A filósofa italiana Silvia Federici empresta sua voz à luta feminista há décadas. Nascida na Itália, mudou-se para os Estados Unidos em 1967 para estudar Filosofia na Universidade de Buffalo, em Nova Iorque.
Em 1972, participou na fundação do Coletivo Feminista Internacional (International Feminist Collective), organização que lançou a campanha internacional Wages For Housework (WFH) a favor do salário para o trabalho doméstico.
Para ela, trabalhos não remunerados e sem visibilidade como os executados por mulheres em seus lares foram imprescindíveis para o desenvolvimento e a prosperidade do capitalismo.
A ativista é uma das principais pensadoras contemporâneas para desenvolver o conceito teórico da reprodução sexual como uma chave para estudar as relações de classe, de exploração e dominação em contextos locais e globais.
Durante os anos 1980, ministrou aulas na Universidade de Port Harcourt, na Nigéria. No país, acompanhou a organização feminista Women in Nigeria. Posteriormente, foi admitida como professora de filosofia política e estudos internacionais da Universidade Hofstra.
Na Nigéria, Silvia presenciou a implementação de uma série de "ajustes estruturais? no território africano patrocinados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial. Essa experiência influenciou seu trabalho e a levou a desempenhar um importante papel nos protestos durante os anos 1990 contra esses ajustes neoliberais.
Em entrevista ao jornal El País, em março de 2019, ela afirmou que a luta feminista é essencialmente anticapitalista. Na visão dela, o capitalismo cria continuamente hierarquias, formas diferentes de escravização e desigualdades.
Por isso, Silvia disse não acreditar que o sistema capitalista seja capaz de melhorar a vida nem de mulheres nem de homens. Ela define o feminismo como forma de melhorar a situação das mulheres e de criar um mundo sem desigualdade, sem a exploração do trabalho humano que, no caso das mulheres, se transforma numa dupla exploração.
"O feminismo não é uma escada para que a mulher melhore sua posição, que entre em Wall Street, não é um caminho para que encontre um lugar melhor dentro do capitalismo. Sou completamente contrária a esta ideia.?
Silvia Federici
Em outubro de 2019 a italiana esteve no Brasil para uma série de compromissos, entre eles o lançamento de dois livros dela em português: O Ponto Zero da Revolução, pela Editora Elefante, e Mulheres e Caça às Bruxas, da Editora Boitempo.
Silvia Federici atribui o aumento da violência contra as mulheres e a feminização da pobreza ao redor do mundo aos processos de acumulação do atual estágio do capitalismo. Confira um vídeo da editora Boitempo sobre a luta feminista anticapitalista.
https://www.youtube.com/watch?v=eEMvztzeqiw&feature=emb_title&ab_channel=TVBoitempo
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