Instituto Pensar - Diretor do Inpe exonerado por Bolsonaro recebe prêmio por responsabilidade científica

Diretor do Inpe exonerado por Bolsonaro recebe prêmio por responsabilidade científica

por: Iara Vidal 


O físico Ricardo Galvão recebeu o prêmio internacional de Liberdade e Responsabilidade Científica. O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu a homenagem concedida pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAs) na segunda-feira (8). A entidade é equivalente à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) nos Estados Unidos.

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O pesquisador receberá o prêmio em uma cerimônia virtual nesta quarta-feira (10), durante a 187ª reunião anual da AAAs. O reconhecimento internacional do físico brasileiro ocorre um ano e meio depois dele ter sido exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na ocasião, Galvão defendeu os dados de desmatamento da Amazônia gerados pelo Inpe. 

Socialistas celebram prêmio concedido a Galvão 

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) , coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, celebrou o merecido reconhecimento de Ricardo Galvão pela comunidade científica internacional.

https://twitter.com/alessandromolon/status/1358901371832061953?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1358901371832061953%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.socialismocriativo.com.br%2Fdiretor-do-inpe-exonerado-por-bolsonaro-recebe-premio-por-responsabilidade-cientifica%2F

O deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), que também integra a Frente Parlamentar Ambientalista, da qual foi coordenador, parabeniza Ricardo Galvão pelo reconhecimento recebido.

"Parabenizo o professor Ricardo Galvão pela premiação 2021 de Liberdade e Responsabilidade Científica da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS). Essa distinção só é concedida a cientistas que demonstram liberdade científica em circunstâncias desafiadoras. Ele tem méritos inquestionáveis na área científica, serve como exemplo.?
Rodrigo Agostinho (PSB-SP)

Queda de braço entre ciência e negacionismo

O afastamento do ex-diretor do Inpe ocorreu em 2019, após ele protagonizar um episódio que despertou o mundo para a devastação que a Amazônia vinha sofrendo no primeiro ano da gestão Bolsonaro. 

Quando as informações do Inpe revelaram o crescente desmatamento na floresta amazônica, o presidente da República afirmou que os números eram mentirosos e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG?. 

O pesquisador reagiu, defendeu a ciência produzida pelo Inpe e seus pesquisadores e acusou Bolsonaro de tomar uma "atitude pusilânime e covarde?. Após duas semanas de embates, Galvão foi exonerado. Ele estava no Inpe desde 1970 e cumpria mandato à frente do órgão até 2020. Com a exoneração, ele voltou a atuar na USP.

Desmatamento em ritmo acelerado

Os dados produzidos pelo Inpe seguem mostrando mês a mês o aumento da devastação. Os números consolidados pelo sistema Prodes, que apontam a taxa oficial e anual de desmatamento, tiveram duas altas consecutivas em 2019 e 2020 ? no ano passado chegou ao maior valor desde 2008. 

Nos dois anos de gestão Bolsonaro, os alertas de desmatamento da Amazônia foram, em média, 82% superiores aos três anos anteriores ao seu governo.

Defesa da ciência

Ricardo Galvão relembrou a luta contra o negacionismo científico, contra a qual muitos cientistas brasileiros vêm lutando nos últimos anos. Desde que foi exonerado, o físico tem desempenhado papel de porta-voz em defesa da ciência e da proteção da Amazônia e é reconhecido no Brasil e no mundo.

"Como latino-americano, receber este prêmio é bastante significativo, não apenas para mim, mas também para muitos outros cientistas que, em diferentes ocasiões, reagiram bravamente às políticas negacionistas de líderes políticos poderosos, em particular no que diz respeito à preservação da Floresta Amazônica.?
Ricardo Galvão

Galvão também foi reconhecido em 2019 pela revista britânica Nature como uma das personalidades da ciência mundial, ao lado da adolescente sueca Greta Thunberg.

A AAAs concede a honraria anualmente, desde 1980, a "cientistas que demonstraram liberdade científica e / ou responsabilidade em circunstâncias particularmente desafiadoras, às vezes em risco para sua segurança profissional ou física?, conforme informou a instituição em seu site.

Já foram agraciados pela AAAs pesquisadores que atuaram, por exemplo, para proteger a saúde, a segurança ou o bem-estar público; ou lutaram pela defesa da liberdade profissional dos cientistas e engenheiros.

Com informações de O Estado de S.Paulo



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