Instituto Pensar - Jornalista que perguntou sobre ?rachadinhas? a Bolsonaro é demitido

Jornalista que perguntou sobre ?rachadinhas? a Bolsonaro é demitido

por: Igor Tarcízio


Bolsonaro encerrou intempestivamente uma entrevista na capital do Acre, Rio Branco, após ser questionado sobre a anulação da quebra do sigilo bancário do seu filho mais velho (Imagem: Reprodução/TV Brasil)

O jornalista João Renato Jácome foi demitido nessa sexta-feira (26) do cargo de chefe de gabinete na Secretaria de Meio Ambiente de Rio Branco (AC). Em coletiva de imprensa realizada na última quarta (24), ele questionou o presidente Jair Bolsonaro sobre uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que favoreceu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Logo depois da pergunta de Jácome, Bolsonaro encerrou a entrevista.

Confira abaixo:


O jornalista realizava um trabalho freelancer, sem vínculo empregatício, para o Estadão. O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), argumentou que o cargo de Jácome na prefeitura exigia regime de exclusividade.

A exoneração de Jácome foi publicada na edição dessa sexta-feira (26) do Diário Oficial do Estado do Acre.

Demissão

Bocalom disse ao Congresso em Foco que a demissão não foi pela pergunta feita a Bolsonaro.

"Eu o demiti porque ele estava em horário de serviço, trabalhando para o jornal Estado de S. Paulo. Como comissionado, ele não poderia fazer isso. Ele diz que estava de folga. Folga de quê? Não tem folga, não?.
Tião Bocalom

Jácome negou que tivesse saído do trabalho na prefeitura sem permissão. "Eu fui para lá autorizado pelo secretário, porque diante do decreto do município que determina o rodízio dos servidores, eu havia trabalhado por mais de 10 dias sem pausa, em razão da enchente?, afirmou ao G1.

"Não acho que errei, estava trabalhando, não cometi crime. Fui exonerado porque estava trabalhando. Não fiz a coletiva acabar, já ia acabar, era a última pergunta e o presidente não quis responder.?
João Renato Jácome

Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do Acre (Sinjac) emitiram uma nota de repúdio na qual classificaram a demissão de Jácome como "censura e ato covarde".

"Com esse violento ataque ao jornalismo, o prefeito Tião Bocalom afronta a liberdade de imprensa e o direito de acesso à informação garantidos pela Constituição. As direções da Fenaj e do Sinjac exigem a anulação do ato e a reintegração imediata do profissional aos quadros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente?.
Nota Fenaj e Sinjac

Veja a íntegra da nota:

"A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Acre (Sinjac), por meio de seu representante, o presidente Victor Augusto Nogueira de Farias, vêm a público repudiar a atitude covarde e a prática de censura do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, que deveria defender e garantir direitos conquistados pela sociedade.

A Fenaj e o Sinjac manifestam repúdio contra a demissão do jornalista João Renato Jácome de Andrade, publicada na edição do Diário Oficial do Acre desta sexta-feira (26), por ter exercido o dever de questionar fatos durante coletiva de imprensa do presidente Jair Bolsonaro.

Com este violento ataque ao jornalismo, o prefeito Tião Bocalom afronta a liberdade de imprensa e o direito de acesso à informação garantidos pela Constituição.

As direções da Fenaj e do Sinjac exigem a anulação do ato e a reintegração imediata do profissional aos quadros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Fenaj e Sinjac?

Com informações do G1, Estadão e Congresso em Foco




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