Instituto Pensar - Em mais um aceno a militares, Bolsonaro decide tirar Wajngarten da Secretaria de Comunicação

Em mais um aceno a militares, Bolsonaro decide tirar Wajngarten da Secretaria de Comunicação

por: Nathalia Bignon 


O até então Secretário Especial de Comunicação Social da Secretaria de Governo, Fabio Wajngarten ? (Foto: Carolina Antunes/PR)

Em mais um sinal da autoimplosão do governo bolsonarista, enquanto faz um novo aceno à ala militar, Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta quinta-feira (25) que vai trocar o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, hoje chefiada pelo empresário Fabio Wajngarten.

A ideia, segundo o mandatário, é colocar a estrutura de comunicação como parte da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), sob a chefia do almirante Flávio Rocha, que deve acumular as duas funções. Com a alteração, o presidente pretende nomear Wajngarten para um novo posto, em que ele atuará como assessor especial da Presidência da República, para que siga contribuindo na relação do governo com emissoras de comunicação. Ele tem proximidade, por exemplo, com dirigentes do SBT e da Bandeirantes.

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De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a tendência é de que a Secom, pelo menos por enquanto, siga subordinada ao Ministério das Comunicações, hoje sob a chefia de Fábio Faria. O almirante e o ministro são próximos e, recentemente, viajaram juntos em missão diplomática à Ásia.

A saída de Wajngarten ocorre após um histórico de desentendimentos do empresário com o gabinete da Presidência da República, sobretudo envolvendo a política de comunicação durante a pandemia do coronavírus. Segundo relatos feitos ao jornal, a cúpula militar reclamou mais de uma vez com o presidente sobre notas à imprensa divulgadas pela Secom que, pela ótica militar bolsonarista, deveriam ter sido produzidas pelo Ministério da Saúde, responsável pela resposta à crise sanitária.

Nem marqueteiro ajuda?

Diante do agravamento da crise sanitária e do fechamento do cerco contra o ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello, chegou a contratar um marqueteiro para comandar a comunicação da pasta, na tentativa de centralizar na Saúde as respostas à pandemia.

No Palácio do Planalto, porém, sempre houve desconfiança sobre Marcos Eraldo Arnoud, mais conhecido como Markinho Show. Auxiliares do presidente dizem, sempre sob a condição de anonimato, que ele tentava conquistar o posto de Wajngarten.

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Além das quedas de braço sobre a pandemia, no final do ano passado, Wajngarten e Faria tiveram um desentendimento em relação à estratégia de comunicação do governo federal. Segundo assessores presidenciais, os dois fizeram as pazes em janeiro, mas o episódio irritou Bolsonaro.

A comunicação do governo é alvo de críticas internas e externas desde o ano passado. Somada à dificuldade que Bolsonaro tem de se expressar, como ficou provada no episódio da Petrobras, a comunicação do governo se mostrou ineficiente em momentos de crise.

Escândalos e polêmicas envolvendo Wajngarten

No ano passado, a Folha denunciou um outro esquema envolvendo Wajngarten. De acordo com o jornal, o chefe da comunicação presidencial recebia, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo federal.

Nas últimas semanas, a Secom vem passando por uma devassa. Já houve 15 demissões que, segundo assessores palacianos, aconteceram a pedido de assessores do gabinete de Bolsonaro. Os funcionários afastados, em sua maioria, atuaram em gestões passadas.

Comunicação sob comando militar

Homem de confiança de Bolsonaro, o possível novo chefe da comunicação do Planalto, Flávio Rocha, comandou a comunicação da Marinha. No início do mês, ao lado de Fábio Faria, participou de negociações com a China sobre o leilão da rede 5G no Brasil.

Tido no Palácio do Planalto como culto e versátil, o almirante sempre foi lembrado como opção em momentos de vacância de cargos. Foi assim quando o ministro Jorge Oliveira foi escolhido para vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), deixando sem titular a Secretaria-Geral.

O nome do almirante surgiu novamente no início do ano como possível substituto do chanceler Ernesto Araújo, quando o chefe do Ministério das Relações Exteriores sofreu desgaste por causa da dificuldade na importação de vacinas da Índia e insumos farmacêuticos para a produção de imunizantes da China.

Com informações da Folha de S.Paulo




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