Bolsonaro diz que ?nunca foi contra a vacina?; confira 10 contradições do presidente
por: Iara Vidal
Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a se contradizer no fim desta segunda-feira (8), ao afirmar que ?nunca foi contra a vacina? e que a compra dos imunizantes contra a Covid-19 era uma deliberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Tanto é que a CoronaVac passou pela tangente?, alegou. Em mais uma mudança de tom, o chefe do Executivo admitiu, em entrevista concedida ao jornalista José Luiz Datena, na TV Band, que a imunização em massa é a solução para uma retomada mais rápida da economia.
A fala, no entanto, vai na contramão da declaração dada pelo presidente, ainda em janeiro, quando ele reforçou que não tomaria a vacina e que quem recebesse a imunização deveria arcar com os efeitos adversos. Ele chegou a sugerir que o cidadão vacinado poderia se transformar em um ?jacaré?.
Além da inverdade da declaração, chamou a atenção o deboche do mandatário. Ele concedeu a entrevista ao vivo com uma lata de leite condensado em mãos, enquanto falava sobre os gastos de seu governo em 2020.
Narrativas contrárias à realidade ou distorcidas se tornaram uma especialidade de Bolsonaro. De acordo com levantamento realizado pela agência de checagem Aos Fatos, em 769 dias como presidente, Bolsonaro deu 2.382 declarações falsas ou distorcidas. A base de inverdades atualizada agrega todas as declarações do chefe do Executivo desde o dia de sua posse. As checagens são feitas pela equipe da agência semanalmente e foram atualizadas nesta segunda-feira, 8 de fevereiro.
Recentemente, um perfil no Twitter foi criado com a missão de desmentir mandatário brasileiro: o Desmentindo Bolsonaro. Para reavivar a memória dos leitores, o Socialismo Criativo selecionou 10 episódios que apontam as inverdades proferidas sistematicamente pelo presidente da República.
1. CoronaVac, a "vacina chinesa? de Dória
O governo de Jair Bolsonaro recebeu três ofertas para comprar a CoronaVac, a vacina produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac pelo Instituto Butantan. Todas foram recusadas.
Em janeiro, no entanto, ficou com receio de que o governador de São Paulo, João Doria, começasse a vacinar antes do Ministério da Saúde e tentou então fazer com que o Butantan fosse obrigado a entregar todo o estoque de CoronaVac ao Executivo federal.
2. Números da Covid-19
Jair Bolsonaro segue questionando os números da Covid-19 no Brasil sem, contudo, apresentar indícios ou provas para justificar suas alegações. Ele insiste no argumento de que o combate à pandemia pode gerar mais problemas do que a doença.
3. TrateCOV
O governo Jair Bolsonaro chegou a criar um aplicativo para espalhar informações falsas e perigosas sobre um desaconselhado "tratamento precoce? para a Covid-19. O ministério da Saúde foi responsável por colocar no ar o aplicativo TrateCOV, a partir do qual recomendada a profissionais de saúde o uso de hidroxicloroquina para tratamento da doença.
A Justiça Federal foi acionada para retirar do ar a ferramenta que recomenda a panaceia até a pacientes sem sintomas confirmados da doença.
4. Ivermectina
A farmacêutica Merck, responsável pela fabricação da ivermectina, medicamento que integra a farsa do "kit Covid?, informou que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra o coronavírus.
5. Cloroquina
A cloroquina e a hidroxicloroquina viraram obsessão de Bolsonaro desde o início da crise sanitária deflagrada pela pandemia de Covid-19. Em inúmeras ocasiões, o mandatário recomendou o uso do remédio para o "tratamento precoce? e ineficaz da doença.
"Não recomendo nada, recomendo que você procure seu médico?, disse no vídeo.
Ele mudou de ideia após pedido do Ministério Público para que o Tribunal de Contas da União (TCU) o obrigasse a deixar de propagandear o uso de drogas comprovadamente ineficazes. Em outra lives, veiculada dia 30 de dezembro de 2020, ele mais uma vez mentiu ao afirmar que a TV Globo, em 2016, teria recomendado o uso de cloroquina para mulheres grávidas, contra a zika. A verdade pode ser checada neste vídeo:
6. Decisão do STF no combate à pandemia
A tese de Jair Bolsonaro de que o STF teria tirado a responsabilidade do presidente no combate à pandemia, supostamente delegando-a apenas a governadores e prefeitos, também foi um episódio nas falácias presidenciais.
Dia 18 de janeiro, após reiteradas declarações do presidente sobre esse tema, o STF reagiu. A gota d?água que resultou na reação da Suprema Corte foram as declarações do chefe do Executivo que, na esteira do colapso do sistema de saúde em Manaus (AM), culpou os ministros pela ausência de atuação direta do governo federal no combate à pandemia da Covid-19 em Estados e municípios.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do tribunal negou essa proibição. "É responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia?, disse o texto.
7. 13º do Bolsa Família
O presidente Jair Bolsonaro transferiu para o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a responsabilidade por beneficiários do Bolsa Família não receberem uma 13ª parcela do programa em 2020. O ex-presidente da Câmara dos Deputados reagiu e chamou o chefe do Executivo de mentiroso.
A 13º cota do benefício era uma promessa de campanha de Bolsonaro e foi paga apenas em 2019 por meio de uma Medida Provisória (MP). Durante a tramitação no Congresso, o relator da matéria, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), propôs que a parcela extra fosse estabelecida para todos os anos seguintes.
8. Sistema de votação brasileiro
Reiteradas vezes o atual ocupante do Palácio do Planalto levantou suspeitas sobre o sistema de votação brasileiro. No dia 7 de janeiro ele repetiu mais uma vez a "proposta? e disse não ser possível tanto auditar o sistema, quanto saber o que acontece após a confirmação do voto na urna eletrônica.
A despeito da desconfiança, Bolsonaro jamais questionou a vitória nas eleições presidenciais de 2018, mesmo tendo sido eleito com 57 milhões de votos. As declarações arrastaram a Justiça Eleitoral para uma grave crise de imagem.
9. Fim da pandemia
Em dezembro de 2020, com mortes em alta devido à disseminação do coronavírus, Bolsonaro afirmou ao dizer que o país estaria ?vivendo um finalzinho de pandemia?. A declaração ocorreu em visita ao Rio Grande do Sul e foi feita no momento em que 22 das 27 unidades da Federação enfrentavam alta de óbitos pela doença.
À época, o número de vítimas se aproximavam de 180 mil. Hoje, já ultrapassou 230 mil óbitos. O país segue desgovernado e sem um plano eficiente de vacinação contra a doença.
10. Enfrentamento à pandemia
Em 4 de fevereiro Bolsonaro voltou a desconversar sobre sua responsabilidade no enfrentamento à pandemia da Covid-19. "Desde o começo, desde o início, minha mídia querida, eu falava que tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego?, afirmou. Todavia, o presidente não tratou as duas questões com o mesmo peso, já que, desde o início da pandemia tem minimizado os efeitos da Covid-19.
Em diversas entrevistas e declarações públicas, o chefe do Executivo relacionou a doença a uma "gripezinha? e chegou a dizer, em discurso realizado no dia 18 de setembro, que o isolamento social seria "conversinha mole? e que as medidas de restrição de circulação seriam para "os fracos?.
Confira mais mentiras do presidente da República em Aos Fatos e no perfil Desmentindo Bolsonaro.
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