Relatório de Riscos Globais 2018
17 de Janeiro de 2018
Questões ambientais geram as maiores preocupações, mas confrontações políticas ou econômicas entre grandes potências também devem aumentar
O Fórum Econômico Mundial, instituição sem fins lucrativos que reúne anualmente, em Davos, na Suíça, as principais lideranças empresariais e políticas para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, terá sua edição de 2018 realizada entre 23 e 26 de janeiro.
Adiantando-se ao evento, eles acabam de divulgar o "Relatório de Riscos Globais 2018", que servirá de subsídio para as discussões que serão realizadas. O documento, cuja formulação conta com a colaboração de especialistas e tomadores de decisão de todo o mundo, busca identificar e analisar os riscos econômicos, geopolíticos, sociais, tecnológicos e ambientais mais prementes para os sistemas globais em que se baseiam as sociedades, cada vez mais pressionados pelo aprofundamento das interconexões desses riscos.
Nesta edição, o relatório cobre uma grande quantidade de riscos, mas centra-se, em particular, em quatro áreas-chave: degradação ambiental, violações da cibersegurança, tensões econômicas e tensões geopolíticas.
O documento ainda busca dimensionar o impacto que 30 riscos globais podem ter ao longo dos próximos dez anos, com predominância para os riscos ambientais e cibernéticos, mas sem deixar de apontar preocupações em relação às tensões geopolíticas.
As confrontações políticas ou econômicas entre grandes potências, de acordo com 93% dos entrevistados, devem piorar em 2018 e, de acordo com 80% dos ouvidos, deve haver um aumento dos riscos associados a guerra envolvendo grandes potências.
Mas é a questão ambiental que mais preocupa essas lideranças em termos de probabilidade e impacto, com destaque para cinco riscos ambientais: clima extremo; perda de biodiversidade e colapso do ecossistema; grandes desastres naturais; destruição ambiental causada pelo homem; e o fracasso da mitigação e adaptação à mudança climática.
"Infelizmente, atualmente observamos uma resposta muito pequena e muito lenta por parte dos governos e organizações para as principais tendências, como as mudanças climáticas. Ainda não é tarde demais para construir um amanhã mais resiliente, mas precisamos agir com um forte senso de urgência para evitar o potencial colapso do sistema", afirmou o chefe do escritório de Riscos do Grupo Rurich de Seguros, Alison Martin.
De acordo com o Relatório, as ameaças cibernéticas também estão crescendo em proeminência, com o aumento da dependência cibernética sendo classificada como o segundo fator mais significativo a moldar a paisagem de riscos globais nos próximos 10 anos e os ciberataques em larga escala sendo o terceiro maior fator de risco.
Por outro lado, segundo o relatório, a perspectiva de um forte crescimento econômico em 2018 apresenta aos líderes uma oportunidade de ouro para abordar sinais de fraqueza severa em muitos dos sistemas complexos que sustentam nosso mundo, como sociedades, economias, relações internacionais e meio ambiente. Essa é, então, a mensagem chave do Relatório de Riscos Globais 2018.
"Uma expansão da recuperação econômica nos favorece com uma oportunidade que não podemos dar ao luxo de desperdiçar para combater as fraturas que enfraquecem as instituições, as sociedades e o meio ambiente do mundo. Devemos levar a sério o risco de uma quebra de sistemas globais. Juntos, temos os recursos e o conhecimento científico e tecnológico para evitar isso. Acima de tudo, o desafio é encontrar a vontade e impulso para trabalhar em conjunto para um futuro compartilhado", disse o professor Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial.
Por fim, o documento deste ano apresenta 10 cenários possíveis visando estimular a reflexão de líderes mundiais a respeito de potenciais choques futuros que podem perturbar rápida e radicalmente o mundo. São eles:
- Colheita sombria: falhas simultâneas na cesta básica ameaçam a suficiência do abastecimento global de alimentos;
- Uma rede emaranhada: ervas daninhas de Inteligência Artificial proliferam e estrangulam a internet;
- A morte do comércio: a cascata das guerras comerciais sem a presença de instituições multilaterais fortes para responder;
- Deformações da democracia: novas ondas de populismo ameaçam a ordem social em uma ou mais democracias maduras;
- Precisão da extinção: navios-drones pilotados por inteligência artificial levam a pesca ilegal para novos - e ainda mais insustentáveis - níveis;
- No abismo: outra crise financeira supera as respostas políticas e desencadeia o período do caos;
- Inequidade ingerida: bioengenharia e cognição - drogas fortalecedoras abalam o fosso entre os ricos e destituídos;
- Guerra sem regras: conflitos Estado-Estado aumentam de forma imprevisível na ausência de regras de guerra cibernéticas acordadas;
- Identidade geopolítica: em meio ao fluxo geopolítico, a identidade nacional se torna uma fonte crescente de tensão em torno de fronteiras contestadas
- Isolamento: cyberataques protecionismo e divergências regulatórias levam à balcanização da internet.
Fonte: cnseg.org.br
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