OMS diz que não há evidência de que mercado de Wuhan foi epicentro da pandemia
por: Nathalia Bignon
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta terça-feira (9), que não há informação suficiente para estabelecer que o epicentro da pandemia de Covid-19 tenha sido, de fato, o mercado de frutos do mar de Huanan, local do primeiro grupo conhecido de infecções na cidade chinesa de Wuhan, e descartou a hipótese de que o vírus tenha "escapado? de um laboratório. As conclusões são resultado da visita da comissão comandada pela Organização para pesquisar a origem do Sars-Cov-2.
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A equipe, que reúne cerca de 40 cientistas, chegou em 14 de janeiro à cidade de Wuhan, onde o coronavírus foi identificado pela primeira vez, no final de 2019. Depois de duas semanas de quarentena, visitou o mercado de peixes, entre outros locais, e reuniu-se com especialistas do Instituto de Virologia de Wuhan, que pesquisa o coronavírus.
De acordo com o presidente da equipe de investigação, o dinamarquês Ben Embarek, a possibilidade de que o mercado de Huanan fosse o epicentro da pandemia surgiu porque os primeiros casos de pneumonia de causa desconhecida estavam relacionados ao local. Pesquisas posteriores, porém, mostraram presença do Sars-Cov-2 em outros mercados e em pessoas sem conexões com esses locais.
O primeiro contagio relatado no mercado ocorreu em 12 de dezembro de 2019, mas estudos posteriores mostraram casos comprovados em 8 de dezembro, em pacientes sem ligação com o local, disse Liang Wannian, chefe do painel de especialistas Covid-19 na Comissão Nacional de Saúde da China.
"Ao tentar entender o cenário em dezembro de 2019, fizemos uma pesquisa profunda e detalhada de casos que podem ter passado despercebidos, antes desse período. E a conclusão é que não encontramos evidências de grandes surtos que possam ser relacionados a casos da Covid-19 em Wuhan ou outro lugar?, disse Embarek.
Descartada a origem do vírus, a comissão segue três linhas para tentar elucidar a origem da pandemia: 1) a transmissão direta de uma espécie animal silvestre para um humano; 2) a introdução do vírus em uma espécie intermediária, mais próxima dos humanos, no qual o patógeno circulou antes de ser transmitido aos homens e 3) a presença do patógeno em alimentos, principalmente congelados.
Transmissão através de um animal
Embarek afirmou que a hipótese mais provável para o início da pandemia é a da transmissão do vírus através de um animal intermediário. No entanto, o pesquisador admitiu que a teoria precisa de "investigações mais específicas e precisas?.
O chefe do painel de especialistas chinês, Liang Wannian, também confirmou que a revisão dos dados de mortes por pneumonia, tanto em Wuhan quanto na província de Hubei, de junho a dezembro de 2019, não mostram evidência de transmissão do Sars-Cov-2 na população antes de dezembro.
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Na semana passada, um dos membros da equipe, o especialista em doenças infecciosas Dominic Dwyer, disse que seriam necessários anos para entender completamente as origens da Covid-19.
Com informações da Folha de S.Paulo e do jornal O Globo
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