Covid-19: variante brasileira aumenta em 10 vezes presença do vírus em doentes
por: Iara Vidal
Um estudo conduzido por cientistas brasileiros revela que pacientes infectados com a nova variante P.1, de origem no Amazonas, têm uma carga viral 10 vezes maior do que a média vista em cepas anteriores. Além disso, essa carga está também mais alta em homens e mulheres adultos com idade inferior a 60 anos.
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As conclusões são de um artigo publicado nesta sexta-feira (26) e assinado por 29 pesquisadores na área de virologia do país. O documento está em fase de pré-impressão (aguarda a validação dos pares internacionais), mas já está disponível para leitura.
Mutações estão associadas à maior transmissão
O estudo confirma que as mutações do vírus na variante P.1 devem estar associadas a uma maior transmissão e podem ser responsáveis por infecções mais graves. Isso ajuda a entender a explosão de casos no Amazonas entre janeiro e fevereiro, levando a mais mortes de covid-19 este ano que em 2020 inteiro.
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"As infecções pela linhagem P.1 do SARS-CoV-2 foram associadas a cargas virais mais altas. As trajetórias Rt [taxa de retransmissão] estimadas de linhagens amazônicas de SARS-CoV-2 apoiam que a P.1 deve ser mais transmissível do que linhagens virais prevalentes anteriores?
Artigo assinado por cientistas brasileiros
Os pesquisadores compararam amostras testadas por meio de exame RT-PCR de pacientes com a variante e compararam com outras pessoas não infectadas pela P.1. Ambas em momentos similares da doença, no início dos sintomas dos pacientes.
O estudo teve como base 250 sequências de alta qualidade do genoma do SARS-CoV-2 colhidas de pacientes em 25 municípios do estado, entre março de 2020 e janeiro de 2021.
As sequências foram geradas na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, em parceria com a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) e o Lacen (Laboratório Central) do Amazonas.
Homens idosos são os que mais morrem de Covid-19
O estudo também revela que homens idosos infectados com a P.1 apresentaram cargas virais semelhantes àquelas encontradas em casos de infecção por outras linhagens. Estatísticas mostram que são os homens a partir de 60 anos que mais morrem de Covid-19.
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A pesquisa ainda traz um alerta a todo o planeta. "Esses dados fornecem uma visão única para a compreensão dos mecanismos que estão por trás das ondas epidêmicas de Covid-19 e o risco de disseminação da linhagem P.1 no Brasil e potencialmente em todo o mundo.?
Surpresa com os resultados
Segundo o coordenador do estudo e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, a quantidade de vírus 10 vezes maior encontrada nas secreções dos pacientes infectados pela variante brasileira surpreendeu os cientistas que participaram da pesquisa.
"Isso pode ter relação com a maior transmissibilidade do vírus. E se existe mais transmissão, teremos mais casos e, provavelmente, mais casos graves. Isso pode ajudar a explicar o caos no Amazonas este ano.?
Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia
Apesar de a carga viral ser um fator que pode resultar em pacientes com casos mais graves, Naveca explica que isso não é regra. Ele explica que há casos de alta carga viral e a pessoa não apresenta sintomas; depende de cada um.
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Sobre o achado de maior carga em pacientes mais jovens com a P.1, o pesquisador diz que se trata de uma novidade.
"Em homens acima de 59 anos não havia diferença entre a carga viral P.1 versus não P.1, provavelmente porque o sistema imunológico já não lida bem com qualquer das variantes. No entanto, no grupo adulto de 18 a 59 anos, vimos essa diferença independente do sexo: tanto em homens, quanto nas mulheres a carga viral da P.1 era mais alta.?
Felipe Naveca
Naveca diz que isso levanta uma hipótese citada por muitos médicos do Amazonas de que a Covid-19 da segunda onda está acometendo mais jovens e de forma grave.
O estudo é o mais completo de sequenciamento já feito no Amazonas e estudou amostras de quase um ano de pandemia no estado.
Com informações do UOL
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