?Um socialismo para o tempo presente?, diz intelectual sobre livro 4 da Autorreforma do PSB
por: Jaqueline Nunes
Doutor em Filosofia do Direito e professor titular de Teoria do Estado na Universidade Federal de Minas Gerais, José Luiz Borges Horta, destacou na última segunda-feira (1º) o vanguardismo do PSB na estruturação do seu processo de Autorreforma. Durante o evento de lançamento do livro 4, Horta compartilhou impressões acerca da reconstrução partidária e aprovou as teses contidas na publicação.
O acadêmico, que classificou o lançamento como um "momento histórico?, afirmou que o compêndio de teses é um resumo que abarca propostas que vão "do neoliberalismo ao neossocialismo?.
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Horta contextualizou o início de sua análise fazendo referência aos movimentos surgidos no fim a Guerra Fria, no final dos anos 1990. Ele lembrou que, no momento em que o mundo desfazia a bipolaridade ideológica entre capitalismo e socialismo, a estrutura neoliberalista foi difundida no mundo por meio da globalização. Com isso, surgiu o sentimento que ele batizou de "três décadas de anseios?, entre a queda do socialismo soviético e a reestruturação apresentada agora pelo PSB, período em que vigorou a falta de uma orientação socialista contemporânea.
"Eu já escrevia desde o final dos anos 90 pedindo por um neossocialismo, porque o socialismo como expressão sempre teve muitas vertentes desde o século 19, mas nos faltava, faltava, uma expressão do socialismo capaz de enfrentar o neo liberalismo, capaz de dizer basta?, analisou o estudioso, acrescentando: "Me parece que o PSB atingiu, finalmente, a meta de propor um socialismo para o tempo presente, um socialismo capaz de enfrentar e derrotar o neo liberalismo numa ousadia democrática.?
Desenvolvimento político do PSB
Borges Horta, que também desenvolveu estudos pós-doutorais na Faculdade de Filosofia de Barcelona na Espanha, destacou diversas teses que mais chamaram sua atenção positivamente. Entre elas a criação do Conselho Brasileiro de Socialismo; a inserção soberana do Brasil no mundo; a reforma política com voto distrital misto; o fim da reeleição para os cargos do executivo; e o fim do presidencialismo.
Sobre a mudança de regime político proposta por socialistas, Horta elogiou a tese e a colocou como uma das mais urgentes.
"Nós temos que evoluir para o desenvolvimento político também. Não basta o desenvolvimento econômico, porque isso não constrói uma nação desenvolvida. É preciso também o desenvolvimento da cultura, também o desenvolvimento social, mas também o desenvolvimento político. E o que é o desenvolvimento político? É atingir a democracia parlamentar e aqui [no livro] o PSB diz isso?, destacou.
Outros pontos destacados por Horta foram a reforma judicial, com mandatos para magistrados de tribunais (tese 57); boas posições geoestratégicas; defesa firme da multipolaridade com inserção do Brasil nos Brics ? atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ? como prioridade; papel do Brasil frente às nações sul-americanas e africanas (tese 94) e; preparar o Brasil para uma etapa pós capitalista (tese 135).
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Ele finalizou a fala elogiando e citando a tese 532 integralmente.
"A reinvenção e o fortalecimento da política é a única via contra a barbárie ultraliberal e o individualismo, que é a maior de todas as pragas do tempo presente. E completou: "Não é nem o neoliberalismo, nem o ultraliberalismo, é o individualismo.?
Formulação ideológica de alcance mundial
Ao compartilhar sua avaliação sobre a publicação, Horta também destacou o imenso potencial do Socialismo Criativo como alternativa não só para o Brasil, mas para diversas nações do mundo que buscam uma alternativa ao neoliberalismo.
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Ele apontou que a proposta do PSB é uma "reconstituição ideológica para o século 21?, capaz de modificar a política em uma escala global. E citou a crise ideológica pela qual passam muitos partidos socialistas, ao incluir o Socialismo Criativo como a alternativa mais concreta das últimas três décadas.
"Nós precisamos gritar ao mundo que há possibilidade de reconstruir o socialismo em bases absolutamente criativas, inovadoras e consistentes que não servem apenas para o Brasil, mas que podem ser aplicadas no debate ideológico em escala mundial, não somente escala nacional. Como uma proposta ideológica brasileira para o mundo?, previu ele.
Nada de grande no mundo se faz sem paixão
Horta finalizou com suas "contribuições divergentes? citando três teses que, segundo ele, podem ser revistas para aperfeiçoamento da proposta: o papel dos municípios no estado brasileiro, que segundo ele não deveriam ter recursos próprios; maior destaque para o turismo como indústria econômica com grande potencial transformador e; a supressão da tese que defende a extinção do Senado já que a Casa representa o federalismo e seu fechamento não seria bom para a nação.
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Por fim, o professor agradeceu novamente a oportunidade e teceu mais elogios à publicação pessebista.
"Eu quero encerrar dizendo aos socialistas brasileiros, a esquerda democrática do Brasil: que maravilha, que encanto. Hegel dizia ?nada de grande no mundo se faz sem paixão?, e é isso que eu desejo a vocês, paixão?, agradeceu o filósofo.
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