existir qualquer "tratamento precoce? contra a Covid-19 e criticou a falta de posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) mais firme sobre o tema. Em nota, o órgão afirma que "defende a autonomia médica? e que "não apoia ou proíbe? o tratamento precoce.
"Cloroquina, ivermectina, antiparasitários, infelizmente, têm sido indicados e prescritos por médicos. A nosso modo de ver, representa um risco adicional, porque as drogas não são inócuas. Para pacientes com comorbidades, algumas dessas drogas chegam a representar um perigo?, ressalta.
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