Colapso sanitário do Brasil repercute na imprensa internacional
por: Nathalia Bignon
O colapso da saúde brasileira diante do avanço da Covid-19 e o negacionismo de Jair Bolsonaro (sem partido) frente à catástrofe que devasta o país vem repercutindo diariamente na imprensa internacional. Além dos recordes de mortes pela doença registrados nos últimos dois dias e a lentidão na implementação do Plano Nacional de Imunização (PNI) por parte do governo brasileiro, o surgimento de novas variantes do vírus têm ganhado as páginas das principais agências de notícias do mundo.
De acordo com informações das secretarias estaduais de Saúde, consolidadas às 20h da quarta-feira (3), indica que o Brasil já registra 42 dias ? desde o dia 20 de janeiro ? seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, 7 dias acima de 1,1 mil, e pelo quarto dia, acima de 1,2 mil.
"Cenário de catástrofe?
Nesta quinta-feira (4), a mídia francesa destacou os registros macabros no país e a falta de estratégia de combate à doença. O diário Liberátion, por exemplo, se referiu a um "cenário de catástrofe?, "onde o número de mortes explode? diariamente. "Com registros diários de mortes, hospitais à beira do colapso e uma campanha de vacinação em ritmo de tartaruga, o Brasil enfrenta o momento mais violento da pandemia sem nenhuma estratégia nacional?, disse em um trecho do acompanhamento.
Na página principal, o Le Monde também mencionou "cenário alarmante? no Brasil. "País mais afetado no mundo pela crise de saúde depois dos Estados Unidos, o Brasil registrou, quarta-feira, 1.910 mortes em vinte e quatro horas, batendo o triste recorde da véspera de 1.641 mortes, segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde?, apontou. "Essa piora acentuada é, para os epidemiologistas, o preço que o Brasil está pagando pelas festas de Natal e Reveillon. A segunda onda é ainda pior que a primeira?.
Variante brasileira na Itália
A agência de notícias italiana Ansa, noticiou que a variante brasileira do coronavírus já corresponde a 4,3% dos novos casos na Itália, de acordo com uma pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto Superior de Saúde do país europeu.
De acordo com o site, a projeção é "resultado de um estudo que analisou o sequenciamento genético de 1.239 amostras do vírus provenientes de pessoas diagnosticadas com o teste RT-PCR, em 18 de fevereiro?. A Ansa destacou que esta é a primeira que o ISS estima o nível de disseminação da variante P.1., que teve origem no Amazonas, na Itália. A nova cepa foi identificada em pelo menos quatro regiões do país.
"É como se uma bomba atômica tivesse caído sobre o Brasil?
O espanhol El Diario ressaltou que país voltou a superar o recorde de mortes diárias e que as unidades de terapia intensiva estão destruídas. "A vacinação avança lentamente enquanto o presidente Bolsonaro continua a ignorar medidas para combater o vírus?. Usando a fala do governador socialista do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) ao Uol, o jornal enfatizou a opinião de chefes dos Executivos estaduais de Bolsonaro sobre como a irresponsabilidade de Jair Bolsonaro custou a vida de outros cidadãos.
"Perdemos a guerra? é como se uma bomba atômica tivesse caído sobre o Brasil?, disse Casagrande, apontando para o alto número de mortos no Brasil que já ultrapassa 257 mil.
?Vacinas chegam a conta-gotas?
Em sua versão impressa, o diário português Público estampou em uma página inteira o descontentamento dos governadores contra a má gestão da pandemia de Bolsonaro, citando a carta assinada por 19 governadores, na qual os gestores criticam a campanha de desinformação do Presidente em relação à Covid-19. "A situação levou o líder da Câmara de Deputados a marcar um almoço para discutir medidas contra o caos?.
O portal de notícias português Sapo.pt reforçou que "o Brasil, como muitos países do mundo, enfrenta sérios problemas de acesso às vacinas, das quais só adquiriu, até agora, a produzida pelo laboratório chinês Sinovac e a desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford?.
Afirmou, ainda, que "essas vacinas chegam a conta-gotas e a aposta do Governo está na produção local de ambos os antídotos, que, segundo já admitiram o Instituto Butantan de São Paulo e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), associados, respetivamente, à Sinovac e à AstraZeneca, só começará de forma massiva no final deste ano?.
Mais de 250 mil mortes pela Covid-19
Nesta quinta, jornal alemão Tagesschau chamou atenção para as mais de 250 mil mortes no Brasil. "O sistema de saúde no Brasil já está em seu limite. Mesmo estados com uma infraestrutura mais forte, como Santa Catarina, já alertam para o colapso. Enquanto o país vive um de seus piores momentos na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou contra o uso de máscaras protetoras em sua transmissão ao vivo nas mídias sociais, citando um estudo alemão, sem mencionar fontes?
Na quarta-feira (3), o jornal The New York Times já havia feito um alerta às autoridades sanitárias do mundo, usando a situação da pandemia no Brasil como o pior exemplo. O artigo, que chamou atenção para a crise da Covid-19 no Brasil, destacou o colapso do sistema de saúde público e ressaltou que nenhum outro país enfrentou um surto tão grande, com tantos recordes de mortes.
?Brasil continua a ser um criadouro para o vírus??
Na noite da quarta-feira (3), o britânico The Guardian havia classificado como ameaça global a explosão de casos de coronavírus em todo o território nacional e a condução da pandemia pelo Governo Federal. Em entrevista ao jornal, o cientista brasileiro Miguel Nicolelis pede que o mundo se pronuncie sobre os riscos que o Brasil está causando ao combate à pandemia. "Qual é o ponto em controlar a pandemia na Europa e nos Estados Unidos, se o Brasil continua a ser um criadouro para o vírus??, questiona Nicolelis.
No fim da quarta, logo após o registro de mais um recorde no número de óbitos, o jornal também registrou que "o Brasil sofreu mais um dia de perdas recorde da Covid, com pelo menos 1.910 novos óbitos relatados?. "O anúncio foi feito enquanto hospitais de todo o Brasil lutavam para lidar com uma onda de novas infecções e intensificavam-se as críticas ao tratamento da crise pelo presidente Jair Bolsonaro?.
Com informações da Agências Internacionais
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