Instituto Pensar - Covid-19: Brasil caminha para o colapso geral

Covid-19: Brasil caminha para o colapso geral

por: Nathalia Bignon


Cemitério em Manaus ? (Foto: Alex Pazuello/Semcom)

Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta o seu pior momento desde o início da epidemia da Covid-19 no Brasil: as taxas de ocupação de UTIs do sistema público batem recordes, com 17 capitais registrando lotação de pelo menos 80%. Um ano após o coronavírus aterrissar no país, o país contabiliza 251.661 óbitos e 10.393.886 casos da doença, com o SUS à beira do colapso.

Na noite da quinta-feira, o Brasil alcançou um novo recorde, com o registro de 1.582 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, a maior marca de óbitos em um único dia, somando mais mortes que 110 países já registraram em toda a pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias foi de 1.150 ? o segundo recorde seguido registrado nessa média, com o aumento de 8% em comparação à média de 14 dias atrás. Entre os registros de contaminados, 67.878 foram confirmados apenas no último dia.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, as capitais com os piores indicadores são Porto Velho (RO), com lotação de 100%, Rio Branco (AC), com 88,7%, Manaus (AM), com 94,6%, Boa Vista (RR), com 82,2%, Palmas (TO), com 80,2%, São Luís (MA), com 88,1%, Teresina (PI), com 93%, Fortaleza (CE), com 94,4%, Natal (RN), com 89,0%, Recife (PE), com 80,0%, Salvador (BA), com 82,5%, Rio de Janeiro (RJ), com 85,0%, Curitiba (PR), com 90,0%, Florianópolis (SC), com 96,2%, Porto Alegre (RS), com 84,0%, Campo Grande (MS), com 85,5%, e Goiânia (GO), com 94,4%.

Avanço da Covid-19

Indo além dos registros das capitais, outro dado preocupante pôs em alerta as autoridades sanitárias: a rápida interiorização da Covid-19 tem levado cidades médias e pequenas também a colapsar suas redes de saúde.

Na quinta-feira, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, afirmou que em ao menos 15 Estados, 90% das UTIs já estão lotadas.

No Rio Grande do Sul, a turística Gramado foi a primeira a identificar a presença da nova variante brasileira do coronavírus e está à beira do colapso. Com leitos hospitalares superlotados, as autoridades municipais colocaram até carro de som nas ruas para alertar sobre a necessidade de manter o distanciamento social.

Para tentar conter o avanço da demanda por hospitalizações, Fortaleza, Salvador e João Pessoa, por exemplo, aumentaram as restrições e determinaram toque de recolher.

Alertas da BA, SP e DF

Em entrevista à Folha, o governador da Bahia, Rui Costa (PT) previu que "a saúde vai colapsar e o Brasil mergulhará no caos em duas semanas?. A fala ocorreu no mesmo dia em que ele anunciou a suspensão de todas as atividades não-essenciais no estado no fim de semana para tentar conter a disseminação do coronavírus.

Em São Paulo, a pandemia também tem se agravado. A capital bateu o recorde de internações em UTI desde o começo da crise sanitária e as projeções feitas pela prefeitura é que se as taxas de internação continuarem a crescer na atual proporção, já não haverá leitos disponíveis no Estado no final do mês que vem.

Na última segunda-feira (22), haviam 6.410 pacientes em leitos de UTI enquanto o recorde na primeira onda foi de 6.257 internados, em julho. O mesmo ocorreu em cidades do interior como Araraquara, Jaú e Valinhos, onde situação também é crítica ? Jaú já tem casos confirmados da nova variante do coronavírus, potencialmente mais transmissível.

Considerado um dos maiores hospitais do país, o Sírio-Libanês, em São Paulo, contabilizava na noite da quinta-feira uma fila de 22 pessoas para internação da UTI de Covid do hospital, a maior fila desde o início da pandemia e com uma mudança no perfil dos pacientes: eles são cada vez mais jovens. Outros hospitais particulares de elite da capital também operam com taxas de ocupação superiores a 90% nos leitos de enfermaria e de UTI, considerando alas reservadas ao tratamento da Covid-19 e de outras doenças.

Após um aumento de 60,7% no número de casos da Covid-19 e uma taxa de ocupação de leitos públicos em 91,12%, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decidiu decretar lockdown a partir de segunda-feira (1/3), devido à pandemia de Covid-19.?Vamos fechar tudo, exceto serviços essenciais, das 20h às 5h?.

Colapso já identificados

No Acre, de acordo com  informações do governo do estado, todos os 86 leitos UTI da rede pública estão ocupados. Além da Covid-19, o estado está em situação de emergência em razão de um surto de dengue em meio às enchentes que inundaram 10 dos 22 municípios acreanos.

Em Santa Catarina, o secretário da Saúde, André Motta, admitiu que o estado está enfrentando um colapso na saúde por causa do coronavírus. Na quarta-feira (24), os hospitais atingiram a maior taxa de ocupação de leitos em toda a pandemia: 91,18%. No início da tarde desta quinta (25), 83 pacientes aguardavam por leitos de UTI, segundo dados aos quais o G1 teve acesso.

Nesta sexta-feira, o estado de Roraima chega a 81.281 infectados pelo coronavírus e o Hospital Geral do Estado (HGR) chegou a 100% de ocupação em leitos semi-intensivos. A unidade já havia apresentado entre os dias 18 e e 22 de fevereiro cinco dias seguidos de superlotação.

Após negacionismo de Pazuello, a realidade

Diante do inegável caos provocado pela doença, em pronunciamento nesta quinta, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu que o país vive "uma nova etapa da pandemia? da Covid-19, com aumento na contaminação que pode "surpreender gestores?. Segundo o ministro bolsonarista, o aumento está ligado às novas variantes do coronavírus.

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"Hoje o vírus mutado nos dá três vezes mais contaminação e a velocidade com que isso acontece em pontos focais pode surpreender o gestor em termos de estrutura de apoio?, disse. "Vimos locais que no ano passado não estavam impactados nessa época do ano e estão impactados agora?, afirmou.




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