Instituto Pensar - Em live, Bolsonaro ignora recorde de mortes e critica uso de máscaras contra a Covid-19

Em live, Bolsonaro ignora recorde de mortes e critica uso de máscaras contra a Covid-19

por: Nathalia Bignon 


Bolsonaro durante a live promovida na quinta-feira (25) ? (Foto: Reprodução)

Imerso no próprio negacionismo, Jair Bolsonaro (sem partido) usou sua última live semanal, que promove nas noites das quintas-feiras, para criticar o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19, medida considerada fundamental para suprimir a transmissão pela Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como o distanciamento social.

No dia em que o Brasil registrou o maior número de óbitos pela doença em 24 horas em toda a pandemia, marcado também pelo ?aniversário? de um ano desde o diagnóstico do primeiro caso no país, o mandatário identificou "efeitos colaterais? pelo uso do equipamento de proteção. Com dados rasos, ele afirmou que as máscaras são "prejudiciais? a crianças.

"Pessoal, começam a aparecer estudos aqui, não vou entrar em detalhes, né, sobre o uso de máscaras, que, num primeiro momento aqui, uma universidade alemã fala que elas são prejudiciais a crianças?, começou Bolsonaro, sem mencionar a fonte real da informação, listando irritabilidade, dor de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição da percepção de felicidade, recusa em ir para a escola ou creche, desânimo, comprometimento da capacidade de aprendizado, vertigem e fadiga como possíveis consequências.

Omissão e descaso de Bolsonaro com mortos

Durante a transmissão, Bolsonaro ignorou o recorde de mortes pela Covid-19, o registro dos 250 mil óbitos pela doença, alcançado na noite da última quarta-feira (24) e o avanço da pandemia no país, feitos por diversas autoridades, incluindo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Em um pronunciamento feito um pouco antes, o general da ativa disse, ao lado de representantes dos conselhos de secretários de saúde estaduais e municipais, que o país vive "uma nova etapa da pandemia? de Covid-19, com aumento na contaminação que pode "surpreender gestores?. O chefe da Saúde atribuiu o avanço da doença às novas variantes do coronavírus. Já para os representantes dos conselhos de secretários de Saúde, a medida também está ligada a uma queda na adesão da população a medidas como distanciamento.

Sem citar medidas de prevenção simples, como usar máscara e evitar aglomerações, coube aos representantes dos estados e municípios ressaltarem as medidas diante do reiterado negacionismo do governo.  

Auxílio como vacina à rejeição

Focado na reeleição, no evento online, o ex-Capitão do Exército também anunciou o retorno do pagamento do auxílio emergencial que, segundo o presidente, a partir de março, com quatro parcelas de R$ 250. A medida é mais uma forma de Bolsonaro de conter a rejeição crescente ao seu governo, depois que uma pesquisa promovida pelo Instituto MDB e divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) no começo desta semana mostrar que 51,4% dos brasileiros avaliam negativamente o presidente.

"Estive hoje com Paulo Guedes. A princípio, o que deve ser feito? A partir de março, por quatro meses, R$ 250 de auxílio emergencial. Então é isso que está sendo disponibilizado, está sendo conversado, em especial com presidentes da Câmara [Arthur Lira (PP-AL)] e do Senado [Rodrigo Pacheco (DEM-MG)], porque a gente tem certeza de que, se nós acertarmos, vai ser em conjunto?, disse o presidente durante sua live semanal.

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Bolsonaro voltou a dizer que a capacidade de endividamento do país "está no limite?, mas afirmou esperar que os quatro meses adicionais de auxílio possam fazer a economia "pegar de vez, para valer?. Ao final, acrescentou que a intenção é apresentar uma nova proposta para o Bolsa Família. "Essa é a nossa intenção, e trabalhamos com esse propósito?, disse.




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